O Natal é um período com um clima mágico. Não apenas pela figura encantadora do Papai Noel, o Bom Velhinho que traz presentes e afeto para crianças – e, porque não, adultos –, mas também por toda a decoração que toma conta das ruas e casas. E é entre as decorações que entra um item fascinante: as luzes. Do tradicional pisca-pisca, passando pelas luzes em efeito cascata, e chegando às mangueiras de LED, os enfeites luminosos são uma atração à parte – e uma tradição.
Na rua Ilka Moojen Weissheimer, no bairro São João, próximo da esquina com a rua Arthur Renner, uma casa chama atenção pelas luzes que nela brilham junto com outros enfeites natalinos. Trata-se da residência de Jussara Kochenborger Schneider e Lírio Schneider. O casal de idosos sempre teve o costume de enfeitar a casa tanto no Natal quanto na Páscoa, mas nos últimos cinco anos eles têm investido cada vez mais na decoração natalina.
“A gente faz por gosto”, garante Lírio. “E cada ano pensamos em fazer mais porque vem muita criança e querem fazer foto”, complementa Jussara. Esse ano, por exemplo, eles incluíram arcos iluminados e também puxaram luzes pelas longas palmeiras do pátio. Ano passado, o destaque foram as luzes no telhado da casa. Para o ano que vem o casal já pensa na confecção de uma casinha para o Papai Noel.
Todo esse empenho demanda tempo. Jussara começa a trabalhar na decoração ainda em setembro, quando confecciona as roupas dos bonecos de Papai Noel. A instalação das luzes leva até três dias. Tudo isso, para manter a tradição. “Se a gente esquecer isso, a gente esquece que um dia foi criança”, pontua Lírio. Para o casal, as luzes da decoração representam o Natal, Jesus e a tradição. No entanto, Lírio e Jussara lamentam que, nos dias de hoje, são poucas as casas que são enfeitadas com luzes.
Em São José do Sul, João Carlos dos Santos Machado mantém viva uma tradição que iniciou há 20 anos: a decoração com luzes da residência de Roni Brand, sua sogra. O assessor residencial conta que o processo de enfeitar a casa do estilo enxaimel foi interrompida nesse longo período, mas foi retomada há dois anos. “A motivação para a continuidade da decoração de Natal da casa da vó Roni é que ela gosta muito de ver a casa decorada e os filhos e netos também ficam felizes com a iluminação – e também pelo espírito de Natal”, afirma.
“A casa da vó Roni é um local de referência para a família. Todos os anos nos reunimos para celebrar o Natal e a casa toda iluminada deixa tudo mais bonito”, ressalta João Carlos. A decoração é toda feita por ele, num processo que leva 10 horas para ficar pronto. Além da casa no interior de São José do Sul, João Carlos também enfeita sua casa em Porto Alegre.
“O significado que a decoração tem para mim é contribuir para manter sempre vivo o espírito de Natal e transmitir para quem vê as luzes uma alegria contagiante. Torço para que outras famílias também decorem suas casas”, diz João Carlos. A torcida dele se mostra válida e bem recebida por diversas casas na própria São José do Sul e em outras cidades da região.
Na fé, luz representa Jesus
A direta relação entre Natal e religião às vezes fica um pouco de lado diante do consumismo que também representa a época, no entanto nunca é esquecido que a data marca o nascimento de Jesus. Nesse sentido, as luzes da decoração natalina ganham um significado especial dentro da religião.
O padre Diego Knecht explica que, no contexto cristão, foi visto que a humanidade se desviou do caminho e Deus propôs trazer aquele que é a luz para clarear o caminho. “As luzes que usamos querem sempre recordar que Jesus é essa luz que nos ilumina e nos tira da escuridão. Para nós, a luz é Jesus, que é o rei, que é a paz e que é a luz do mundo”, afirma. Ele lembra que essa representação vai para além das luzes usadas nos pinheirinhos ou na decoração das casas, sendo também representada pelas velas – que, por exemplo, são utilizadas durante o advento.
O pastor luterano Charles Werlich reforça que o simbolismo da luz é ricamente enfatizado e explorado nesta época do ano e recorre à Bíblia para lembrar as palavras do próprio Jesus, ditas em João 8.12: “Eu sou a luz do mundo. Quem me segue nunca andará na escuridão, mas terá a luz da vida”. “Jesus também nos desafia a sermos luz uns para ou outros e afastar a escuridão quando diz ‘Vocês são a luz do mundo’, em Mateus 5:14”, enfatiza.
Charles entende que através das luzes do Natal as pessoas alimentam sua fé e também são desafiadas a serem luz para o mundo. “Cristo, a luz do mundo, convida-nos a nos tornarmos luz, alegria e felicidade para as outras pessoas. Isso exige doação de si mesmo, como a vela que se consome para poder iluminar”, reflete.
Luz como representação da esperança
Em Maratá, o tradicional espetáculo da programação Magia do Natal teve como tema “Luzes da Esperança”. De acordo com a secretária municipal de Turismo e Desporto de Maratá, Jeniffer Stein Follmann Dilli, a temática foi escolhida como forma de passar uma mensagem positiva. “A gente quer terminar o ano com muita esperança e renovando a nossa esperança em um futuro melhor”, afirma.
“O Natal é uma época festiva, um momento de alegria, mas também de reflexão. As luzes iluminam nosso caminho e renovam a nossa esperança”, destaca Jeniffer. Segundo a secretária, as luzes presentes no espetáculo tinham como objetivo levar a mensagem de que mesmo nos momentos difíceis a esperança sempre pode iluminar a vida das pessoas. “No início do espetáculo, nossos grupos cantaram ‘Noite Feliz’ e, nesse momento, os lampiões iluminaram o nosso ginásio de esportes e nossa população, visitantes e turistas foram convidados a ligarem as luzes de seus celulares, mostrando também toda essa simbologia de renovação e de esperança”, conta.