“Minha maior superação foi voltar a jogar futebol”

Especial. Principal atração do Intermunicipal do Vale do Caí, ‘Coração Valente’ estará em Maratá neste domingo

Campeão brasileiro, gaúcho e japonês, artilheiro do Campeonato Paulista, do Brasileirão, da Copa do Brasil e do Campeonato Japonês. Passagem pela Seleção Brasileira e por grandes clubes do país, mais de 400 gols como profissional e uma história de superação incrível. Aposentado há seis anos, o brasiliense Washington Stecanela Cerqueira, mais conhecido como Coração Valente, é a grande atração do Campeonato Intermunicipal do Vale do Caí e estará em Maratá neste domingo.

Aos 42 anos, Washington é o destaque do São Pedro, de Vale Real, na competição. Depois de três adiamentos em virtude do mau tempo, a bola enfim vai rolar no campo da Macega neste final de semana para o confronto entre Maratá e São Pedro, válido pelo jogo de ida da segunda fase do torneio. Grande atração da partida, o Coração Valente estará pela primeira vez na cidade, que vem se recuperando aos poucos do vendaval da última semana.

Batalhador e goleador: essas características resumem a trajetória do ex-atacante no futebol. Washington iniciou a carreira profissional em 1993 com a camisa do Caxias, onde atuou por 130 vezes e marcou 66 gols. Depois, foi emprestado para o Inter, Grêmio (não chegou a jogar) e Ponte Preta, até ser contratado pelo Paraná Clube em 1999. Na equipe paranaense, anotou 20 gols em 30 partidas.

Após um ano em Curitiba, a Ponte Preta contratou o jogador novamente. Na segunda passagem em Campinas, empilhou 76 gols em três temporadas. O faro de gol do artilheiro chamou a atenção da comissão da Seleção Brasileira e também do futebol turco. Vestiu a amarelinha por nove oportunidades entre 2001 e 2002 e marcou dois gols. Em 2002, o atleta foi contratado pelo Fenerbahçe. Na Turquia, um exame diagnosticou que uma de suas artérias estava praticamente obstruída e que, por isso, o ex-centroavante corria o risco de sofrer um infarto.

Submetido a cirurgia cardíaca, Washington foi aconselhado a abandonar o futebol, mas contrariou todos. Em 2003, voltou ao Brasil e começou a treinar no Atlético-PR, dando sua volta por cima e sendo chamado por todos pelo apelido de Coração Valente. No clube paranaense, o jogador se tornou o maior artilheiro em uma única edição do Campeonato Brasileiro. Em 2004, balançou as redes 34 vezes.

Depois, atuou no Japão por três temporadas até ser contratado pelo Fluminense em 2008, ano em que foi vice-campeão da Libertadores da América e marcou 36 gols em 58 partidas. Nos dois anos seguintes, vestiu a camisa do São Paulo por 85 vezes e anotou 45 tentos.

Retornou ao Flu ainda em 2010 e conquistou o título do Campeonato Brasileiro. Foram oito gols marcados em 26 jogos nessa passagem. No início do ano seguinte, não chegou a um acordo com a diretoria do tricolor para renovar seu contrato e anunciou a aposentadoria. “Encerrei a carreira sendo campeão brasileiro”, destaca.

Momentos emblemáticos e o sonho de voltar ao futebol
Nos 18 anos em que atuou profissionalmente, Washington teve inúmeros momentos marcantes. O ex-jogador foi campeão por várias equipes, teve grandes treinadores durante a carreira, atuou ao lado e contra jogadores lendários do futebol brasileiro, e superou um grave problema cardíaco quando atuava na Turquia. “Foi um problema muito sério. Fiquei praticamente um ano e meio sem jogar. Cresci como pessoa e aprendi a valorizar tudo um pouco mais. Minha maior superação foi voltar a jogar futebol”, enfatiza.

Um dos maiores sentimentos atuais do jogador é a saudade. Seis anos após largar a bola (profissionalmente), o Coração Valente não esconde que sente falta de tudo. “Envolvimento, amizades, vestiário, tudo faz falta. Mas, o melhor momento é o jogo, as grandes decisões”, frisa.

O ex-atacante atuou por grandes times do país e também pela Seleção Brasileira

Além de muito empenho enquanto atleta, outro fator que fez Washington ser o grande jogador que foi é o comando técnico. Desde o início, o atacante foi treinado por comandantes de peso. “Tive grandes treinadores. No Caxias era o Tite, depois fui treinado por Muricy Ramalho, Felipão, Abel Braga, Vadão, Levir Culpi. Busquei adquirir experiência com todos”, afirma.

Por falar em treinadores, Washington sonha em voltar ao futebol justamente nesta função. “Minha vontade é ser técnico. Fiz cursos e estou me preparando para isso”, acrescenta.

Com passagens em grandes clubes, na Seleção Brasileira e na Ásia, fica difícil para o ex-atacante escolher os melhores jogadores que atuaram ao seu lado e as maiores conquistas dentro das quatro linhas. “Tive muitos momentos bons. Além dos títulos aqui (no Brasil) e no Japão, fui convocado pela Seleção Brasileira em 2001 e 2002. Joguei com grandes jogadores do futebol brasileiro, como Ronaldo, Cafu, Romário, Ronaldinho Gaúcho, Dagoberto, Conca, Dudu”, enaltece.

Dupla Gre-Nal, proximidade da família e o futebol de várzea
No início de sua trajetória como profissional, Washington teve passagens curtas por Inter e Grêmio. No tricolor, inclusive, nem chegou a jogar. No entanto, o ex-atacante, que reside em Caxias do Sul, está ciente dos atuais momentos dos principais times do Estado.

“Infelizmente, houve a queda do Inter. Era um dos clubes que eu apostava em não cair. Está num momento conturbado e vai levar um tempo para se reconstruir, mas voltará forte. O Grêmio tem demonstrado ser um dos melhores times do país. Vai brigar por título em todas as competições que disputa esse ano”, aponta.

Após se aposentar em 2011, o Coração Valente tem aproveitado bastante a família, mas sem deixar a bola de lado. “Tenho três filhos. Trabalhei muito para dar condições para minha família, que é tudo. Não sou de disputar torneios de várzea, gosto mais de jogar por brincadeira. Na várzea, a vontade é a mesma do profissional, o que muda é a diferença técnica, isso é incomparável”, diz.

Grande atração do Intermunicipal do Vale do Caí, Washington vai pisar em Maratá pela primeira vez neste domingo. “Vou conhecer a cidade domingo. Já estive Montenegro em 2014 para jogar uma pelada com alguns amigos que tenho na cidade, mas Maratá não conheço ainda”, conclui.

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