Um mês depois. Conforme a Prefeitura, foi um rompimento na rede pluvial que ocasionou o incidente
O mais recente desabamento do Cais do Porto das Laranjeiras completou um mês na noite do último domingo, 26 de maio. Uma extensão de cerca de cinco metros foi abaixo, com calçada e asfalto, deixando parte da rua Coronel Álvaro de Moraes bloqueada nos dois sentidos, bem no ponto de acesso pela rua Assis Brasil. Assim está até hoje.
O Ibiá tinha estado no local pela última vez em 3 de maio. Na ocasião, montes de terra já tinham sido retirados da área, deixando à mostra o largo cano da rede pluvial que rompeu no subsolo, ocasionando o problema. Inicialmente, populares trabalhavam com a hipótese do desabamento ter sido consequência direta de um acidente de trânsito naquele exato ponto em 2017, que tinha deixado avarias na calçada e nos pilares da orla, e que não receberam conserto. A princípio, não há relação.
Desde a retirada da terra no início do mês, no entanto, até uma nova visita da reportagem ontem, 27, é clara a falta de avanço no serviço de reparo. Mesmo que a Administração Municipal garantisse que o problema vem sendo tratado como prioridade, a única mudança visível de cenário no passar destes dias é que, agora, teve gente que resolveu jogar lixo no buraco aberto. Tem até o que parecem ser partes de um ventilador quebrado atiradas por ali.
Segundo o diretor do Departamento de Serviços Urbanos da Prefeitura, Thiago Petry Pinheiro, é só nesta semana que o material levantado para o conserto deve, enfim, chegar ao local. Parte da aquisição só foi confirmada na última sexta-feira, 24, abrangendo também outros locais avariados pelas fortes chuvas do final de abril. A compra, com recursos próprios, foi feita sem licitação, beneficiada pelo decreto de emergência assinado pelo prefeito Kadu Müller, que visava mais rapidez na vinda do que fosse necessário para os reparos. Mesmo assim, levou um mês.
Ainda conforme Pinheiro, as obras no desabamento do Cais sofreram atraso devido às chuvas, “mas as equipes estão de prontidão para, assim que o tempo e o rio permitirem, retornarem aos trabalhos”. Ele não esclareceu que tipo de intervenções poderiam ter sido feitas se não fossem as chuvas, dada a admitida falta do material, que só chega nesta semana.
O diretor ressaltou, no entanto, que é preciso consertar a base do muro de arrimo desde baixo, levando em conta as alterações de nível do Rio Caí. “Não podemos fornecer um prazo específico (para a finalização das intervenções e liberação da rua), pois estamos à mercê das condições climáticas”, finalizou.
Primeiro desabamento do Cais completa 9 meses nesta sexta
Outra parte do Cais sofreu com um desabamento na tarde de 31 de agosto de 2018. Cerca de 60 metros da estrutura em frente à Escola da Brigada foi abaixo. Como não trouxe bloqueio de trânsito, o local está sem o reparo até hoje, completando nove meses na próxima sexta-feira, 31.
Então secretário de Obras Públicas, Argus Oliveira foi questionado sobre a situação na época. Informou que o Município aguardava por verba vinda de Brasília para reformar o trecho, valor que havia sido solicitado junto ao, hoje extinto, Ministério da Integração Nacional.
Atualmente, outras partes do Cais apresentam problemas estruturais. São visíveis várias rachaduras nas calçadas e há medo de novos desabamentos. A Prefeitura chegou a enviar relatório sobre a situação ao Programa de Prevenção a Desastres Naturais do Governo Federal, mas não há sinalização de soluções. A reportagem questionou a Administração Municipal se há um posicionamento em relação à verba vinda da União, mas não foi respondida.
Edital para revitalização da orla do rio ainda não foi republicado
Montenegro tem uma verba vinda do Ministério do Turismo para revitalizar a orla do Rio Caí. Foi aprovado um projeto de R$ 255 mil para intervenções em um trecho de 105 metros entre as ruas Doutor Flores e João Pessoa, com reforma do quiosque e calçadas, colocação de floreiras, dentre outras. Ligado ao projeto, o valor não pode ser realocado para reparar os desabamentos. No início do mês, a Prefeitura realizou a tomada de preços para a realização dessa obra, mas a licitação foi deserta, com nenhuma empresa interessada. A atividade contrariava inclusive uma indicação da Câmara, vinda do vereador Felipe Kinn (MDB), que pedia a revogação da abertura de crédito para o processo, avaliando que não faria sentido embelezar o espaço sem antes garantir que ele não trouxesse riscos de desabar em mais um trecho.
Com a licitação deserta, seria de praxe adaptações de orçamento ou regras para nova publicação e tomada de preços, mas, passado quase um mês, ainda não há noticias do edital atualizado. O valor vindo para o projeto está garantido pelo Município até agosto e, caso não seja feita a prestação de contas até lá, com a realização da revitalização, terá que ser devolvido.