Local conhecido pelo depósito de podas de árvores agora acumula também eletrônicos estragados e animais mortos
Um lugar confortável, pacífico e limpo. Essas são condições que todos querem em seus bairros. Na rua Porto Alegre, no Germano Henke, o desejo não é diferente. Infelizmente, a realidade é outra e o problema começa quando a própria comunidade não colabora. Devido a inúmeros depósitos irregulares, uma espécie de lixão foi criada.
Moradores que residem há mais de 20 anos na região contam que o local sempre foi utilizado para colocar as podas de árvores e a sujeira recolhida da limpeza de jardins, mas comentam que, nos últimos dois anos, alguns vizinhos começaram a descartar outros tipos de materiais. O Ibiá repassou as questões para a Secretaria Municipal de Meio Ambiente. Entretanto, até o fechamento desta edição, não houve respostas.
A moradora Neuza de Lima Reinheimer, de 50 anos, reside ao lado do depósito irregular e diz que o mau cheiro é o que mais incomoda. Ela mora no local há 26 anos e afirma que a situação sempre foi aceitável, já que havia apenas o descarte de restos de árvores. “Há cerca de dois anos atrás, começaram a trazer animais mortos e simplesmente deixar ali, em cima de tudo. No verão, principalmente, é um horror”, diz. A situação é tão desconfortável que ela não se sente à vontade para descansar na varanda da casa. “Meu marido construiu um muro e isso evita um pouco o odor, mas é ruim”, completa.
Neuza garante que a culpa não é dos coletores de lixo, mas dos moradores do bairro. E assegura que quem reside na Rua Porto Alegre deposita ali apenas galhos. “Esse lixo todo os lixeiros recolhem nas casas. O caminhão passa uma vez por semana, mas muita gente prefere largar ali e isso não pode continuar assim”, desabafa.
Para Maria de Lurdes, de 66, o principal problema também é o descarte de animais mortos. Ela mora bem perto do local e diz que já viu vizinhos carregando os bichos até o lixão. “O mau cheiro é insuportável e a gente nem sabe mais o que fazer porque não tem fiscalização. Ainda passa vergonha quando recebe visita”, comenta. Maria acredita que dois contêineres grandes diminuiriam os descartes incorretos. Um seria para podas e outro para entulhos de construção.
Outra preocupação de Maria é quanto à água parada. A alguns metros do depósito, passa um riacho. “Quando tem muito lixo, começa a cair para dentro da vertente e a água não circula. Tenho medo da proliferação do mosquito da Dengue (Aedes Aegypt) por aqui”, diz. A reprodução de ratos, baratas e aranhas já está crescendo no local e Maria lembra que tudo começou há cerca de dois anos. “Moro há 24 anos aqui e a Prefeitura sempre recolhia as podas. Faz dois anos que pararam e aí a coisa fugiu do controle”, desabafa.
Casal aponta falta de respeito da comunidade
Vera, 57, e Paulo Souza, 58, vivem na localidade há 30 anos e apontam que é a primeira vez que passam por essa situação. Paulo conta que todos os moradores sempre colocavam as suas podas e restos de limpezas, feitas em jardins, no local e mensalmente uma equipe da Prefeitura coletava o material. “Faz dois anos que não vêm. Quando fui lá pedir a volta do serviço, apenas me informaram que não era para colocar mais as podas no local. Mas vamos colocar onde?”, questiona.
Vera lembra ainda que muitos usam o trecho para chegar a suas propriedades rurais. Como eles possuem cavalo e charrete, a passagem ainda é tranquila, mas para quem precisa passar de trator, se torna apertado. “Nós precisamos que recolham esse lixo e que resolvam a nossa situação. Se não pode mais colocar ali, tranquilo, vamos respeitar, mas precisamos de um lugar para colocar. Ou será que vamos ter que queimar e incomodar nossos vizinhos?”, questiona.
Mesmo com a falta de coleta, o casal reconhece que a situação seria bem diferente se a comunidade descartasse apenas as podas no local. “A gente sabe que não é pessoal daqui. Tem gente de outras ruas trazendo lixo doméstico e restos de construção”, afirma Paulo. O pedido do casal e da vizinhança é para que a Prefeitura visite o local para ver a situação e discutir alternativas.