Tragédia. Dois menores foram apreendidos e confessaram o crime. Eles ainda atearam fogo à residência da família
Uma boa vizinha e uma mãe dedicada. Assim será lembrada Roselei Hanauer, 33 anos, encontrada morta após o incêndio que consumiu sua casa, por volta das 00h30min dessa segunda-feira. Ao seu lado morreram suas filhas, completando o cenário de horror que ontem assolava a rua Valeriano Alfredo Colling, no bairro Divisa, interior de Capela de Santana. As meninas Sabrina, de 11 anos, e Ana Vitória, de um ano e sete meses, foram asfixiadas.
O mais chocante dessa tragédia é o fato de não ter sido um sinistro, mas um triplo latrocínio. Dois adolescentes de 17 anos confessaram ter estrangulado a mãe e em seguida sufocado as filhas. Depois, ainda compraram gasolina e atearam fogo à casa. Eles alegam serem usuários de drogas.
O titular da delegacia de Capela, Rodrigo Zucco, acredita no fato de as vítimas já estarem mortas no momento do incêndio. “Elas não tiveram chance de se defender, posto que a dupla surpreendeu a vítima maior, estrangularam ela, e posteriormente asfixiaram as duas crianças com esganadura do pescoço”, explica. Os acusados foram encaminhados ao Poder Judiciário e internados na Fundação de Atendimento
ócio-Educativo (Fase) em Porto Alegre. Um deles é filho do ex-marido de Roselei, contudo a Polícia não faz relação com o crime.
O Corpo de Bombeiros de Portão foi acionado 0h54min, mas ao chegar ao local as chamas já haviam destruído a casa, restando apenas fazer o rescaldo. Como o local ficou muito bagunçado, os corpos não foram encontrados. Somente ao amanhecer, vizinhos que foram olhar perceberam a tragédia. A remoção das vítimas foi feita pelo Instituto-Geral de Perícias (IGP).
Vizinha querida pela comunidade
Sueli Rofina da Silva, 49 anos, irá lembrar de Roselei como uma pessoa querida. “Ontem mesmo (domingo) conversei com ela e ela disse que estava com o gás no fim. Disse que se tivesse um botijão extra daria para ela”, contou. Sueli, que mora na casa ao lado da residência incendiada, lembra que Roselei costumava convidar as vizinhas para tomar chimarrão. “Ela também nos dava pãozinho quando fazia”, relatou.
Numa comunidade pacata do interior, Roselei era conhecida de todos. “Ela era uma pessoa tranquila e querida”, comentou o vizinho João Pedro de Oliveira, 19 anos. Ele diz que acordou com a residência da vizinha já em chamas. “Foi muito ligeiro”, relatou.
Primo de Roselei, Aldir Luis Krug contou que a vítima havia se separado recentemente do marido e que era natural de Palmitinho, mas há anos morava em Capela de Santana. “Mesmo estando desempregada ela vinha trabalhando como faxineira e se virando para manter a família”, disse. Roselei trabalhou na JBS em Montenegro e possui mais um filho, fruto de outro relacionamento, e que mora com o pai.