O advogado Douglas Hallam, de 75 anos, faleceu por volta das 15h50min da tarde de sábado, 24, no Hospital Unimed Vale do Caí, onde estava internado em coma induzido desde a madrugada do domingo passado, 18. Douglas foi vereador em Montenegro por dois mandatos, além disso, concorreu a deputado estadual, atuava na área da advocacia e, por 40 anos atuou no Sine. Famíliares e amigos lamentam a perda e destacam a generosidade como uma das principais características da sua personalidade.
Douglas deixa a esposa Maria Salete Klung, 53 anos, com quem teve um filho, hoje com 17 anos, e outros dois filhos do primeiro casamento. A viúva relata que os problemas de saúde já ocorriam há algum tempo. Douglas possuía apenas um rim, já há mais de 30 anos. No ano passado, o pai de família chegou a ficar internado 12 dias no HU, mas recuperou-se e voltou para suas atividades de rotina.
Desde o início do segundo semestre de 2018 a saúde de Douglas foi ficando mais frágil. Ele passou por um quadro de depressão e isso interferiu diretamente em seu estado. Maria salienta que a falta de ar e o cansaço foram os motivos da última internação hospitalar. Em coma induzido, ao longo dessa semana ele apresentou febre alta, água nos pulmões, ressecamento do rim e contraiu uma bactéria. O paciente passou por hemodiálise e logo no início do tratamento a família pensou que o resultado seria positivo, mas isso não ocorreu. “Eu e meu filho íamos no hospital várias vezes por dia e ele estava sempre do mesmo jeito. Estávamos nos preparando para o pior”, conta Maria Salete.
A companheira, com quem Douglas estava casado há 30 anos, afirma que o esposo era uma pessoa maravilhosa. “Foram anos de pura felicidade. Viajamos e aproveitamos muito. Ele foi um companheiro insubstituível”, afirma. Outra grande paixão do advogado foi o tradicionalismo. Sempre que podia, o gaúcho participava da programação da Semana Farroupilha. Como último desejo, há algumas semanas, ele pediu à família para que, caso viesse a falecer, a bandeira do Rio Grande do Sul fosse colocada sobre sua urna mortuária, e assim foi feito.
Gerson Lutz Hallam, 51 anos, seguiu os passos do pai na carreira profissional. O advogado se emociona ao falar sobre seu genitor. “Ele era um pai amoroso, amigo, carinhoso, e compreensivo”, relata. Esse tratamento também se aplicava aos outros dois filhos. Douglas também sonhava em ver o caçula conquistando o próprio espaço na advocacia. Seu anel ficou guardado para ser entregue ao jovem quando concluir o curso de Direito.
Valdo Silva, 58, era amigo de Douglas e sempre que a família precisava atuava como motorista. Ele lembra que quando veio do Rio de Janeiro para morar em Montenegro, contou com grande apoio de Douglas. “Ele conhecia muita gente e me indicava para vários trabalhos. Era o tipo de pessoa que se te visse com frio tirava o próprio casaco e te dava, era muito generoso”, destaca. Foi Valdo que levou Douglas para o Hospital na semana passada, o que ele não esperava era que aquela seria a última carona dada a um de seus melhores amigos.
O sepultamento ocorreu às 16h de ontem no cemitério municipal.
A carreira de Douglas Hallam
Atualmente Douglas atuava como Coordenador do Sine de Montenegro, instituição onde começou a trabalhar em 1979, passando pelos cargos de coordenador e coordenador Estadual. Ele também atuava como advogado e presidente do Conselho Municipal do Idoso. Nas décadas de 1980 e 1990, tornou-se conhecido na cidade por sua atuação política. Ele foi vereador de 1983 até 1998 e de 1989 a 1992, pelo antigo Partido Democrático Social (PDS), na época foi um dos líderes do Governo Erni Heller na Câmara de Vereadores. No Governo Adolpho Schüler Neto e Ubirajara Rezende, foi vereador pelo Partido da Frente Liberal (PFL).
Segundo Maria, o Sine sempre foi a grande paixão da vida de Douglas. O afastamento da Política se deu principalmente por questões de saúde, contudo ele orgulhava-se em ter deixado seu nome escrito na história do município. “O maior orgulho dele era ter sido um político honesto”, finaliza a viúva.