As pequenas cidades do interior, mesmo com a crise, têm mostrado exemplos de gestão com o dinheiro público, valorizando o cidadão que contribui com o pagamento de impostos e deseja receber bons serviços públicos em troca.
Maratá, com mais de 2.600 habitantes, aposta no investimento em educação dos jovens, no bem-estar da população do interior e na moradia para quem não possui condições de construir uma residência com seu próprio dinheiro.
Durante os últimos quatro anos, o trabalho foi intenso para a criação de um loteamento popular pelo programa Minha Casa Minha Vida. As 40 residências já estão de pé e serão ocupadas em breve. Além disso, os moradores que desejam continuar os estudos após o Ensino Médio e frequentam escolas e universidades em outras cidades, recebem auxílio para o deslocamento.
No interior, o foco tem sido, entre outros incentivos, em asfaltar estradas para dar comodidade aos motoristas e aos produtores rurais que precisam escoar a produção de citros, lenha e carvão. Os moradores aprovam e aplaudem as melhorias ocorridas até aqui.
Loteamento popular oportuniza casa própria aos cidadãos
O sonho de ter a casa própria se tornou uma realidade para a jovem Andréia Caye de Vargas, 24 anos. Aos três anos, ela se mudou para Maratá, onde mora com a mãe até hoje, na localidade de Boa Esperança. Formada em Gestão Pública e Serviços Jurídicos, a servidora é mais uma contemplada pelo programa Minha Casa Minha Vida, que tornou realidade o Loteamento São Nicolau, que recebeu 40 casas populares em Maratá.
A construção das residências iniciou em 2016 e está praticamente finalizada. Resta apenas a liberação de questões burocráticas para que as famílias possam concluir suas mudanças para as casas, que estão pintadas e contam com placas de energia solar para o aquecimento da água.
No final da rua que dá acesso ao loteamento, fica a morada número 288, onde Andréia Vargas deve se instalar em breve. Na época em que se candidatou no programa do governo federal, a marataense trabalhava no posto dos Correios, em Esperança, distrito de Maratá. Após um pouco mais de dois anos, muita coisa mudou. “É uma conquista. Se não tivesse entrado neste projeto, eu com certeza demoraria muito mais tempo para ter a minha casa”, diz.
O novo lar conta com dois quartos, um banheiro, sala e cozinha integradas e uma pequena lavanderia. Com isso, o desejo de ficar na cidade onde cresceu foi atendido. Andréia pretende fazer um concurso público na Prefeitura, pois hoje ocupa um cargo de confiança. “Eu vejo que a cidade pode crescer ainda mais e eu quero contribuir pra isso. Desejo ajudar os moradores a terem mais qualidade de vida”, revela.
Jovens são incentivados a cursar o ensino superior
O município também zela pela educação de crianças e jovens. Um dos investimentos está no subsídio do transporte universitário, que neste ano chega a 100% para três dias de deslocamento até a faculdade. Antes o aporte era de 50% para todas as idas à universidade. Em 2018, a Associação dos Estudantes de Maratá (AEM) recebia, anualmente, R$ 90 mil. Neste ano, o montante anual será de R$ 170 mil.
No sexto semestre do curso de Nutrição da Unisinos, Suelen Taís Käfer, 23 anos, diz que, com o aumento do valor repassado, é possível se matricular em uma cadeira a mais. “Com o auxílio de 50% já era bom, agora melhora ainda mais”, afirma.
Segundo a universitária, a faculdade é algo caro e, com o transporte, o custo fica maior. Ela paga cerca de R$ 25,00 a cada ida e volta à Unisinos. O trajeto de 65 quilômetros dura em média 1h30min, e é feito por Suelen desde 2014, sempre com o apoio financeiro do município, que repassa o valor à AEM.
“Essa ajuda é uma boa alternativa para motivar os jovens a cursarem o Ensino Superior. Muitas vezes, não conseguimos arcar com todas essas despesas, por isso que é importante”, pontua a estudante, que reside e trabalha em um mercado da cidade.
Asfaltamento de estradas valoriza população do interior
Estradas asfaltadas no interior do município são outra prioridade em Maratá nos últimos anos. As melhorias nas vias não se resumem em deixar a paisagem mais bonita, mas impactam diretamente na qualidade do transporte da produção primária na zona rural.
A localidade de Vitória foi umas das primeiras a receber as obras de asfaltamento de um dos trechos da rodovia Transcitrus. Desde 2013, o trecho está concluído, totalizando cerca de 5,5 quilômetros. Pedreiro aposentado, Rudi Heck, 68 anos, nasceu na Vitória e diz que o lugar foi valorizado com a chegada do asfalto.
“Terminou com a poeira e o barro”, diz Heck. O homem nunca imaginou ver a pacata localidade onde sempre viveu com uma estrada asfaltada. “De repente veio uma verba federal e fizeram”, afirma. Hoje, basta Rudi sair do pátio de sua residência e já está na Rodovia Transcitrus.
Segundo Rudi, o movimento pela estrada cresceu após as melhorias. “Vai aumentar (o tráfego) ainda mais depois que a parte de Montenegro ficar pronta”, aponta. Os moradores marataenses também aguardam as obras a partir da divisa com a cidade vizinha, entre Santos Reis e Campo do Meio. Com isso, o aposentado acredita que será uma alternativa ao caminho da ERS-411, que está em péssimas condições.
Empresários querem investir em novas moradias
Com tanta coisa boa ocorrendo, pessoas de fora resolvem se mudar para Maratá, por ser um lugar tranquilo e com qualidade de vida elevada. Porém, não é fácil achar uma casa para aluguel ou compra.
Essa situação tem chamado a atenção de investidores, que agora apostam na criação de loteamentos residenciais. Carlos Brandt, sócio das empresas incorporadoras imobiliárias Dedicare e Agrega, deve mudar a realidade residencial do centro da cidade em breve.
De acordo com Carlos, a grande carência de moradia tem levado o prefeito a fazer contatos com empresários interessados neste tipo de investimento. “Recebi a ligação do Fernando (prefeito) para uma conversa sobre o assunto. Estamos com dois projetos de loteamentos para uma área no centro de Maratá e outra nas proximidades”, conta Brandt.
Conforme o empresário, um dos loteamentos fica nas imediações do Morro Ibiticã, ponto turístico da cidade. Esse projeto está em andamento, na fase de licenciamento. “Acredito que, no final do ano, teremos o início das obras, após conseguirmos todas as liberações necessárias”, diz Brandt. O outro espaço para a construção de casas será numa área em direção a Brochier.