Suspensão de novos atendimentos se deve ao atraso no pagamento dos serviços, mas procedimentos agendados serão mantidos
O ano começou com uma má notícia no setor de saúde pública para o município e a região. Os médicos de cirurgia geral do Hospital Montenegro (HM) decidiram que não atenderão novas consultas nem cirurgias eletivas, com exceção daquelas que já estão agendadas. A medida se deve ao atraso no pagamento dos serviços.
O diretor administrativo da casa de saúde, Carlos Batista da Silveira, esclarece que a falta de pagamento se deve ao atraso nos repasses de recursos pelo governo estadual. Ele afirma que a dívida do Estado com o Hospital refere-se a outubro e novembro, totalizando R$ 3,9 milhões. O mês de dezembro ainda não venceu, pois o repasse é feito no último dia útil no mês subsequente, ou seja, é esperado no dia 31 de janeiro.
Silveira acrescenta que, por causa dessa dificuldade financeira, o HM pagou apenas 65% dos valores devidos aos médicos referentes a outubro. Ficou pendente o restante daquele mês (R$ 437.500,00) e o integral de novembro (R$ 1.250.000,00) totalizando R$ 1.687.500,00, considerando todas as categorias médicas. A folha de pagamento dos servidores, no entanto, está em dia. “Há cinco anos, o Hospital não atrasa salário dos funcionários”, salienta.
O diretor do HM frisa que os profissionais garantiram que as cirurgias agendadas serão realizadas. Silveira salienta que as demais especialidades e atendimentos da casa de saúde também estão mantidos, pois a decisão de paralisar é restrita aos cinco cirurgiões, embora todos os médicos estejam com pagamento em atraso. “É preciso deixar claro que não estamos cortando serviços”, sublinha o diretor.
Silveira afirma que a instituição mantém uma política de transparência, esclarecendo as razões de atrasos e pagando seus fornecedores e prestadores de serviços sempre que há recursos. Ele lamenta a decisão, tendo em vista que há sempre fila de espera para cirurgias.
Para lembrar
Os atrasos nos repasses de verbas do Estado ao Hospital Montenegro já fazem parte da história da instituição. Há um ano, em janeiro de 2017, o montante de vários meses de atraso com o HM chegou a R$ 11 milhões. E a dívida do Estado era com várias casas de saúde. Ao longo de 2017, houve diversas reuniões e mobilizações de lideranças comunitárias, oportunizando negociações que garantiram alguns repasses em dia. Porém, a paralisação dos cirurgiões confirma que as dificuldades recomeçaram.