Medo. Secretaria do Meio Ambiente não confirma o uso de explosivo, mas moradores de Passo da Serra estão assustados e temem por sua segurança
O morador da localidade de Passo da Serra Juarez Castro está assustado com os frequentes tremores que vêm percebendo na região onde reside, próximo da ERS-411, em Montenegro. Segundo ele, são frequentes os barulhos de explosões em um empresa mineradora, localizada a poucos quilômetros de sua casa. Embora a secretaria municipal de Meio Ambiente tenha informado, na semana passada, que as licenças da empresa estão em ordem e que a mesma não utiliza explosivos na extração da sua matéria-prima, seu Juarez não se conforma com a explicação, ou melhor, com a falta dela sobre um forte tremor sentido na terça-feira da semana passada, por volta das 17h50min.
O cidadão, assim como vários outros montenegrinos, quer uma explicação mais detalhada sobre o que aconteceu naquela tarde. “Foi uma explosão de tremer o chão. Levantou uma nuvem de poeira, foi horrível”, lembra Juarez. Para ele, a empresa faz uso de dinamite em seu trabalho. “As explosões são feitas com ‘banana’ pode ter certeza”, afirma.
Juarez mostra várias rachaduras nas paredes da casa onde vive há 30 anos. Segundo ele, o estrago começou a ser causado quando começou a onda de tremores, em decorrência do trabalho feito na mineradora. “Eles estão exagerando no uso de material para fazer as detonações. A gente só quer que eles diminuam a quantidade de explosivos”, explica. “Eu tenho uma filha deficiente, tenho medo que algo possa acontecer dentro da minha casa e eu não esteja pra socorrê-la”, desabafa.
As rachaduras são vistas por fora e dentro da casa, o que para Juarez comprova que não se trata de problemas no reboco e sim algo mais profundo na estrutura do imóvel. “Minha casa foi construída com material bom e com um bom engenheiro, isso não é normal”, avalia. “Todo mundo reclama e não dá em nada. Todos os vizinhos estão apavorados, treme tudo aqui”, acrescenta.
Da última vez que o fato ocorreu, Letícia, que prefere não ter seu sobrenome publicado, estava lavando a louça e levou um tremendo susto. “Foi um baita barulho. Tremeu toda a casa”, complementa.
A reportagem entrou em contato com a assessoria de comunicação da Administração Municipal para marcar uma entrevista com o secretário de Meio Ambiente Adriano Chagas, mas ainda não teve retorno. Contatada, a empresa mineradora, por meio de um dos seus representantes, informou, extraoficialmente, que atende a todas as normas previstas em lei e que não há motivos para dar explicações.
A Fundação Gaúcha de Proteção Ambiental (Fepam) solicitou um laudo técnico à Secretaria Municipal de Meio Ambiente, entidade responsável pela liberação ambiental de funcionamento da mineradora. De acordo com o órgão, se houver indícios de irregularidades, a empresa pode ser multada ou até mesmo ter suas atividades suspensas.
A Fepam disponibiliza dois canais de denúncias aos cidadãos, o e-mail ([email protected]), pelo qual podem ser encaminhadas fotos, e o telefone 0800-0312146.