Produtor Ismael Ulrich optou pelo cultivo em substrato, que favorece controle de pragas
Que Montenegro é a terra da Bergamota, ninguém duvida. Mas com o emprego de novas tecnologias, outras culturas vão emergindo em meio aos citros. Foi após um tratamento médico que o produtor Ismael Ulrich decidiu optar pelos morangos em substrato, técnica de cultivo similar à hidroponia. Isso porque ele queria continuar no campo e o manejo do
morango, nessas condições, exige bem menos esforço do que o necessário com as bergamotas, por exemplo. “Com a estufa, é bom de trabalhar, a gente sofre menos e a área é pequena, de 400 metros quadrados. E eu posso cuidar sozinho”, aponta o produtor.
O investimento inicial foi alto, acima de R$ 20 mil. Foi preciso fazer um financiamento para erguer a estufa, comprar bombas de água, sacos para colocar as mudas, o substrato e o humus, além dos nutrientes e as plantas efetivamente. O respaldo financeiro para investir em uma nova cultura veio dos citros, conta Ulrich. “Tenho sociedade em pomar de citros, essa ainda é a minha principal fonte de renda na propriedade”, afirma.
A construção da estrutura teve início no fim do ano passado e o plantio ocorreu em fevereiro. A primeira colheita já começou. “A vantagem do morango em substrato é que o investimento te dá retorno em quatro meses”, ressalta Ulrich.
Hoje ele tem mudas em dois estágios. As variedades nacionais, adquiridas em Farroupilha, estão sendo colhidas enquanto que as mudas importadas da Patagônia, da variedade San Andréas, devem produzir frutos em setembro, pois foram cultivadas há cerca de 30 dias. “A variedade Albion é grande e doce. A que veio da Argentina é um pouco menor e menos doce, mas rende mais por mudas”, explica o produtor.
Investimento com retorno rápido, mas sem aventuras
Quanto ao rendimento, Ismael ainda não pode precisar, pois está na primeira safra, mas há mudas que podem render até um quilo de morango, segundo o agricultor. Em toda a área cultivada ao lado da casa, foram plantados 4.000 pés de morango das duas variedades. Hoje ele coloca o produto no mercado a um preço de R$ 15,00 por quilo. “Isso já me rende mais que algumas variedades de citros na safra deste ano”, contabiliza.
A extensionista da Emater Luisa Campos diz que a técnica de morango em substrato é uma das mais utilizadas no Vale do Caí e no do Taquari. O substrato em si é à base de casca de arroz e Húmus. Os canos conduzem a água e os nutrientes para as plantas. “As mudas são específicas para essa técnica e a vantagem é o controle de pragas mais efetivo”, explica Luisa.
Para o controle de pragas, o produtor utiliza produtos biológicos e outros naturais, produzidos em casa mesmo para aplicar nas folhas. E das frutas que não atingem padrão para o consumo in natura, quem prepara deliciosas receitas à base de morango é a namorada de Ismael, Angélica Vogt. “Ela faz geléias, testa receitas de bolo”, diz, em tom ao animado. Quanto ao futuro da área, ele avalia que, se houver procura, deve ampliar o investimento. “Isso ainda vamos analisar. Por hora, é uma área experimental, estamos aprendendo ainda”, sentencia.
E para quem quiser investir nesse segmento, Ismael diz que o aconselhável é ter sempre uma reta-guarda, no caso dele, os 28 hectares com citros. “É bom para diversificar, mas não dá pra arriscar sem ter uma segurança, como tenho nos citros”, finaliza.