Longe de casa, alunos-soldados lutam contra a saudade para realizar sonho

LAÇOS criados na Escola de Soldados da BM são comparados aos de uma grande família

Jonata Zeferino Moraes, de 28 anos, natural de Grão- Pará (SC) integra o corpo de alunos-soldados, da Escola de Formação e Especialização de Soldados (ESFES) de Montenegro, que veio de longe para o Estado, na busca de realizar o sonho de se tornar policial militar. Assim como ele, para alcançar a meta profissional, muitos homens e mulheres precisam deixar para trás suas cidades e famílias. A “troca” da vida civil pela militar requer dedicação e força de vontade, mas, também se alicerça no companheirismo entre os colegas e com o corpo docente da instituição de ensino.

Jonata Zeferino Moraes quer se tornar PM para realizar o sonho que seu pai não conseguiu concretizar

Os desafios de quem quer se tornar policial militar vão além de passar em concurso público e nas fases do processo seletivo. Há mais de cinco meses longe de casa, os alunos-soldados esperam ansiosos pela formatura, prevista para ocorrer em setembro. Enquanto a data não chega, eles aproveitam para obter conhecimento e criar laços de amizade na escola. Para Jonata, a acolhida na ESFES é ainda mais importante, pois, em abril de 2021, com o falecimento do pai dele, seu Fernando Luiz Moraes, uma lacuna foi aberta em sua vida.

Jonata relata que ser policial militar era um dos sonhos do pai, que acabou não se realizando. Agora o filho tenta superar a saudade do restante da família para concretizar o objetivo almejado em conjunto com seu Fernando. “Desde pequeno me senti atraído pela profissão. Entrei aqui por causa do meu pai. Prometi que iria realizar esse sonho dele”, diz Jonata.

O tenente Fernando Pastorio, comandante do corpo de alunos da ESFES, relata que a acolhida dos alunos-soldados é tratada de forma cuidadosa pelo Departamento de Ensino da Brigada Militar (BM) e, também, pelo diretor da escola de Montenegro, major Iber Augusto Giordano. “Tratamos essas pessoas de forma que se sintam em casa. Não queremos que, diante da pressão do curso, elas desistam”, comenta Pastorio. “Nosso pelotão tem um clima muito harmônico. Um sempre está ajudando o outro, procurando auxiliar em tudo que é possível. A gente criou uma família aqui dentro”, avalia Jonata, sobre a convivência com colegas e instrutores.

Everton Fernando Rodrigues, 27 anos, de Curitiba (PR), também precisou se adaptar à distância de casa para focar no aprendizado. “A escola me acolheu muito bem. Foi difícil ficar longe da família, dos amigos e de todo aquele apoio que a gente tem em casa”, comenta o aluno. Contudo, desta vez, a distância do lar não é tão grande, se for comparada ao período em que esteve no Exército e se habilitou à outro desafio. “Eu queria participar da Legião Estrangeira, na França. Fui para lá, fiz todo o treinamento, mas devido à pandemia acabaram nos dispensando. Acabei voltando e ingressando na BM”, relata Everton.

Alan, Jonata e Everton deixaram seus estados de origem para se tornarem policiais no Rio Grande do Sul

Casado e com dois filhos pequenos, Everton encontrou nas ligações telefônicas o jeito de suportar a saudade até que a família pudesse vir para Montenegro. Há pouco mais de um mês, o trio chegou para acalentar o coração do futuro PM. Quando questionado sobre o motivo que o fez ter largado a vida que tinha, no Paraná para vir ao Rio Grande do Sul, para se tornar policial a resposta é objetiva. “Passei a pensar mais nos outros que em mim. A segurança pública necessita do nosso trabalho. Se há gente trabalhando para fazer o mal, temos que ter muitos outros dedicados a fazer o bem”, justifica o soldado em fase de formação.

Alan Effting, 28 anos, veio de Blumenau (SC) e já no começo do curso conseguiu trazer a esposa para morar em Montenegro. A adaptação à cidade ocorreu rapidamente, contudo, ele ainda tem esperança em passar no concurso para a PM de Santa Catarina, e voltar ao convívio com o restante da família. “Estou aqui porque há um sentimento pela profissão. Quero, de alguma forma, contribuir com a sociedade”, pontua.

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