Espetáculo “No Natal Daquele Ano” será apresentado sábado, 8, na Estação da Cultura, e deve atrair grande público
Rotina apertada, apresentações em diferentes cidades, descoberta de novas culturas, desafios, superações e treinos frequentes. Assim tem sido o cotidiano da montenegrina Caroline Meurer dos Santos, integrante do Grupo Tholl, ao longo do último ano. Com apenas 21 anos, a jovem conta que o encantamento pelo Grupo nasceu após assistir a primeira apresentação.
E há quase nove meses, a partir de uma marcação no Facebook, ficou sabendo do Oficinão Caça Talentos realizado pela equipe. Ela fez o teste em Pelotas e, com grande felicidade, foi selecionada.
Precisou mudar de cidade, intensificar e agregar treinos e desbravar outros “territórios” da arte. “Eu sempre fui bailarina e o Tholl engloba o circo e várias áreas artísticas, não só a dança e o teatro. Então foram, e estão sendo, muitos desafios. Pela parte da teatralidade, a questão do clown (palhaço), a parte física”, relata.
Arriscando na acrobacia e fazendo academia três vezes por semana, Caroline diz que o Grupo viu nela, além de bailarina, a possibilidade de ser uma boa portô. “Que é quem levanta o volante. O portô, na verdade, é a pessoa maior, mais forte, que levanta os menores, que são mais acrobatas. Então preciso fazer todo um treinamento físico, que requer muitos exercícios, e estou tentando aprender um pouco de acrobacia”, afirma.
Entre as gratificações de fazer parte do Tholl, Caroline destaca a de ter como retorno o sorriso do público, além do reconhecimento de todo o trabalho e esforço. “Poder trabalhar profissionalmente com a arte, recebendo um salário e reconhecimento como artista, é maravilhoso. Ainda mais no nosso país, onde a arte não é muito valorizada e onde a cultura não é vista como prioridade”, destaca.
Em pouco tempo, novas experiências
Com o Tholl, a artista conheceu o Rio de Janeiro e diversas cidades do Estado e fora dele, de Santa Catarina e Amapá. “O tempo todo estamos conhecendo várias cidades. E muitas delas são municípios pequenos, que não têm acesso tão fácil à arte. Então isso é muito, muito gratificante”, aponta Caroline.
Com o sonho de artista cultivado desde cedo, a realização iniciou na dança. “Sempre gostei muito de dançar, desde pequena. E foi a partir de uma amiga de escola que fazia balé que surgiu o interesse. Achei muito legal e pedi para minha mãe. Um dia, antes do meu aniversário, ela chegou com uma sacola com roupas novas de balé, porque tinha conseguido uma vaga. Naquela época, era mais difícil, precisava ficar em uma fila para conseguir vaga”, relata Caroline, recordando o começo dessa história.
Durante 15 anos, a partir dos sete, a jovem estudou na Fundarte. “E transitei por várias danças: folclóricas, de CTG, danças brasileiras. E cada vez fui me apaixonando mais pela arte de uma forma geral”, revela.
Os treinos e aprendizados
Durante toda a semana, a artista se envolve em diversas atividades. Das 9h às 22h, o centro de treinamento do Tholl é sua morada. O treino do Grupo é diário, das 19h às 22h. “Mas durante o dia são oferecidas diversas aulas. Então, pela manhã, eu faço as de acrobacia e de cama elástica, isso quatro vezes pela semana. Todos os dias, à tarde, faço um aparelho chamado Quadrante Coreano, que o pessoal aqui acaba treinando. Eu me interessei e iniciei. Então basicamente eu fico das 9h às 22h dentro, treinando”, conta Caroline.
Com a amplitude de áreas que envolvem o circo, a artista precisa correr bastante atrás de técnicas que ainda não domina. “Para poder explorar o máximo de possibilidades que eu tenha para fazer parte dos espetáculos e contribuir muito com o Grupo”, diz.
A expectativa para o show em Montenegro é a melhor possível. Nascida e criada na cidade, conta que é aqui que muitos amigos e a família estão. “É muito bom poder retornar a Montenegro, fazendo parte do Grupo Tholl e mostrando que, sim, podemos viver da arte. Poder agradecer a quem sempre apoiou minha carreira, em especial, minha mãe. Ela sempre me disse: vai lá, filha, que você consegue, e me apoiou financeiramente”, relata.
O espetáculo
O Grupo Tholl chega a Montenegro com o espetáculo “No Natal Daquele Ano”. A apresentação acontece neste sábado, 8, na Estação da Cultura, às 20h30. A entrada é gratuita, mas é necessário levar cadeira para assistir sentado. A realização da atividade é do Sesc Montenegro e da Prefeitura Municipal.
“No Natal Daquele Ano” mostra a história de um menino que adora decorar a árvore de Natal e imaginar diversas surpresas com esse feito. Na noite do dia 24 de dezembro, ele tem um sonho especial. Então, ele embarca em uma viagem no universo mágico do circo. Os personagens deste sonho sempre trazem uma mensagem para fazer o bem e ajudar aos que mais precisam. Na peça teatral, até a árvore de Natal é um personagem e o Papai Noel é um pouco diferente do convencional.
O Tholl nasceu da iniciativa do diretor João Bachilli e de um grupo de amigos apaixonados pela arte circense, com o objetivo de aliar todo o aprendizado acrobático ao teatro e à dança, criando um grupo circense, um circo sem lona ou picadeiro, atuando em teatros e na rua.