Sacerdote atuou na Paróquia São João Batista nas décadas de 70 e 80
Nesta quinta-feira, dia 19 de julho, faleceu o padre Hugo Büttenbender, aos 80 anos. Internado no Hospital Moinhos de Vento, em Porto Alegre, há cerca de 40 dias, Hugo morreu por volta das 11h. Ele servia como vigário paroquial no Santuário Nossa Senhora do Rosário, no Centro Histórico da Capital. No dia 7 deste mês, o sacerdote completou 55 anos de evangelização. Hugo foi pároco da Paróquia São João Batista de Montenegro nas décadas de 70 e 80. O sepultamento ocorreu em Morro Reuter, no Vale do Paranhana, onde vive sua família.
Quem conviveu com ele conta que Padre Hugo era uma pessoa tranquila, de voz mansa, que não perdia a oportunidade de contar uns “causos”. Herdou o bom humor e a criatividade do pai, assim como a serenidade da mãe. Durante as férias de verão, na infância, ele ouvia um primo falar, com muita alegria, sobre a vida no seminário. Isso foi, aos poucos, despertando a curiosidade do menino. Aos 12 anos, em meio à colheita de ervilhas na cidade de Morro Reuter, ele disse aos pais: “eu quero ser padre”.
Ordenada em 1962, a turma de Hugo era chamada de “os padres do Concílio”, pois se formaram em meio às mudanças do Concílio Vaticano II, que alterou a relação entre a Igreja e o povo. A primeira casa de Hugo após a ordenação foi o Seminário de Bom Princípio, que dirigiu por cinco anos e ajudou a erguer um novo prédio. Depois, foi transferido para o município de Riozinho, no Vale do Paranhana. Lá, o sacerdote aprendeu na prática o que significa simplicidade. “Havia localidades onde 80% dos fiéis eram analfabetos. Eu ia para as capelas a cavalo”, lembrou, durante uma entrevista ao Ibiá em 2007.
Em 1974, o arcebispo Dom Vicente Scherer disse que precisava de Hugo em Montenegro. “Fiquei de boca aberta”, lembrou o padre, assustado pelo fato de a comunidade do Vale do Caí já possuir ares de cidade grande.
Um dos primeiros desafios impostos a Hugo em Montenegro foi criar um conselho, que ajudasse a erguer a nova casa paroquial. A residência do sacerdote, localizada em frente ao Colégio São João Batista (onde hoje funciona o Correio), era distante da Igreja e apresentava muitas deficiências. Um ano depois, a nova casa estava de pé, e padre Hugo se concentrou em obras na Igreja, como a conclusão do centro catequético.
Depois de trabalhar na parte estrutural, o religioso passou a se dedicar à pastoral. Devido à implantação do Encontro Pastoral e do Cursilho, as portas se abriram para vários outros movimentos. Com o auxílio da Igreja Luterana, o sacerdote também passou a oferecer o curso de noivos em Montenegro.
Na entrevista, há dez anos, o padre lembrou com carinho das missas na Matriz São João Batista. “O povo era fiel, tomado por um entusiasmo que vi em poucos lugares”, recordou. “Em Montenegro, foi onde mais aprendi.” Além do carinho pela cidade e pelos montenegrinos, padre Hugo levou consigo outra coisa: a devoção por São João Batista, a quem sempre pedia intercessão.
Quando estava há quase 10 anos em Montenegro, em uma reunião de padres na Fazenda Chaleira Preta, o bispo deu a Hugo uma nova missão. Pediu que ele fosse para Porto Alegre, na paróquia Divino Espírito Santo, onde ficou por 20 anos. No dia da posse, lá na capital, um fato emocionou o sacerdote. Havia mais montenegrinos do que portoalegrenses na Igreja. O então prefeito de Montenegro, Erni Heller, que não era nem católico, assinou o documento de posse do padre.