Mercado demora para descobrir segmento plus size

Pesquisas mostram que há descompasso entre a oferta de produtos e a grande procura registrada neste segmento

Embora 60% da população brasileira se encontre acima do peso, apenas 18% das lojas de roupas do país oferecem opções em tamanhos grandes. Mesmo assim, com a pouca oferta, foi este mercado que movimentou cerca de R$ 1,8 bilhão apenas em 2015, de acordo com a Associação do Setor de Vestuário. Ele apresenta uma tendência de crescimento de 6% ao ano.

Em Montenegro, apenas duas lojas identificaram essa oportunidade nos últimos anos. A “Fofa Fina” é uma delas. O estabelecimento foi inaugurado em outubro de 2016, no bairro Timbaúva e, diante de uma boa procura, mudou-se para o centro da cidade no ano passado. Aline Peres da Rocha do Prado Pinto é o nome por trás do empreendimento.

Ela conta que a ideia do negócio surgiu diante de uma necessidade que ela mesma tinha. “Foi pela dificuldade que era, para mim, encontrar o plus em Montenegro. Tinha que sair para fora ou pedir sob encomenda. Era muito difícil entrar em uma loja, experimentar uma roupa e ela servir”, conta.
A constatação da empresária confirma os resultados de uma pesquisa realizada pelo Sebrae sobre o segmento. Os dados levantados indicam que 86% das pessoas que usam GG se dizem insatisfeitas com as opções de roupas para manequins grandes; 70% acham que os produtos oferecidos são muito básicos e apenas 16% consideram que eles despertam desejo de compra. São númewros que deveriam sensibilizar os investidores.

Na loja de Aline, até os provadores são mais amplos, pensados para facilitar e oferecer conforto às clientes. Trabalhar com a auto-estima das compradoras também é um fator valorizado. “A mulher que é gordinha não se sente à vontade com nada que a valorize, então tem que fazer ela enxergar o quão bonita ela fica com o que a moda plus oferece”, comenta Aline. “Ela tem direito de usar um short, tem direito de usar a barriga de fora. Toda gordinha pode se vestir bem.”

Dificuldade com fornecedores
Um levantamento do Instituto de Marketing Industrial (IEMI) identificou cerca de 490 indústrias de confecções no Brasil que desenvolvem coleções específicas para o setor plus size – apenas 2,5% do total de estabelecimentos em atividade no mercado. A “Fofa Fina” veste do número 44 até o 56 e Aline revela que sente na pele essa pouca oferta de fornecedores. “Dificilmente se acha acima de 48. Tem que ir além e pesquisar. Do 50 ao 56, é muito difícil”, comenta.

E não é só pelos tamanhos que a empresária se obriga a garimpar em diversos fornecedores para garantir o estoque de sua loja. Ela revela que precisa trabalhar com 12 fábricas diferentes para manter uma boa variedade de produtos, visto que muitas das confecções, dentro do plus size, acabam se especializando em somente um tipo de roupa – como sendo exclusivamente de jeans, por exemplo.

AS LOJAS comuns normalmente não conseguem atender as exigências das mulheres com medidas acima daquelas que a sociedade convencionais como “normais”

Desafios mercadológicos
O público da loja de Aline é variado. Ela já atendeu cliente de 12 anos e, recentemente, uma de 84. Curiosamente, são comuns as visitas de mulheres mais magras, que se consideram gordinhas e acabam surpreendidas ao perceber que não se enquadram no plus size.

Apesar disso, existem alguns desafios no mercado local. “É um mercado restrito. As pessoas não compreendem que a moda plus é mais elaborada que as lojas convencionais. A modelagem, nas outras lojas, é menor, diferente das confecções que trabalham com o plus. Lá, às vezes serve na barriga, mas não serve no braço, por exemplo”, explica. Por ter uma confecção específica e que veste melhor, o plus acaba custando mais.

Aline exemplifica que uma blusa mais básica vai custar cerca de R$ 79,00 à cliente. Já uma mais elaborada sai por volta de R$ 159,00. “Por isso que o mercado ainda é mais fechado em Montenegro. Acho que as pessoas precisam conhecer melhor o plus”, avalia. Mesmo com a constatação, no entanto, a loja está, aos poucos, conquistando seu espaço na economia local.

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