Comissão de Cidadania e Direitos Humanos está apurando circunstâncias do óbito da jovem
Para entender as circunstâncias da morte de Aline Gonçalves, em julho deste ano, a Comissão de Cidadania e Direitos Humanos, da Câmara de Vereadores de Montenegro, através de sua presidente, vereadora Camila Carolina de Oliveira (Republicanos), solicitou uma reunião com a Secretaria Municipal de Saúde, Procuradoria Geral do Município e o Serviço de Atendimento Móvel de Saúde (Samu). Na tarde de quinta-feira, 19, o encontro aconteceu na Casa Legislativa com a presença dos representantes do Executivo, porém sem o comparecimento de pessoas ligadas ao Samu.
A morte da Aline gerou inúmeros questionamentos quanto ao atendimento que foi prestado a ela, tanto da SMS quanto da unidade local do Samu. Durante a reunião a secretária da Saúde, Cristina Reinheimer, deixou claro que a SMS está com uma sindicância em andamento para averiguar exatamente o que aconteceu.
Até o momento já foram ouvidos funcionários que estavam de plantão no dia em que a família alega que foi negado atendimento médico a Aline. Ainda falta ouvir os familiares que foram chamados, mas que não compareceram na SMS para dar os seus relatos dos fatos. “Todos os nossos funcionários foram ouvidos. Fizemos um levantamento de todos os atendimentos realizados naquele mês. E em nenhum momento consta o nome dela para ser atendida. Mesmo que ela chegasse sem documentos nós não negaríamos socorro. Não há essa possibilidade”, destacou a secretaria.
Segundo esclarecimento, o último atendimento prestado à Aline foi no dia 13 de maio, após uma suspeita de Covid-19. De lá para cá nenhuma outra assistência médica teria sido realizada para a jovem. “No nosso cadastro nós temos apenas uma Aline Gonçalves, justamente a moça que faleceu. Se ela desse apenas nome e sobrenome, na chegada ao P.A., ela teria sido atendida. Mas não foi isso que aconteceu. Não temos o registro de atendimento três dias antes de ela falecer. E, mesmo que houvesse mais de uma Aline com o mesmo sobrenome, poderíamos procurar pelo nome da mãe e data de nascimento. E não consta”, frisou Cristina.
De acordo com a vereadora Camila, é importante que se esclareça o que aconteceu. E, por isso, o prontuário médico seria vital neste caso. “Embora a pessoa que acompanhou Aline diga que foi negado, como não há o registro de entrada no P.A, precisamos ouvir os familiares – também – para entender o que pode ter ocorrido. Precisamos ouvir eles e ver se tem alguma coisa, algum documento comprovando que a Aline esteve na SMS e o atendimento foi negado. Queremos dar este direito a eles também. Ouvir eles”, salientou.
Em contato com a família de Aline Gonçalves, a reportagem do Jornal Ibiá foi informada que não é possível ter alguma informação na Secretaria, pois as funcionárias do local não efetuaram nenhum registro. “A gente ia ali com a carteirinha do SUS e não conseguimos atendimento. Elas pegavam na mão e falavam que não tinham como ela fazer uma consulta com a mãe, porque ela não tinha identidade”, diz a filha Lidiane Gonçalves. De acordo com Lidiane, as tentativas de consulta na Secretaria da Saúde ocorreram entre abril até julho, quando faleceu no início do mês.
Protocolos de atendimento
Durante a reunião foi destacado que há um protocolo no atendimento. Quando a pessoa chega na UBS, por exemplo, são pedidos diversos documentos tanto de identificação pessoal quanto residencial. Isso no primeiro atendimento. Após isso este paciente fica cadastrado no banco de dados da SMS. Já no Pronto Atendimento o procedimento é diferente. A pessoa pode ser atendida, mesmo que sem documentos como o cartão do SUS. “Todas as pessoas que chegam até nós, no P.A., são atendidas, não negamos atendimento”, diz Cristina. Em julho, por exemplo, foram mais de 100 pacientes com atendimento realizado nesta condição.