Mato alto e montes de entulho jogados nas vias de diversos bairros estão no foco das reclamações de moradores
Deli de Oliveira Griebeler mora há anos na Rua Rotary Internacional, via que conecta um ponto a outro da Rua Buarque de Macedo. Apesar de ser uma via pública de pequena extensão, em três locais dela existem montes de entulho de obras e resíduos de podas colocados junto aos meios-fios. O trecho de paralelepípedo é repleto de remendos de asfalto e, também, brita e terra que, segundo Deli, sobraram de uma reforma recém-realizada em uma pracinha nas proximidades.
Ali, o mato cresce no meio da via, nas calçadas e no meio-fio. Para a moradora, a situação é de abandono — constatação que reflete a falta de atenção da Administração Pública e a falta de consideração dos vizinhos, ambos, segundo ela, responsáveis pelo mau estado. “Nós pagamos nossos impostos, mas a Prefeitura nos deixou a Deus dará. E a colaboração dos meus vizinhos está horrível. Aqui tá um lixo”, comenta. Deli conta que pagou uma pessoa para limpar a frente de sua residência, que é a mais limpa da localidade. Seu sentimento com a situação é de indignação.
“Com essa de sair prefeito e entrar prefeito, eu já nem sei o nome do que está, mas, pra mim, parece que nem tem prefeito em Montenegro”, desabafa. Ela relata que, por muitas vezes, fez contato com a Administração para que tomasse providências quanto a algum dos problemas da via. Chegou a conseguir que algumas visitas ocorressem, mas não houve uma ação efetiva. A cidadã lembra que, desde a reforma na pracinha da rótula local, as britas que se espalharam pela rua são levantadas pelos carros que passam e acabam em sua calçada.
O mesmo ocorre com a terra da obra em questão. “Eu entro de carro e levo um monte de terra pra dentro da garagem. Parece que eu vim da colônia”, aponta. Os montes de entulho dos vizinhos, segundo ela, também já viraram moda. “Eu e minhas filhas pagamos o IPTU à vista e a Prefeitura sabe que não é pouco. Mas a gente não é ouvido”, reitera. A montenegrina não está sozinha em suas reclamações.
Obras deixam calçadas intransitáveis
No bairro São Paulo, a falta de atenção do poder público com uma rua levou uma moradora a procurar o Jornal Ibiá para registrar sua indignação. Buscando evitar represálias dos vizinhos, a cidadã pediu para não ter seu nome identificado pela reportagem. Nas proximidades de sua residência, na rua Doutor Hans Varelmann, duas obras estão sendo realizadas. Entulhos e resíduos da empreitada ocupam as calçadas, tornando-as intransitáveis.
“Tem que ir para o meio da estrada para conseguir passar e o trânsito ali é enorme. É quase pior que o Centro. Será que a Prefeitura não vê nada disso?”, questiona.
Com mais de 70 anos, a moradora se orgulha de ainda poder caminhar normalmente, mas se preocupa com quem não pode e, ainda assim, precisa transitar pelo local.
A limpeza posterior às obras também é uma preocupação, visto que uma delas é uma terraplenagem, ou seja, lida com grandes quantidades de terra sendo retiradas. “Será que vão deixar esse barral na estrada?”, questiona a idosa.
Os tratores responsáveis pelo trabalho deixam rastros de resíduos e, com as chuvas, toda a terra corre para a via e também para a rede de esgoto. “Chove, põe a sujeirada tudo na frente das casas. E se alguém resbala e cai?”, reflete.
Prefeitura apresenta suas posições
Contatada pelo Jornal Ibiá, a Administração Municipal emitiu seu esclarecimentos por intermédio da Assessoria de Comunicação (ACOM).
A Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SMMA) informou que a limpeza de calçadas, conforme o Código de Obras e Posturas do Município, é de responsabilidade do morador da casa. O mesmo vale para os entulhos de obras, que devem ser recolhidos pelos proprietários dos terrenos. As duas situações são passíveis de multas, se constatadas irregularidades pelos fiscais da Secretaria Municipal de Obras e Posturas (Smop).
Foi informado, ainda, que a limpeza das vias, com a capina do mato, é feita por conta do Município e que o morador pode protocolar um pedido com a Prefeitura ou fazer um agendamento pelos telefones (51) 3649-5678 e (51) 3649-1829. Neste caso, a urgência da situação será analisada. Fora isso, há um cronograma de limpeza oficial que busca — salvo eventuais atrasos por intempéries — limpar dois bairros por mês. Neste ano, a enchente e o grande temporal que atingiu a cidade ocasionaram atrasos.
O secretário Rafael Almeida relata que a SMMA, com poucos recursos, está com menos veículos e sofreu com a diminuição do número de albergados que realizavam serviços pela secretaria. “Temos uma crise e a Secretaria de Meio Ambiente está sofrendo bastante com isso.” O titular da pasta afirma que, com a entrada do novo governo municipal, a SMMA passou por uma reavaliação para melhorar. A diretoria de limpeza da secretaria é responsável, além das vias, pela limpeza das 28 escolas municipais, a manutenção dos pátios dos prédios públicos e o serviço de podas, entre maio e agosto.
Sobre as reclamações, a Smop afirmou que o proprietário de um terreno em obras deve manter a calçada transitável aos pedestres. Quando a obra ultrapassar o limite da calçada, deve ser colocado um tapume (armação de madeira) para a contenção do material e o isolamento da área. Para o caso específico da terraplenagem da rua Doutor Hans Varelmann, será feita uma notificação ao proprietário, declarou o órgão.