A chegada da estação mais quente do ano eleva consideravelmente o consumo de água no Vale. Com isso, devemos redobrar os cuidados e evitar o desperdício desse bem precioso. Em 2017, o Ibiá publicou uma reportagem referente ao desperdício de água em Montenegro. Na época, 39,37% do volume total de água disponibilizado no município era perdido. Felizmente, os índices vêm caindo a cada ano e, até setembro deste ano, a média em 2022 é de 31,77% de água perdida no município.
A Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan) esclarece que esse percentual não significa que 31,77% da água produzida pela empresa está indo “para o lixo”. O cálculo realizado é o seguinte: em Montenegro, a companhia tem duas estações de tratamento de água (ETA), são dois medidores. A água consumida durante o processo de produção representa cerca de 5%. “Isso não deveria estar considerado como água distribuída, não é desperdício, é insumo, material de consumo”, pontua Ângelo Marcelo Faro, engenheiro da Corsan.
Além disso, atualmente são 18 mil medidores individuais (equipamentos mecânicos) no município. “Quando a Corsan compra esses medidores, já pede para o fabricante que ele venha, ou com erro zero, ou com erro pró-usuário. Acaba sendo prejuízo para a empresa, e ele é admissível com erro de até 5%. A cada ano de uso, que fica instalado, ele pode perder na precisão dele de 5 a 10% de prejuízo. Ele mede menos”, explica Faro.
A diferença que cada relógio não mede – ou mede a menos – é água que a Corsan produz na estação e, na hora de vender, acaba não vendendo. “Entreguei a água nas casas e os medidores não registraram isso. Aí tenho uma média de 15%, só por causa da calibração do medidor. É água que foi para as casas, foi consumido e a gente não cobrou. Isso é conhecimento nosso”, complementa o engenheiro.
Essas perdas, que somam em média 20%, são consideradas perdas financeiras. A partir daí, passa a ser perda real, até chegar no percentual de 31,77% deste ano, por exemplo. Esses quase 12% que “faltam” no cálculo são de vazamentos, furtos e rompimentos. “Dificilmente vai baixar dos 20%. A gente tem que desconfiar quando está baixo demais. Uma perda de 35 a 40% é excessiva, significa que há muito vazamento ou hidrômetros errados e/ou estragados”, salienta Faro.
O engenheiro afirma que, individualmente (por residência), a população montenegrina tem desperdiçado menos água nos últimos anos. Faro alerta que comparar números inteiros de 2017 para 2022 não representa a realidade. Por isso, o índice é feito em porcentagem.
Média anual em Montenegro
2017 | 39,37% |
2018 | 33,26% |
2019 | 32,95% |
2020 | 30,49% |
2021 | 31,51% |
2022 (até setembro) | 31,77% |
Atenção para o consumo excessivo no final de ano
É importante frisar que, nos meses de inverno, a população consome menos água, em geral. Por conta do frio frio, as pessoas tomam menos banhos por dia, não enchem piscinas e, com grande volume de chuva, não é necessário molhar as plantas, lavar calçadas e carros com frequência.
Porém, no verão “a conta chega”. As pessoas tomam de dois a três banhos diariamente, enchem a piscina e consomem mais água. “Os meses de novembro e dezembro são os mais complicados para nós. Janeiro já não há mais problemas. Nos últimos dois meses do ano, as pessoas estão lavando e limpando suas piscinas, lavando a casa para as festas de final de ano, lavando mais roupas, lavando o carro para viajar. Até o Natal, é a pior época de abastecimento para nós, o pico máximo de consumo”, enfatiza.
“Um consome pelo outro. Então, é o que a gente sempre pede: façam o uso consciente da água. Não quero vender para o X e não atender ao Y. Quero ter água igual para os dois. Queremos atender a todos”, completa Faro.