EDIFICAÇÕES deixadas por imigrantes alemães foram atração da iniciativa
Em 1938 Montenegro ganhava uma Usina Elétrica às margens do Rio Caí. O imigrante alemão Eugen Wilhelm Thudium foi um dos responsáveis pela edificação que até hoje se faz presente no Porto das Laranjeiras. No sábado, dia 6, um grupo coordenado pelo historiador Eduardo Kauer se reuniu em frente ao prédio para relembrar os feitos e a herança deixada pelos imigrantes ao Município. O movimento, denominado de “Marcha dos 200 anos”, percorreu 11 edificações, no Centro da cidade, dando início às celebrações ao segundo centenário da chegada dos alemães ao Rio Grande do Sul.
A primeira parada foi no próprio Cais. No local foi prestada homenagem aos imigrantes que perderam entes queridos na viagem de vinda ao Brasil. Flores foram lançadas nas águas do Caí como forma de respeito e gratidão.
Em seguida, o grupo caminhou até o antigo Hotel Brasil, ali mesmo na rua Cel. Álvaro de Moraes. O momento foi marcante para Jorge Fuhrmeister, 77 anos, bisneto do fundador. “Meu bisavô, Friedrich Heinrich Ludwig, era caixeiro viajante, ele viveu aqui alguns anos. Já meu avô, Frederico Guilherme Henrique, nasceu aqui em 1892. Em 1918 nasceu meu pai. Essa casa permaneceu na nossa família até 1951, quando então foi vendida para terceiros. Dizem que importantes autoridades da história se hospedaram aqui”, comenta.
Jorge destaca a marcha como um importante momento para relembrar o nome de pessoas que tanto colaboraram para a história do Município e do Estado. “O mais importante dessa atividade é voltarmos a citar o nome de pessoas que ajudaram a fazer toda a história do Rio Grande do Sul”, sublinha.
Eduardo Kauer, idealizador da Marcha, explica que a atividade foi pensada de forma a proporcionar uma vivência prática aos participantes da caminhada. “Pensamos em fazer a Marcha dos 200 anos de uma forma mais participativa, mais lúdica, para que as pessoas pudessem olhar para os locais, o Cais do Porto, o Rio, as casas que foram dos imigrantes”, conta. “São casas que realmente foram construídas por imigrantes alemães, onde moraram, trabalharam e colaboraram para o desenvolvimento de Montenegro. A gente quis fazer com que as pessoas olhassem para a história, e não apenas ouvissem ela numa apresentação oral”, explica Kauer.
O pesquisador acrescenta que, diante da correria do dia a dia, muitas das edificações deixadas pelos imigrantes passam despercebidas pela população. “As pessoas passam, mas não sabem que ali morou um imigrante alemão, não conhecem a história desse imigrante, as dificuldades que ele enfrentou a colaboração que deu para nossa cidade”.
A antiga venda da rua Dr. Flores, o Palácio Rio Branco na rua João Pessoa, a antiga relojoaria (hoje prédio onde está instalada uma farmácia), na esquina da rua Ramiro Barcelos com Olavo Bilac, e a primeira sede da Cervejaria Primor foram alguns dos demais pontos visitados pelo grupo. A cada parada, Eduardo explanou conhecimentos sobre o local. Os participantes também contribuíram com suas lembranças.
“Montenegro tem uma história tão rica, é importante a gente olhar para essa colaboração. Conhecer para, também, aprender a preservar mais esses lugares”, conclui Eduardo.