Falta de preocupação com os riscos decorrentes da ausência de preservativo resulta em gravidez e doenças como Aids
Seis em cada 10 adolescentes entre 15 e 19 anos não usaram preservativo em alguma relação sexual durante 2016, segundo pesquisa feita pelo Ministério da Saúde. E desses, nove em cada 10 sabem que usar camisinha é o melhor jeito de prevenir doenças.
A Pense (Pesquisa Nacional de Saúde Escolar), publicada pelo Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE), mostrou que, em 2015, 33,8% dos adolescentes entre 13 e 17 anos que já tinham começado sua vida sexual não usaram camisinha na última transa – o índice é nove pontos percentuais maior do que em 2012.
A camisinha não previne somente a gravidez, mas também Sífilis, HIV – que desencadeia a Aids, Gonorreia e outras doenças. E isso não parece ser o suficiente. Muitos jovens que já completaram 18 anos, embora saibam dos riscos, não se preocupam em se relacionar com um(a) parceiro(a) sem o uso do preservativo. Outros, que beiram a maioridade, não pensam – ou acreditam – na eficácia desse item.
Para o estudante Bruno Reidel, 19 anos, é um assunto bastante polêmico. “Acredito que é válido ressaltar que as camisinhas estão banalizadas”, afirma. “Ao invés de priorizar a utilização de algo que é benéfico, estamos explicando o porquê algo que foi feito para a proteção não é usado”, sublinha.
No entanto, para Bruno, embora ter a relação sexual sem usá-la seja mais interessante, o que faz o preservativo ser, aos poucos, abandonado pelos jovens é a falta das campanhas de conscientização. Antes desgastantes, hoje nem são mais realizadas. “Não é só um desejo pessoal de obter mais prazer, mas o fato de quase não ser orientado sobre os riscos”, complementa.
Bruno ainda ressalta que campanhas são muito boas, mas já estão saturadas para alguns. “É necessário haver uma conscientização geral”, sugere. Talvez, tornar o uso mais atraente seja um fator importante. “Sei que já são feitos preservativos com sabores, formatos diferenciados, modelos mais lubrificados, finos, mas, para o pessoal realmente ficar atento, deve-se destacar isso”, salienta.
Ísis Oliveira, 16 anos, acredita que o uso da camisinha, para a maioria dos jovens, está ligado diretamente com a gravidez. “Muitos não pensam nas doenças. É como se uma gravidez indesejada fosse o único problema, o que é facilmente resolvido com a pílula anticoncepcional”, observa. “Tenho amigas que já vieram desesperadas me dizer que tinham tido relações sexuais sem o preservativo, temendo somente uma gravidez, ao invés do mais preocupante (doenças)”, admite.
Na opinião da jovem, as pessoas ainda têm vergonha de falar sobre isso, de dizer a palavra “camisinha”. “Eu mesma já tive que comprar preservativos para uma amiga”, conta Ísis. A educação e as orientações, sugere a garota, tinham de ser aplicadas mais cedo, para quando chegar a hora de ter a vida sexual ativa, o jovem não encarar isso como tabu e fazer besteira.
“Os jovens de hoje só transam e não pensam nos riscos que estão correndo”, alerta Eduarda Brochier, 19 anos. “O problema está na forma de analisarmos a situação. Muito pensam ‘comigo não vai acontecer’”, aponta. E, por isso, de acordo com Eduarda, acontece, muitas vezes, o pior.
“Pensamos que nosso parceiro(a) não tem doenças, mas e a gravidez? Esse assunto é muito importante e temos de nos conscientizar”, conclui.
saiba mais
– Erros ao escolher, armazenar, colocar ou tirar o preservativo diminuem a sua eficácia;
– impermeável, a camisinha é o método mais eficaz de prevenção contra o vírus da Aids e outras doenças sexualmente transmissíveis, além de evitar a gravidez indesejada;
– é importante, na hora da compra, verificar se possui o selo do Inmetro, se foi testada e aprovada;
– alguns sex shops vendem camisinhas divertidas, mas elas não servem para a proteção, são quase decorativas.
Como surgiu a camisinha?
– No início do século 18, Londres, a capital da Inglaterra, fundou a primeira loja de preservativos, que eram feitos de intestino de carneiro ou cordeiro, com aromatizantes florais e sob encomenda;
– em 1843, as camisinhas começaram a ser fabricadas com borracha pelas empresas Hancock e Goodyear. Eram pouco aderentes, irregulares e caras, sendo usadas várias vezes até que, na década de 90 inventou-se o látex, que deu ao preservativo um aspecto mais fino e confortável;
– a partir de 1960, deixou de ser utilizada por causa da invenção da pílula anticoncepcional, mas retornou em 1990, devido à grande epidemia de Aids;
– o governo brasileiro mantém programas de distribuição gratuita a pessoas de baixa renda, mediante cadastro, através das secretarias municipais de saúde.