Prefeitura proporá tombamento de escola brizoleta e do Memorial da Família Gabbardo
Buscando incentivar a preservação do patrimônio histórico de São José do Sul, a Prefeitura formalizou junto com representantes da família Gabbardo a intenção de tombar o prédio que ocupa o Memorial da Família Gabbardo. Além disso, o Executivo também planeja tombar a escola brizoleta, assim chamadas escolas construídas no governo de Leonel de Moura Brizola com intenção de levar a Educação ao interior das cidades gaúchas, localizada em Linha Lerner. O ato que formalizou essas intenções ocorreu na tarde desta segunda-feira, dia 22, junto ao Memorial da Família Gabbardo.
Filha de Imelda Verônica Gabbardo, a criadora do memorial, Dalva Regina Gabbardo disse que ainda não havia assimilado a importância do ato. “Não caiu a ficha ainda”, comentou. Para ela, o futuro tombamento será bastante significativo para a família e também para o Município. “É um legado importante, tanto a casa quando os objetos que ali estão. É algo que vai marcar”, afirmou.
Segundo Dalva, o prédio que hoje tem a função de museu foi construído em 1881 e funcionava como uma casa de baile até que, vindos de Bento Gonçalves, Ângelo Gabbardo e sua espora Maria Letícia Conzatti adquiriram-no na década de 1920. A partir dali, o espaço transformou-se em residência antes de virar o memorial organizado por Imelda.
Emocionada, Imelda lembrou que iniciou o museu particular como uma forma de valorizar o trabalho dos colonos e agradeceu o apreço que o espaço está recebendo agora. “Juntei tudo o que tinha e botei aqui dentro para valorizar. Comecei a valorizar isso porque eles (os antepassados) trabalharam tanto”, comentou. Inclusive, Imelda também tem relação com o outro prédio a ser tombado: ela foi a primeira professora da escola brizoleta de Linha Lerner. Segundo a filha, a professora aposentada ia de cavalo dar as aulas.
A prefeita Juliane Maria Bender, a Juli, mostrou-se feliz e agradecida pelo momento. “A história quando palpável não se perde”, observou. “Esse contrato de hoje inicia todo um levantamento para fazermos um tombamento futuro aqui do museu da família Gabbardo e também da escola brizoleta. Com certeza vai ser uma rica história que nós vamos preservar aqui em São José do Sul”, reforçou. A chefe do Executivo lembrou, ainda, que tais ações fazem parte do plano de governo de sua Administração.
Tombamento dá abertura para busca de recursos
Responsável por organizar e levar adiante o projeto de tombamento da escola brizoleta de Linha Lerner e do prédio do Memorial da Família Gabbardo, o secretário municipal de Educação, Cultura, Desporto e Turismo, Paulinho José Brand, destacou que o plano de preservação do patrimônio histórico local partiu da percepção de que a riqueza de prédios históricos de São José do Sul estava se perdendo – seja por depreciação e desgaste do tempo seja pela falta de recursos ou interesse das famílias para preservá-los – e que era necessário dar um exemplo prático.
Paulinho destaca que com o tombamento será possível captar recursos para realizar o restauro e preservar os prédios históricos. “Imagina um prédio que nem esse aqui depois de restaurado, pode se fazer bastante eventos”, comentou referindo-se ao Memorial da Família Gabbardo e já ventilando a possibilidade de o local receber feiras dos livros, exposições artísticas e culturais ou apresentações musicais.
O secretário também reforçou que o prédio seguirá sendo de propriedade da família Gabbardo depois de tombado e que tombar um patrimônio histórico não significa desapropriá-lo. “Tudo continua sendo da família Gabbardo, porém o prédio é um patrimônio histórico e com isso a gente quer captar recursos, porque nós também não podemos pegar dinheiro, hoje, do caixa da Prefeitura e restaurar o prédio de alguém. Não é possível, mas uma vez tombado isso vai ser possível”, esclareceu.
Para realizar o tombamento juntamente com um projeto de restauração com valores estabelecidos e a montagem da lei municipal a ser enviada ao Legislativo Municipal uma empresa de consultoria especializada foi contratada. “Nós temos que pensar grande e não só depender do nosso recurso, que já, hoje, está escasso”, defendeu o secretário. Paulinho revelou, ainda, que já é possível ver um contágio positivo através do movimento feito, com outras famílias demonstrando interesse em terem seus bens tombados e transformados em patrimônio histórico da cidade.