Montenegrino morre no Rio, vítima do coronavírus

Faleceu neste sábado, dia 18, no Rio de Janeiro, o montenegrino Roque Dirceo Licks, de 80 anos, vítima da Covid-19. Mais velho de oito irmãos, incluindo os artistas Rogério e Augusto (guitarrista da banda Engenheiros do Hawaii), era filho dos comerciantes Otto e Irma. O casal foi por várias décadas proprietário do Armazém Licks, na Ramiro Barcelos, em frente ao Banco do Brasil. Roque deixa a esposa Helena, os filhos Otto e Gustavo e três netos.

De acordo com familiares, Roque estava doente há cerca de duas semanas e chegou a apresentar um quadro de melhora, mas voltou a piorar depois. Segundo a irmã Maria Elisabete, ele teve problemas renais como complicação do coronavírus. “Todos contavam com a recuperação porque ele não tinha grandes problemas de saúde. A morte dele foi uma infeliz surpresa”, revela.

Roque era graduado em Ciências Contábeis e Economia e fez carreira no sistema financeiro, trabalhando em bancos e outras empresas do segmento. Também foi professor universitário. Quando criança, vendia frutas e verduras na antiga estação rodoviária de Montenegro, ajudando a reforçar os ganhos da família, que vivia sem luxos. Exímio jogador de xadrez, a prática do esporte garantiu ao jovem um amplo círculo de amizades. “Ele chegou a ser campeão gaúcho”, orgulha-se Maria Elisabete.

A facilidade com que manejava os peões também abriu muito portas. Depois de uma experiência no banco Chase-Manhattan, em Porto Alegre, Roque foi convidado para trabalhar no Rio de Janeiro. Quando chegou à “cidade maravilhosa”, procurou clubes de xadrez para se enturmar e, mais uma vez, fez contatos e amizades que o ajudaram a prosperar. Ao longo dos anos, teve a chance de participar de torneios em diversos países, como Argentina, Alemanha e Estados Unidos.

Segundo Maria Elisabete, o irmão era não só um modelo, mas uma referência de segurança para a família. Quando os mais jovens saíram de casa para estudar e “fazer a vida”, sempre puderam contar com o apoio dele. “Nossos pais colocaram a nossa educação em primeiro lugar e nos incentivavam a aprender música”, explica. Roque não chegou a se profissionalizar neste campo, como Rogério e Augusto, mas era um apaixonado por arte e gostava de participar de leilões em busca das melhores peças.

Elisabete conta que, uma vez por ano, a família toda procura se reunir, geralmente em maio ou junho. “Embora esteja cada um num canto, nós nos amamos muito e estamos sempre em contato. O Roque é uma perda irreparável”, lamenta. Apesar da dor do momento, ela observa que as pessoas devem tomar muito cuidado porque o coronavírus é, realmente, uma doença terrível.

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