DESCONTO. Novo programa do Governo para carro popular traz mais clientes
Passados três anos do início da pandemia de Covid-19 – que matou milhões e afetou a economia global – suas consequências continuam presentes. Entre os setores estagnados, mas já em decolagem, está o automotivo. No ano passado, as vendas de veículos novos no Brasil haviam caído, de acordo com a Federação Nacional dos Distribuidores de Veículos Automotores (Fenabrave), também pela escassez de insumos (especialmente semicondutores). Mas no começo de 2023 os números trazem otimismo.
A reação iniciou nos últimos meses do ano passado. Especificamente em dezembro houve crescimento de 4,78% (216.920 unidades) em relação ao mesmo mês de 2021 (207.015). A boa notícia é que especialistas prevêem trajetória de crescimento de mais de 3% para este ano, cenário que pode se ampliar com o programa do Governo Federal pelo “carro popular”.
Apenas no primeiro trimestre os emplacamentos no Brasil cresceram 16,29%, em comparação com o mesmo período de 2022. Entre janeiro e março foram vendidos 471.626 veículos (automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus). Um número que deverá se ampliar muito no balanço do segundo trimestre e do primeiro semestre devido ao ânimo dos consumidores.
Aqui em Montenegro a realidade é mais alvissareira, como confirma o gerente da Comauto, Tiago Rambo. Nos primeiros cinco meses de 2023 a concessionária Volkswagen teve crescimento de 198% na venda de veículos novos. O resultado foi bastante impulsionado por empresas que renovaram ou ampliar sua frota. “E também pela retomada da Volkswagen com volumes para atender produtores rurais e CNPJ, pois esse canal sofreu muito com indisponibilidade de carros no início do ano passado, em função da falta de semicondutores”, explica. Em unidades, a Comauto supera 400 novos neste ano, frente a 119 no mesmo período de 2022.
Efeito do “programa carro popular”
Tudo começou com a promessa da volta do “carro popular”, ainda que com preços de acima de R$ 100 mil. Mas, na última hora, o Governo Federal incluiu desconto na compra de ônibus e caminhão (veja o box). Seja como for, a Medida Provisória (MP) 1.175, do dia 5 deste mês, foi suficiente para trazer ainda mais ânimo ao setor.
Todavia, o gerente da Comauto inicia sua avaliação ponderando que será “um grande desafio” trazer os veículos a patamares de preço popular. Ele explica que os valores acompanharam a modernização tecnológica da indústria nacional nos últimos anos, que atende exigências da legislação brasileira.
“No primeiro momento em que o governo anunciou a Medida, sem muitas informações claras, o fluxo de loja acabou diminuindo”, revela Rambo. A retração foi ocasionada pela expectativa dos clientes em relação aos valores que seriam aplicados com a MP em vigência. Mas após a definição das regras de subsídio e sua divulgação pela montadora e pela mídia, começou a retomada do fluxo à loja.
“Atualmente, estamos tendo bastante procura e estamos com condições muito interessantes. Pois, além do subsídio do Governo, a Volks aplicou um bônus extra para diversos modelos na faixa de R$ 70.000,00 a R$ 120.000,00”, reforça. O gerente recorda que a medida é válida apenas para quem compra por CPF, ou seja, não vale para quem busca comprar através de CNPJ. E também reitera que não há certeza em relação ao prazo de vigência, visto que o governo sinalizou como sendo momentânea.
Taxa de juro do BC não afeta
Quase metade destes clientes da Comauto tem optado pela compra através de financiamentos. “Pois temos muitas opções à pronta entrega com taxa zero para o cliente dependendo o valor de entrada”, confirma Rambo. A loja também observa aumento de consórcios, mas que não superam em quantidade a venda à vista.
Uma vantagem da Comauto tem sido fugir da taxa básica de juro (Selic) de 13,75% ao ano aplicada pelo Banco Central, pois seu principal parceiro é o Banco Volkswagen, que trabalha com uma taxa média menor do que a praticada no mercado. “Nos carros novos conseguimos viabilizar negócios com excelentes condições de financiamento subsidiadas pela montadora”, reitera.
Clientes foram à loja após anúncio
Também na concessionária Sinoscar, aquele primeiro anúncio, sem detalhamento e regras, criou entusiasmo entre clientes. Todavia, permaneceram em compasso de espera. Diego Finger explicou que a loja percebeu um crescimento na procura por veículos novos; primeiramente, através de ligações telefônicas para pedir informações.
Mas, na semana passada, após a confirmação do subsídio por meio da MP 1.175, estes compradores começaram a aparecer na concessionária e fechar negócio. “Fechamos 16 carros zeros aqui na loja, a partir da medida”, confirma.
Inclusive, a própria concessionária GM orientou clientes que estavam em negociações e se enquadrariam na faixa de preço, para aguardar a Medida Provisória (MP) para obter desconto. “O governo concedeu 500 milhões de Reais (para automóveis) de limite de faturamento para usar o desconto concedido, estima-se que não dura até final do mês”, alerta Finger.
Sinoscar vende 24% mais nos cinco meses
Também a Sinoscar GM observa aquecimento nas vendas. “Os números são positivos. Tanto em veículos novos quanto em seminovos”, confirma o gerente de vendas da representante Chevrolet, Diego Finger. Segundo ele, nos veículos zero km o aumento é de 24%, em relação ao mesmo período de 2022; superando as 500 unidades no período.
A concessionária faz parte do Grupo Sinosserra, que oferece aos clientes as duas opções de compra (financiamento ou consórcio). Destas, a mais procurada tem sido o financiamento, representando 42% das vendas da unidade Montenegro.
Também na Sinoscar, a taxa de juro Selic aplicada pelo Banco Central não tem efeito, ante a financeira própria da rede. “Temos a Sinosserra Financeira nos auxiliando nas vendas de veículos seminovos, e o Banco GMAC subsidiando as taxas em veículos novos”, explica Finger. Inclusive, o gerente destaca a taxa zero % para carros novos.
MP que dá desconto a carros populares
O Governo publicou no dia 5 a MP 1.175 que cria faixas de descontos para veículos populares, conforme critérios de sustentabilidade econômica, ambiental e nacionalidade. Nos carros populares, vão de R$ 2 mil até R$ 8 mil; e variando de acordo com o preço, a eficiência energética e a densidade industrial. Quem atingir os 3 itens terá desconto maior, com crédito de R$ 8 mil, em modelo de entrada pode chegar até 11,6%. Para ônibus e caminhões os descontos vão de R$ 33,6 mil a R$ 99,4 mil,. No total, o Governo reservou R$ 1,5 bilhão para o programa. O setor já avalia que, devido ao volume de vendas, a MP do ‘carro popular’ vai durar apenas um mês. Nesta semana foi publicação a lista dos 31 modelos (233 veículos) que terão desconto.