Mão de obra prisional aplicada em melhorias de prédios públicos

PARCERIA entre Susepe e outras instituições da Segurança gera reinserção de apenados

“Dentro da visão de que todo o ser humano tem direito a uma segunda chance, estamos oportunizando isso aos detentos em nosso Quartel”, diz o tenente-coronel Oberdan do Amaral, comandante do 5º Batalhão da Polícia Militar de Montenegro (BPM). A fala do oficial da Brigada Militar expressa a importância do uso da mão de obra prisional para as instituições que carecem de manutenção; assim como para homens que buscam uma nova oportunidade em suas vidas. Tem crescido na região a participação dos detentos do regime semiaberto em ampliações e melhorias de prédios públicos, como delegacias e quartéis.

“Temos mão de obra qualificada e barata. Queremos que mais municípios sigam o exemplo, e passem a usar trabalho prisional”, diz Nairo Resta Ferreira, diretor do Instituto Penal de Montenegro (IPM). Não é de hoje que parcerias entre a Susepe (Superintendência dos Serviços Penitenciários) e outros órgãos da Segurança Pública são vistas no Vale do Caí.

No quartel dos Bombeiros são várias melhorias através de parceria com a Susepe

Em São Sebastião do Caí, o prédio da Delegacia de Polícia passou por reformas e ampliação feitas por apenados do IPM. A Polícia Civil também contou com mão de obra prisional para melhorar as instalações da delegacia de Triunfo. Agora é em Montenegro que o trabalho dos detentos pode ser visto nas futuras instalações das DP’s Regional e da Mulher, no antigo prédio onde antes ficava o IPE, e que neste ano foi repassado à Polícia Civil. O delegado regional, Marcelo Farias Pereira, avalia que projetos deste tipo aceleram a execução de demandas estruturais, ao mesmo tempo em que contribui para o reingresso destes cidadãos no mercado de trabalho, após o cumprimento da pena.

“Através dos protocolos de ação conjunta, dos nossos 78 detentos, 76 estão trabalhando de forma remunerada. Dois não estão por que têm limitações físicas. Mesmo assim, eles desenvolvem atividades voluntárias no prédio do Instituto Penal”, conta Nairo.

Importância da mão de obra prisional
No 5º BPM os detentos do semiaberto colaboram no serviço de corte de grama, pintura, reformas e outros. O trabalho prisional também tornou possível a construção de uma sede social nos fundos do quartel. “Não temos pessoas para nos ajudar na manutenção da área, que é muito grande. Essa mão de obra dos apenados é de fundamental importância. É bom que possam conviver conosco e ver que o policial está para proteger toda a sociedade, inclusive eles”, diz o tenente-coronel Oberdan.

Os apenados do semiaberto construíram a sede social do 5º Batalhão. Foto: arquivos de Nairo Resta Ferreira

A Escola de Formação e Especialização de Soldados da Brigada Militar (ESFEs) também conta com trabalho prisional. Por lá, banheiros e alojamentos foram reformados para melhor acomodar as novas turmas de alunos.

Outra intervenção dos apenados pode ser conferida no quartel dos Bombeiros Militares de Montenegro. Diversas reformas e trabalho de pintura foram realizados nas instalações da corporação. “Temos dificuldade em conseguir mão de obra para manter nossos prédios em condições de atender a população. O serviço dos apenados é de primeira qualidade”, aponta o sargento Ricardo Viegas de Mattos, responsável pela unidade local dos bombeiros.

Mattos sublinha ainda que o trabalho feito no quartel poderá ajudar esses homens a conseguirem recolocação no mercado de trabalho quando estiverem 100% livres. “Acho que, realmente, esse é o caminho para a ressocialização, não simplesmente colocar uma tornozeleira na perna do apenado e devolver para o meio social”, acrescenta o sargento.

“É importante mostrar o que vem sendo feito para que eles se sintam valorizados. Através da mão de obra, esses homens estão construindo a história desses locais”, pontua o diretor do Instituto Penal.

Na Escola de Soldados de Montenegro, banheiros e alojamentos receberam melhorias. Foto: arquivos de Nairo Resta Ferreira

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