INUNDAÇÃO. Chuva foi atípica, mas afetados apontam alguns problemas
Pela avaliação da Secretaria de Meio Ambiente de Montenegro, a causa da inundação da rua Cristo Redentor, e parte da Dos Imigrantes, foi devido à grande vazão pelo córrego que corta aquela área do bairro Santa Rita. A catástrofe que trouxe prejuízos substanciais a dezenas de famílias aconteceu durante o vendaval da noite de terça-feira, 16, que registrou acumulado de 56,4 milímetros em uma hora e meia.
Segundo a Defesa Civil, esta medida é quase o normal de precipitação para um mês, que pode variar entre 60 ou máxima de 120 milímetros. “Tivemos quase 25% a 30% deste percentual em uma hora e meia”, observa o chefe da Defesa, Clóvis Pereira.
Em relação à origem da “onda que varreu” a comunidade, a pasta de Meio Ambiente fez avaliações in loco. “Verificarmos o córrego, verificamos a proximidade com as residências, o que, porventura, em grandes enxurradas, pode ocasionar o alagamento”, informou Rubem Tomasi, assessor Especial da pasta. Ainda segundo o servidor, este também seria relato dos moradores. Entre os entrevistados do Ibiá, em lives pelo Instagram na manhã da quarta-feira, 17, o aposentado Valdir Ribeiro, 50 anos, confirmou essa teoria. A divisa de seu quintal é com o afluente do arroio São Miguel, ponto a partir do qual viu a água chegar.
A inundação também foi relatada por moradores do Senai/Esperança, como na Rua dos Sinos; com manifestações a respeito de entupimento de rede de esgoto e assoreamento de cursos d’água, inclusive do São Miguel. Através da Assessoria de Comunicação (Acom), o secretário de Serviços Urbanos, Neri de Mello Pena, garantiu planos de desassoreamento do São Miguel “nas próximas semanas”.
As equipes da Prefeitura estiveram no bairro durante aquela madrugada e retornaram no dia seguinte. Na tarde de ontem, a Acom informou que a Prefeitura doará material de construção para aqueles que tiveram danos estruturais nas casas. Inclusive, algumas já haviam sido reparadas.
Moradores falam sobre açude de peixes
Ao retornar nesta quinta-feira, a reportagem ouviu dos moradores, novamente, que deve ter havido transbordamento de açude (não da indústria vizinha); sendo que foram encontrados peixes dentro dos pátios e em uma piscina. Os próprios vistoriam a redondeza, e verificaram que a vazão extraordinária veio da direção de Passo da Serra e cruzou a RSC-124, antes de entrar na comunidade.
A situação mais grave na Dos Imigrantes foi da família Leite. Maura, 45, viu “um dilúvio” chegar pelos fundos do pátio (rua Cristo Redentor), arrastando um muro do vizinho e se acumulando contra a parede da cozinha. A moradora apenas conseguiu pegar as filhas, de 4 e de 20 anos, e correr para frente (rua Dos Imigrantes), e a parede foi abaixo, invadindo todos os cômodos. O esposo Luiz Carlos, 40, foi chamado no trabalho, mas quando chegou já não havia o que fazer. O secretário Cabelo teria se comprometido com a construção de bueiro para que a água não entre mais pelo quintal.
Empreendedor perdeu seu investimento
Claudinei de Oliveira Soares, 34, e a esposa Adriana, abriram delivery de hambúrguer há cerca de 9 meses. A onda que repentinamente cruzou a residência inundandou o trailer que ficava na frente e a cozinha comercial nos fundos. Os empreendedores contabilizavam a perda de todos os ingredientes perecíveis, embalagens e ao menos duas de três geladeiras. Na tarde de quinta-feira afirmaram que ninguém da Prefeitura havia lhes procurado.
Marsul prova não ter responsabilidade
A Secretaria Municipal de Meio Ambiente confirma que não há sinais que a inundação tenha sido gerada pela empresa Marsul. A vistoria, na tarde de quarta-feira, 17, foi solicitada pela Defesa Civil de Montenegro, após relatos de moradores. “Pela averiguação realizada no local, não há quaisquer indícios de que possível alagamento no entorno da Empresa Marsul seja oriundo de suas lagoas de estabilização de efluentes”, conclui relatório, assinada pelo secretário, Ronei dos Santos Cavalheiro.
Ajuda as vítimas
No serviço CRAS (rua La Salle, bairro Municipal) são entregues colchões, roupas e materiais de limpeza. No local também são recebidas doações de lonas e alimentos não perecíveis para as vítimas
Entrega de atestados
A emissão de atestados para quem faltou no trabalho por causa do temporal é na Secretaria Municipal Desenvolvimento Econômico (rua Capitão Porfírio, Centro, ao lado do Imec), das 7 e 13 horas. É necessário entregar RG, CPF e comprovante de endereço. O serviço encerra na segunda-feira, 22.