Montenegro se despede de Ubirajara Resende Mattana

Exemplo. Médico e ex-prefeito deixa legado de dedicação à comunidade

Montenegro perdeu na madrugada desta quinta-feira, dia 1º de dezembro, uma de suas maiores personalidades: Ubirajara Resende Mattana, o doutor Mattana – como era mais conhecido. O médico e ex-prefeito de Montenegro faleceu aos 89 anos, com quadro de falência múltipla de órgãos. Ele deixa uma filha, dois netos e três bisnetos. Mattana era viúvo, sua esposa, Yvone Maria Cosner Mattana, faleceu no ano passado.

A Prefeitura e a Câmara de Vereadores de Montenegro decretaram luto oficial de três dias. Após velório na Capela Mortuária São João, seu corpo foi sepultado em sua cidade natal, Caixas do Sul.

Formado pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR), mudou-se para Montenegro no dia 17 de janeiro de 1964, a convite de um colega que precisava de substituição. No fim, o colega não foi embora e Ubirajara também não, iniciando trajetória que eternizaria seu nome no Vale do Caí. Popular como médico de família, em 1988 foi convidado para ser candidato a vice-prefeito, vencendo ao lado de Adolfo Schüler Neto. No governo, foi encarregado da pasta da Saúde, onde criou o primeiro plantão 24 horas.

Mattana (de óculos) e Schüler Neto (braços erguidos) na transferência do cargo. Foto: Arquivo Jornal Ibiá

Em 1989 assumiu como prefeito após a renúncia de Adolfo Schüler Neto (que assumiu cargo no Governo Collor). Ficou conhecido como um prefeito visionário. Trabalhou para a cidade ter seu primeiro campus universitário (Unisinos) e implantou nas escolas os primeiros laboratórios de informática.

Após o final do mandato, Mattana voltou a clinicar e na década de 90 entrou na história do Hospital Montenegro (HM), onde foi superintendente e diretor do corpo clínico. No começo dos anos 2000 houve uma grave crise na instituição, e Mattana foi convidado a assumir novamente a direção. Com seu prestígio, liderou a busca por recursos, levando uma caravana de lideranças a Brasília.

Mattana também foi um dos fundadores da cooperativa Unimed Vale do Caí, em reunião que aconteceu em sua residência. Ao longo dos anos, o ex-prefeito também atuou no INSS. Em outubro de 2019, no Dia do Médico, o Conselho Regional de Medicina (Cremers) lhe concedeu a Medalha Mérito Médico por seus mais de 50 anos dedicados à medicina.

Médico Enrico Mattana lembra da medicina humanizada do avô, que atendia mesmo sem dinheiro. Foto na entrega do Medalha Mérito Médico com com Dr Cecchini. FOTO: Karine Viana/ Cremers

Adeus cheio de homenagens e lembranças
O adeus ao doutor Mattana foi repleto de homenagens e lembranças, condizentes com sua relevância. Nas redes sociais, entidades e pessoas revelavam gratidão, usando palavras como generosidade, dedicação e carinho.

Um dos netos, Enrico Mattana Müller, seguiu a mesma profissão do avô. “A gente brinca que sua casa era o Hospital Montenegro. Ele sempre teve muita paixão pela medicina, por ajudar o próximo”, definiu. De fato, foram 58 anos dedicados à casa de saúde montenegrina e regional. “Foi um médico excepcional. Só merece gratidão pelo que fez pelo HM”, declarou a atual presidente da Oase (mantenedora do Hospital), Eliane Maria Leser Daudt.

A preocupação com o bem-estar de todos foi, na visão do neto, o que motivou Mattana a entrar na política. Enrico afirma que o avô tinha vontade de melhorar a cidade onde viveu a maior parte de sua vida. “E ele nunca deixou de estar preocupado e nunca deixou de querer ajudar. Ele sempre conversou com prefeitos e com várias pessoas para tentar melhorar a nossa cidade”, lembrou.

Doutor Mattana (D) na inauguração da Traumatológia do HM em 1991, junto de Nadir Ilzi Borchardt Dias, então presidente da OASE, e do Doutor Bolze. Foto: Arquivo Jornal Ibiá

A importância do ex-prefeito foi lembrada pelo atual, Gustavo Zanatta. “O doutor Mattana foi um grande administrador e um ser humano admirável. Embora natural de Caxias do Sul, sua dedicação a Montenegro foi enorme e será sempre lembrada com saudades”, declarou.

O presidente da Câmara de Montenegro, vereador Talis Ferreira, lamentou a morte. “A cidade perdeu um grande cidadão. Mattana, além de médico, era um homem que ajudava a nossa cidade com suas ações de cidadania e ajuda ao próximo”, disse.

Médico 24 horas, amigo e honrado
Mattana foi daqueles tradicionais médicos de família, que atendiam na casa do paciente carregando uma valise. A própria presidente da Oase se lembra de chamá-lo durante noite para atender suas filhas. Eliane frisou a boa vontade de Mattana, classificando-o como gentil com todos, dedicado à medicina, aos pacientes e ao HM.

Ela recordou de recentemente sugerir ao amigo que se aposentasse, e recebeu uma resposta que não esquece. “E se meus pacientes precisarem de mim? Tenho que continuar trabalhando!”, declarou Mattana. Um comprometimento que honrou por mais de cinco décadas, ficando no HM mesmo após a Unimed sair para fundar o próprio hospital, e deixando o corpo clínico neste ano. E quando sua própria saúde falhou, exigiu ser internado no Hospital Montenegro, onde morreu ao nascer do dia 1º.

Últimas Notícias

Destaques