Montenegro registra recorde de casos ativos de Covid-19

Desde a notificação do primeiro caso, em 8 de abril, nunca Montenegro teve tantas pessoas contaminadas ao mesmo tempo pelo coronavírus como nesta quinta-feira, 12 de novembro. Na data, segundo boletim da Vigilância Epidemiológica, 332 pessoas estavam, paralelamente, contaminadas com o novo coronavírus. O número preocupa pois o caso, enquanto considerado ativo, tem potencial de contaminar outras pessoas ou de precisar atendimento na rede de saúde.

“Acreditamos que grande parte da população relaxou as medidas de controle”, colocou a Vigilância do Município em e-mail enviado à reportagem. “Muitos serviços e atividades foram liberados, mudanças de bandeiras. Isso faz criar uma sensação de que não está tendo circulação de vírus e muitas pessoas pararam de se cuidar. Observamos pessoas sem máscaras em estabelecimentos e circulando pela rua, aglomerações em finais de semana.”


O pico de casos ativos, como mostra o gráfico, chega após uma sequência de quedas. O maior registro de doentes, anteriormente, tinha sido em 23 de setembro, com 311 pessoas. A queda se deu até 23 de outubro, quando se registravam 226 casos ativos, um patamar que havia sido ultrapassado lá em agosto.

A maior parte dos contaminados ainda é de adultos entre 30 e 39 anos de idade e, felizmente, que não representam casos graves da doença. “Conforme nosso painel epidemiológico, estamos acompanhando os positivos e conforme os indicadores, a maioria apresenta síndrome gripal com sintomas leves”, aponta a Vigilância Epidemiológica.

O número de dias entre a data da notificação e a data de alta – período em que o caso é considerado ativo – varia de acordo com a evolução da doença. Para a maioria, é uma janela de dez dias, até a não apresentação de sintomas. Mas o cálculo é diferente em relação aos pacientes que acabam tendo que ser internados, onde o caso permanece considerado ativo por cerca de 20 dias.

Tendo testado cerca de 10% da população montenegrina, a Vigilância reforça que não é hora de afrouxar os cuidados, especialmente num período de flexibilizações. “Sabemos que existe um grupo grande de pessoas não testadas que podem ser portadores assintomáticos.Os cuidados e protocolos de saúde devem ser mantidos, como distanciamento de outras pessoas, evitar contato, higiene das mãos e uso de máscara”, pontua.

UTI Covid do HM já foi fechada, mas há preocupação
Em julho, o Estado habilitou seis leitos de UTI no Hospital Montenegro (HM) para formar uma UTI Covid. A instituição já tinha outros dez leitos “convencionais”. Com os seis novos, tornou-se referência para o tratamento, recebendo pacientes de todo o Estado. A habilitação durou 90 dias e terminou em 18 de outubro. Com o Rio Grande do Sul vivendo período de baixa de internações, a UTI Covid montenegrina foi fechada.

O hospital segue com capacidade de receber pacientes da região com a doença, inclusive estando preparado com leitos de isolamento, mas os casos graves, agora, ao invés de virem para cá, são transferidos daqui para outros hospitais que seguem como referência. “Até porque nos hospitais que atendem SUS em Porto Alegre ou região, os leitos continuam com números de internações bem baixos, então acredito que eles consigam absorver boa parte desses pacientes”, comenta o responsável pelo Controle de Infecção do HM, o enfermeiro Diogo Bonini.

Mas a alta dos casos verificada nos últimos dias já preocupa. “Estamos vendo uma nova onda de internações e atendimentos. O pessoal, com certeza, já deixou de se cuidar acreditando, talvez, que quem pegou, pegou; e que quem não pegou, não será acometido pelo vírus”, alerta o enfermeiro.

No que tange aos casos ativos, Bonini explica que o tempo de desenvolvimento da doença até uma possível necessidade de internação, em complicações mais graves, varia de pessoa para pessoa. “Temos recebido pacientes que, logo no início dos sintomas, pelo segundo ou terceiro dia, procuram atendimento e necessitam internação, geralmente precisando de algum suporte ventilatório”, coloca. “E também tem pacientes já com dez, quinze dias de sintomas, que chegam pra nós com uma piora bem importante, já positivos.”

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