Montenegrino lança primeiro livro

Rio Caí é destaque na história baseada em relatos familiares

Foi em abril de 2021 quando o montenegrino Jacques Salvador Souza, 51, decidiu escrever um livro pela primeira vez. A ideia surgiu quando um caderninho manuscrito com relatos de sua mãe Leonidia de Azevedo Souza e avó materna Francisca Farias de Azevedo, guardado desde 1999, parecia interessante demais para estar empoeirado e esquecido. Devido à pandemia, em meio ao trabalho em casa, em um primeiro momento Jacques resolveu divulgar os relatos apenas para a família.

De blog fechado aos conhecidos, a ideia foi incrementada e, em abril deste ano, Jacques lançou o livro “Água da Mata”. A obra conta a história da família que se estabeleceu às margens do Rio Caí, com percalços e dificuldades retirados diretamente dos manuscritos da mãe de Jacques. A obra tem 96 páginas e foi lançada pela EST Editora, com ilustrações de Will Cava.

Ele conta que a história começa explicando a origem da palavra Caí, que dá nome ao rio que banha a Volta do Anacleto. Em Tupi, a palavra significa “água da mata” ou “água de macaco”, assim, surgiu o nome do livro. Ele adianta que um ponto interessante do livro é o trecho em que conta a parte da história de sua mãe, sétima filha de dez que nasceu durante a grande enchente de 1941.

Jacques descreve que muitos sentimentos se revezaram durante a escrita do livro. “Num primeiro momento houve a empolgação ao ver que a história estava sendo criada, que este projeto antigo estava tomando forma”, salienta. Em contrapartida, também houve dificuldades no caminho. “Às vezes, também senti impotência, no sentido de que nunca conseguiria resolver problemas, principalmente de roteiro, pois a história é feita de várias lembranças (flashbacks)”, reflete.

Mesmo assim, Jacques ressalta que nunca chegou perto de desistir da escrita da obra. “Apenas dei um tempo. Cheguei a ficar até uns 15 dias sem trabalhar no texto”, lembra. Mesmo com alguns percalços, descrever a rotina de dificuldades e problemas que a mãe e avó passaram quando mais jovens foi uma história e tanto. “Eu mesmo, ao escrever essa história, fiquei impressionado ao constatar que meu avô remava 80 quilômetros, muitas vezes contra a corrente, ou pior, a favor de correnteza forte, perigosa, todas as semanas”, reflete.

Jacques tinha, há um bom tempo, o desejo de destinar alguns exemplares da obra para escolas do município. Na última semana, fez a doação de 40 livros para a Biblioteca Pública Municipal Hélio Alves de Oliveira, que, posteriormente, devem ser devidamente destinados para instituições de ensino. A diretora da biblioteca Maria Terezinha Kraemer Canello, a Nica, afirma que os exemplares foram distribuídos, além de para a biblioteca pública, a do Telecentro, biblioteca do Sesc, Museu Literário, e o próximo passo é encaminhar alguns para a Secretaria Municipal de Educação e Cultura.

Para Jacques, as novas gerações sentirão vontade de saber como era a vida antes das grandes facilidades que as tecnologias propiciam. “Porque a curiosidade é inata ao ser humano”, diz. “Quem tiver a curiosidade de saber como era a vida em Volta do Anacleto no século passado, terá em “Água da Mata” um pequeno relato”, finaliza. Para adquirir o livro, basta entrar em contato com Jacques através do e-mail [email protected].

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