Montenegrinos reclamam das más condições dos abrigos de ônibus

Falta de cobertura e de limpeza são algumas das queixas relatadas pela população. Alguns abrigos chegam a colocar em risco os usuários do transporte público

A falta de manutenção de alguns abrigos de ônibus de Montenegro tem causado preocupação aos usuários do transporte público local. Existe abrigo sem cobertura, outro prestes a desmoronar e ainda há o risco causado em locais onde a parada de ônibus está “no meio do mato”.

Se não fosse a sombra da árvore, a cuidadora de idosos Sílvia Souza, 53 anos, teria de enfrentar de forma direta o calor de mais de 30° enquanto espera o ônibus. O abrigo, localizado na rua Torbjorn Weibull, no bairro Timbaúva, onde ela espera o transporte para se deslocar até o Centro da cidade, teve sua cobertura arrancada. Agora, resta apenas a estrutura de ferros que segura um banco. Por lá, entre sentar-se ao sol ou ficar em pé à sombra da árvore, a segunda opção é a mais adotada por aqueles que esperam ônibus. A carência é sentida também nos dias de chuva. “É uma vergonha. É difícil dizer o que é pior nessa parada, se enfrentar o sol ou a chuva. A situação é precária”, comenta a usuária.

Sílvia mora na Travessa Steigleder, no bairro Cinco de Maio, e relata que por lá também existem problema relacionados aos abrigos, “Lá tem cobertura, mas não tem banco. Isso é uma falta de consideração com as pessoas. A gente vai em outras cidades e vê paradas boas, feitas com pouco investimento”, comenta.

Se na Timbaúva falta cobertura e no Cinco de Maio não tem banco, pior é a situação em um ponto de embarque e desembarque na rua dos Hibiscos, no bairro Estação. O temporal que atingiu a cidade no dia primeiro de outubro do ano passado destruiu o abrigo. Para quem não conhece o local, fica difícil saber que ali é um ponto de ônibus.

Valdir Borba, 46 anos, mora no bairro há 16 anos e relata que as condições dos abrigos estão cada vez piores. Mesmo com uma parada a poucos metros da sua casa em dias de chuva ele precisa acordar mais cedo e se deslocar até a RS-124, para ter acesso a um abrigo enquanto aguarda o transporte.

“Estamos pedindo licença para as cobras”, indigna-se moradora do Estação

No Aeroclube, a situação não é das piores, afirma aposentada Nita Felipe. Mas ela gostaria que todos os abrigos estivessem em boas condições

Também no bairro Estação, a costureira Inês Dorneles, moradora da rua das Margaridas, está preocupada, pois o abrigo em frente a casa dela parece que vai desmoronar. “Eu tenho medo pela segurança dos estudantes que pegam o transporte escolar aqui. Não tem condições para as crianças ficarem aqui embaixo”, comenta a moradora. Não bastasse o risco oferecido pela estrutura, a falta de capina na área também desperta desconforto nos usuários. “Tem aranhas e a gente tem medo de encontrar cobras por aqui. Quando chove, tem gente que sobe no banco pra não se molhar e quando tem sol, a gente tem que pedir licença para as cobras e procurar sombra no meio do mato”, relata. Segundo a costureira, vários moradores do local já solicitaram melhorias para o ponto de ônibus, mas até agora nada foi feito.

Em outro ponto da cidade, a situação parece diferente. Na Estrada das Américas, no bairro Aeroclube, a maioria dos refúgios apresenta boas condições e a grama em volta está cortada. Contudo, basta andar um pouco mais pela via para perceber que nem tudo está perfeito. Moradores da rua União lamentam que o abrigo destinado à eles não esteja nas mesmas condições dos demais. A aposentada Nita Felipe, 68 anos, diz que não há muito à reclamar, tendo em vista que a situação dos abrigos melhorou nos últimos anos. Mesmo assim, gostaria de que os demais pontos da localidade também recebessem uma estrutura coberta. “O bairro poderia ter mais abrigos”, afirma.

Usuários pedem que abrigos sejam fechados nas laterais

Mesmo nos locais em que existe cobertura, há problemas nos dias de chuva

A diarista Ângela dos Santos, 36 anos, aguarda a condução para casa no abrigo localizado próximo à Estação Rodoviária de Montenegro. Com a pequena filha nos braços, ela está satisfeita por ter um banco disponível para sentar e um telhado para protegê-las da exposição às variações climáticas.
Ângela lembra que o local já foi um dos piores para embarque na cidade, “Agora está bom, não faz muito tempo que arrumaram. Antes, o telhado estava todo quebrado”, recorda. A única queixa da jovem se refere aos dias de chuva. Para ela, os abrigos da cidade deveriam ter as laterais fechadas, pois da forma como foram projetados não oferecem resguardo da chuva.

Ana Maria da Silva, 47 anos, também gostaria que os refúgios oferecessem mais segurança contra a chuva. “Esses abrigos não servem para nada. A gente enfrenta o sol de frente e se chove não tem como evitar de se molhar, a água vem pelos lados e por trás. Merecemos coisa melhor que isso”, cobra a cidadã.

Descarte de lixo no chão é o problema nos pontos do Centro

Mesmo com lixeiras a poucos metros, o lixo é jogado no chão

Nos abrigos de ônibus da rua João Pessoa, no Centro de Montenegro, as estruturas apresentam boas condições de uso. O problema constado nesses locais é o lixo deixado pela própria população. Até mesmo onde existem lixeiras próximas, tem gente que prefere deixar os objetos descartados jogados no chão.

Na rua Capitão Cruz a cena se repete. Contudo, no local de embarque próximo a rua Osvaldo Aranha, as lixeiras começam a ser usadas. Com isso o lixo, até então, jogado na via pública, passa a ser colocado no lugar mais apropriado.

Prefeitura diz que pretende padronizar os abrigos
Conforme o diretor de Transporte e Trânsito de Montenegro, Airton Vargas, a Administração Municipal estuda a padronização dos abrigos de ônibus e táxis, o que resultará em melhores condições para os usuários. Contudo, não informa prazos para colocação do projeto em prática.

Airton relata que a cidade conta com 220 pontos de embargue e desembargue, destes 120 com abrigos. A prioridade de instalação dos mesmos é definida pelo número de embarque. O diretor afirma que o departamento não possui abrigos em estoque, o que dificulta a substituição nos locais danificados.

Quanto a falta de capina nos pontos de embarque, não foi informado quando o serviço será feito.

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