Ao ano. Apicultura é a atual opção de 33 produtores montenegrinos. Fomos conhecer um deles
“Às vezes, elas ficam meio nervosas. Aí vocês se preparam”, alerta o produtor de mel à reportagem enquanto se apronta para se aproximar de suas abelhas. Com mel até no nome, Marco de Mello vive no Itacolumi e é um dos 33 apicultores de Montenegro. Devidamente equipado com um macacão, o véu e um fumegador para acalmar os animais – cujo produto é doce, mas a personalidade nem tanto – ele abriu sua produção ao Agricultura Mais para demonstrar a rotina de uma propriedade do tipo.
Segundo levantamento da secretaria municipal de Desenvolvimento Rural, a apicultura tem considerável força no município. Dentro das produções registradas estão 1.302 colméias (ou caixas) cheias de abelhas e que têm produção média anual de 11.745 quilos de mel. A cultura é bastante espalhada pelo interior, em localidades como Pesqueiro e Fortaleza, e também é prática da área urbana, com um produtor registrado no bairro Cinco de Maio.
No Itacolumi, Marco tem produção de porte pequeno. São 18 caixas que ficam no trecho da propriedade de um conhecido que lhe cedeu o espaço. Por causa das abelhas, que não podem ficar próximas de ruídos altos e nem de residências, o local é mais afastado. De cada caixa sai de 10 a 12 quilos de mel por colheita. Em boas safras, o apicultor conta que é possível colher o mel até 3 vezes, chegando em uma produção anual de mais de 500 quilos ao todo.
E já são 20 anos lidando com o produto. Ele conta que começou com os tios, que tinham abelhas e lhe ensinaram a lida. Pra iniciar na propriedade atual, ele mesmo fabricou cada caixa de acordo com o modelo padrão de 60 centímetros de comprimento, 30 de largura e 30 de altura. Dentro delas, foram colocadas iscas de cera laminadas – fornecidas pela Emater – para atrair os animais. E as abelhinhas vieram com tudo.
Marco estima que sejam milhares em cada caixa. “Em cada uma delas tem a abelha rainha, que é a responsável pela produção das ‘operárias’, que fazem o mel. Como as abelhas têm poucos dias de vida, a rainha tem que manter a produção da colméia em dia, então elas só põem e reproduzem”, explica o produtor.
Dentro de cada caixa, existem 11 caixilhos, que são estruturas onde as abelhas formam os favos, com a cera, e produzem o mel. Cabe às abelhas operárias irem até as flores para captar o néctar e o pólen. Voltando, elas expelem essas substâncias nos favos para a produção. Dependentes diretamente das plantas, é por isso que o sabor, a consistência e a coloração do mel pode variar de lugar para lugar. No Itacolumi, as plantações de eucalipto predominam como produção agrícola e são delas que as abelhas fazem uso. No mercado, em geral, costuma ser bastante valorizado o mel produzido com a laranjeira.
Ao produtor, por sua vez, cabe revisar periodicamente cada caixa e seus caixilhos. Se a cera dentro de algum dos caixilhos ficar seca ou pretear, ele precisa retirá-la por completo para que as abelhas criem a estrutura novamente. Marco sabe que o mel está pronto quando cada um dos favinhos estiver fechado. Nesse ponto, o caixilho é retirado e colocado em um tipo de centrífuga manual que, quando movimentada, faz cair todo o mel.
“O que produz, se consegue vender”, afirma o produtor
Marco de Mello garante que toda a produção de mel é facilmente absorvida pelo mercado local. Ele vende o quilo do produto por R$ 20,00. Empreendedor, o produtor também criou caixilhos personalizados em formato de coração ou com letras, permitindo que as abelhas formem os favos nos formatos especiais. Esses são vendidos por R$ 40,00. O favo no formato tradicional – retangular – custa R$ 25,00.
Com duas safras por ano, o produtor também tem propriedade diversificada, com a produção de hortaliças orgânicas e também de artesanato. Sobre os riscos da produção de mel, o apicultor destaca que é preciso proteger as caixas das formigas e das traças, que buscam atacar as colméias. Em tempos de frio ou muita chuva, há a necessidade de tratar os animais com um pouco de mel dissolvido em água.
As ferroadas, claro, também fazem parte do negócio. “Já levei bastante. Com 20 anos trabalhando com abelha, tu até vai criando anticorpos, mas, mesmo protegido, às vezes tu se descuida, aperta uma delas e elas dão uma picadinha”, ressalta o produtor, acostumado com o doído problema.
Agricultura Mais
O Ibiá está viajando pelos quatro cantos do município para conhecer mais sobre a diversificação da agricultura e da pecuária montenegrina. Com o projeto “Agricultura Mais”, conhecemos diferentes produções e também muita gente bacana. Tudo será mostrado aqui – na edição impressa e no portal do jornal – toda terça-feira. Vem ver com a gente um pouco mais da nossa Montenegro!