Campanha Mundial. Slogan “Minha Escolha Faz a diferença” foi aprovado no Contran
Semelhante a outros movimentos de sucesso, como o Outubro Rosa e o Novembro Azul, os quais, respectivamente, abordam sobre câncer de mama e o de próstata, o Maio Amarelo estimula atividades voltadas à conscientização, ao amplo debate das responsabilidades e à avaliação de riscos sobre o comportamento de cada cidadão no trânsito do dia a dia.
A marca do movimento internacional — um laço na cor amarela — segue a mesma proposta de conscientização bem-sucedida adotada pelos movimentos de conscientização no combate ao câncer de mama, próstata e, até mesmo, às campanhas de conscientização contra o vírus HIV.
Partindo do princípio que “a vida é feita de escolhas e no trânsito isso não é diferente”, a campanha chama a atenção dos motoristas que podem, ou não, escolher beber antes de dirigir e, além disso, atender ao celular ou mandar mensagens de texto ao volante. Podem, ainda, escolher não respeitar o limite de velocidade, a sinalização, o semáforo, a faixa de pedestres, entre outras.
Através desse raciocínio lógico, com foco no motorista que age de modo irresponsável, o apelo da campanha se torna mais evidente. “Você estará fazendo a escolha errada, que poderá trazer consequências sérias como a perda da própria vida, um grave ferimento, uma invalidez a você próprio, aos seus passageiros ou às pessoas com as quais compartilha as vias”, diz a campanha em suas peças publicitárias.
Poder de escolha é o tema central do movimento
O tema do Movimento em 2017, “Minha escolha faz a diferença”, foi aprovado pelo Conselho Nacional de Trânsito (Contran) em janeiro passado para estampar todas as campanhas de educação para o trânsito ao longo deste ano em todo o País.
Segundo levantamento realizado pelo Movimento Maio Amarelo, cerca de 90% dos acidentes de trânsito têm como causa o fator humano: imperícia, imprudência, desatenção e desrespeito às regras. Ou seja, com a mudança de comportamento e a escolha certa, é possível que o quadro desolador visto nas vias e rodovias brasileiras, com mais de 43 mil mortes em 2014 (cerca de 120 por dia), seja revertido.
Em Montenegro nenhuma entidade, seja pública ou privada, aderiu à campanha, apesar de existirem 47 mil veículos licenciados no município.
O diretor de trânsito, Alex Sandro da Silva, aponta que sem dúvida a imprudência é o maior responsável por acidentes na cidade. O Maio Amarelo vai passar despercebido em Montenegro? Não necessariamente. “Esse movimento não vai passar em branco, assim como todos os meses e todos os dias são feitas ações, toda vez que se troca uma placa, se pinta ou sinaliza. Faremos a entrega de panfletos educativos nesse mês com uma ação educativa com a Guarda Municipal”, afirma o diretor de Trânsito.
Montenegro também conta com um plano de mobilidade urbana. A verba é limitada, segundo Alex Sandro. “A dotação é variável de acordo com o que se arrecada e o que se pode gastar devido à crise. Com esses recursos, a prefeitura tem projetos de modernização de todo sistema viário, da Guarda Municipal fiscalizando, e o estacionamento rotativo, entre outros”, pontua.
Segundo o Departamento Municipal de Trânsito, não há dados de acidentes em 2017 no perímetro urbano, porque nem todos são registrados pela Brigada Militar.
Mas se sabe que, em média, são aplicadas em torno de 15 multas mensais pela corporação. “Reitero que 90% dos acidentes relacionados ao trânsito são imprudência de um ou mais motoristas e que a solução está na educação”, enfatiza Alex Sandro.
“Mudar comportamentos é muito difícil”
Diretor de ensino e sócio-proprietário de um Centro de Formação de Condutores local, Vinicius de Oliveira atua com palestras de conscientização no trânsito há mais de 10 anos. “Oficialmente nossos esforços são voltados à Semana Nacional de Trânsito, que é realizada anualmente no mês de setembro. Promover algo agora se torna inviável, pois todos os 12 instrutores que disponho estão com a agenda lotada”, aponta. Para ele, o tempo de aulas teóricas, assim com a legislação vigente, são adequados. O difícil é mudar comportamentos. “Isso vem de casa. Do tempo em que o aluno passou no banco de trás ouvindo e observando os adultos da família no volante. Esse aprendizado nem sempre tem como norte os valores de direção pela vida”, pondera.
Atuando em Centro de Formação de Condutores desde os anos 90, Vinicius também aponta que os investimentos públicos em campanhas já foram melhores.
“Há cerca de 10 anos tínhamos farto material didático enviado pelo Detran-RS. Hoje a regra é: ‘entre no site do governo, baixe o material e imprima por conta própria’. Para realizar blitz educativas, somente com parcerias com Brigada Militar, Polícia Rodoviária Estadual e Polícia Civil. Essa campanha é nova, então nada impede que no futuro a gente venha a aderir ao movimento, mas lembramos que fazemos nossa parte ao educar para direção defensiva”, avalia.
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O Movimento Maio Amarelo tem por objetivo chamar a atenção da sociedade para o alto índice de mortes e feridos no trânsito em todo o mundo. Criado pelo Observatório Nacional de Segurança Viária na esteira da determinação da Assembleia-Geral das Nações Unidas (ONU) que editou, em março de 2010, uma resolução definindo o período de 2011 a 2020 como a “Década de Ações para a Segurança no Trânsito”, o Maio Amarelo é uma ação coordenada entre o Poder Público e a sociedade civil.
A intenção é colocar em pauta a segurança viária e mobilizar toda a sociedade para discutir o tema, estimulando o cidadão a promover atividades voltadas à conscientização, ao amplo debate das responsabilidades e à avaliação de riscos sobre o comportamento de cada um, dentro de seus deslocamentos diários no trânsito. Ações do Maio Amarelo são desenvolvidas em todos os estados brasileiros e em outros 26 países nos cinco continentes.
Além das mortes, os acidentes de trânsito no Brasil geram custo da ordem de R$ 56 bilhões ao Estado, recursos que poderiam ser aplicados em benefícios sociais como, por exemplo, a construção de escolas, de hospitais. Por isso, a mensagem do Movimento Maio Amarelo de 2017 é simples e direta: faça a melhor escolha no trânsito. Não deixe de respeitar as regras, não apenas para, por exemplo, evitar multas, mas, muito mais que isso, para preservar vidas no trânsito. Inclusive a sua.