No Brasil, mais de 8 mil crianças e jovens aguardam na fila para serem acolhidas por uma família. Em contrapartida, 38 mil candidatos a pais estão cadastrados para receber uma dessas crianças. Para reduzir essa disparidade e agilizar os processos de adoção foi sancionada uma lei que facilita a adoção de crianças com deficiência e irmãos que se encontram em abrigos.
Segundo o Cadastro Nacional de Adoção do Conselho NacUional de Justiça (CNJ), um quarto das crianças que aguardam por uma família possui problemas de saúde. Outro fator que dificulta a adoção é a questão dos irmãos. Mais da metade das crianças em abrigos possuem irmãos (59,6%). São 41.936 pretendentes cadastrados, 65,2% não aceitam adotar irmãos e 64% somente adotariam crianças saudáveis.
Para o casal Vânia Carrijo e Anderson Carrijo Carvalho, o desejo de adotar uma criança não foi interrompido quando encontraram as irmãs Verônica e Luana. De acordo com o pai, Anderson, as famílias na fila de adoção fazem muitas exigências. “Tem gente que exige cor do olho, idade de no máximo alguns meses. Escolhem coisas pequenas, o que praticamente inviabiliza a adoção”, opina.
Anderson conta que o processo de adoção das filhas foi diferente do atual e a espera foi relativamente pouca. “Verônica já veio com dois anos. O pai e a mãe da Vânia pegaram a guarda da Verônica e da irmã, Luana. Fomos em juízo e transferimos a guarda das duas para a gente.” Vânia acrescenta que após acolher as irmãs, hoje com 13 e 14 anos, respectivamente, a vida da família se transformou.
Walter Gomes, supervisor da área de adoção da Vara da Infância e da Juventude do DF explica que pretendentes com critérios passam entre cinco e sete anos na espera no Distrito Federal.
“A lei garante celeridade e prioridade na tramitação de candidatos que manifestam interesse em adotar crianças de idade mais avançada e adolescentes, grupos de irmãos, com deficiência crônica e necessidades especiais de saúde.” Gomes explica que em todos os casos, o processo de adoção é bastante cuidadoso e inteiramente acompanhado pela equipe das Varas de Infância dos estados. Quando as crianças cadastradas e as famílias em espera começam a se relacionar, a criação dos vínculos é gradual, começando com visitas, saídas e pernoite, no chamado estágio de adaptação.