Mesmo com manifestações, Petrobras faz reajuste

Gasolina subirá, a partir de hoje, 0,9% e diesel 0,97%. Motoristas e produtores rurais vão às ruas contra altas nos preços

Hoje, 22, voltam a subir os preços do diesel e da gasolina nas refinarias de todo o país. Esse será o 11º aumento de combustíveis dos últimos 17 dias. Somente na semana passada, foram cinco. A Petrobras anunciou que a gasolina subirá 0,9%, e o diesel, 0,97%. Com isso, o primeiro produto passa a custar R$ 2,0867 o litro para as empresas. Desde o último reajuste, no sábado, 19, o preço era de R$ 2,0680. Somente em maio, o valor da gasolina subiu 16,07%.

Já o óleo diesel, que aumentará 0,97%, acumula alta de 12,3% desde o dia 1º deste mês. É o sétimo aumento consecutivo. Mesmo com essas alterações, quem define o valor final que o consumidor precisa desembolsar na hora de abastecer são os postos, que normalmente repassam essas variações de preço nas refinarias e nas distribuidoras.

De acordo com a Petrobras, os derivados de petróleo são produtos comercializados no mundo por grande número de compradores e produtores. Por isso, os preços precisam acompanhar os mercados internacionais. “A exemplo da soja, do trigo, do aço, entre outras commodities, suas cotações variam diariamente. Do mesmo modo, o câmbio também tem ajustes diários”, argumenta.

Desde julho do ano passado são permitidos reajustes frequentes. Essa medida tem gerado descontentamento e manifestações. No Brasil, 17 estados aderiram às mobilizações contra os aumentos nos últimos dias.

Em Montenegro, na RSC-287, em frente à Taqi e na rótula da Cinco de Maio, produtores rurais e caminhoneiros protestaram durante todo o dia de ontem. Com faixas improvisadas anunciando greve, eles reclamaram dos excessivos valores dos combustíveis, que afetam diretamente seu bolso, já que o valor do frete não acompanha as variações dos custos.

Manifestantes de São Sebastião do Caí paralisaram a ERS-122 em protesto contra reajustes no diesel

Em São Sebastião do Caí, no quilômetro 16 da ERS-122, motoristas autônomos e empresários do transporte realizaram o bloqueio da via várias vezes ao longo da segunda-feira. De acordo com o Grupo Rodoviário da Brigada Militar em Bom Princípio, desde as 6h os manifestantes programaram quatro intervenções de 30 minutos cada, com a última das 17h às 17h30min. De acordo com o porta-voz do movimento, João Roberto Cardoso, o objetivo foi conscientizar os motoristas que passaram pela via sobre o impacto dos constantes reajustes. “Estamos chegando à exaustão. Cada vez está reduzindo mais o que nós nem chamamos mais de lucro. É a falência total do transporte no Brasil”. Nesta terça-feira, as paralisações seguem o dia todo novamente, segundo o grupo. Não há previsão de quanto tempo o movimento dure.

“Aqui nós não queimamos pneus e não forçamos ninguém a ficar parado. Nós convidamos os motoristas a paralisar conosco”, informa João Roberto. As filas chegaram a mais de seis quilômetros durante os períodos de parada do trânsito. O pico foi ao meio-dia, quando chegou a formar fila dupla na rodovia.

Produtores rurais também são afetados

Em frente à loja Taqi, um grupo se reuniu com interrupção da via durante a tarde, o que causou congestionamento e chamou a atenção de outros condutores que trafegavam. Parados desde as 9h30min, os produtores de citros Elísio e Carmen Krug salientam que a iniciativa foi uma forma de apoiar caminhoneiros que aderiram às mobilizações.

“Nós mandamos nossos citros para outros estados. E depois dos insumos, nossa maior despesa é com óleo diesel. Quase todo nosso maquinário se utiliza desse produto. Por conta das elevações nos preços, não estamos conseguindo produzir com valores mais em conta. Então reflete para nós também”, explica Elísio.

Para esta terça-feira, manifestantes dizem que as paralisações devem ter continuidade. “O Brasil é um país que funciona em cima de rodas. E esses atos são em prol de todos”, conclui Elísio.

Políticas públicas para usuários de transporte
A coordenadora comercial da Viação Montenegro, Aline Riffel, enfatiza que aumentos frequentes nos combustíveis são um enorme prejuízo, considerando que o reajuste tarifário é anual. “E a remuneração do serviço não pode ser atualizada, conforme a sequência de aumentos. Da mesma forma, não há margem para o aumento que estamos enfrentando nos combustíveis”, diz. Repassar às passagens provocaria queda na demanda. Aline defende que há urgência de políticas públicas em pro, do usuário de transporte público.

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