CANDIDATA A vice na chapa de Ricardo Kraemer conta como iniciou a sua militância política e de que forma vai atuar no governo
Quem é Liliane Melo?
A Liliane, antes de tudo, é mãe, é avó. Tenho o maior orgulho de dizer que já tenho dois netos; com o terceiro a caminho. Sou Técnica de Enfermagem. Eu atuei durante oito anos no Hospital Montenegro, no Lar Sagrada Família. E eu gosto muito de Política. Nunca tinha me envolvido como dessa vez. Não sou política. Mas tenho muito orgulho de carregar meu sobrenome, Melo. Meu pai é uma pessoa que me deu uma estrutura de vida muito grande; um legado. Ele atuou muito tempo na Escola São João Batista com os adolescentes; então, ser filha do seu Melo é um peso e uma responsabilidade boa.
O que a levou a concorrer como vice-prefeita?
Há alguns anos, fui candidata a vereadora. O convite do professor Ricardo para acompanhá-lo pesou bastante. Eu acho que tá na hora da mulher vir pra Política, acentuar isso na nossa cidade. A gente tem muito a contribuir pra nossa cidade. E a plataforma do professor Ricardo, os pés no chão, a transparência, uma gestão qualificada… foi o que me me levou a tomar essa decisão.
Em que momento iniciou a militância?
No início, a idéia era só acompanhar o meu esposo, Cláudio Tenório, auxiliando ele na caminhada, porque ele vem no PT já há muitos anos. Aos poucos, o convite veio. Não foi uma decisão fácil; até porque eu não sou política. Eu atuei em vários movimentos sociais aqui em Montenegro, mas nunca com essa pré-disposição para a Política. Foi onde me disseram que eu já fazia Política e não sabia, quando foi levantada a bandeira do Hospital Montenegro. Em 2005, ficamos sem salário por alguns meses. Não tinha material para trabalhar. Não tínhamos alimentação para os diabéticos, por exemplo. Então, começou-se um movimento dos funcionários. Estava em Uruguaiana quando meus colegas me ligaram pedindo que eu assumisse a liderança desse movimento. Na época, nós tínhamos o Sindicato da Saúde, que não era atuante; e eles me procuraram e eu aceitei defender essa bandeira, primeiro dos funcionários. Foi onde começou a luta. Foram várias idas e vindas a Porto Alegre, ao Conselho Estadual de Saúde, ao governo. Fomos até Brasília, onde conseguimos emendas parlamentares para Montenegro. Nessas conversas, a gente levantou a bandeira do Hospital 100% SUS.
Mas, num primeiro momento, não virou 100% SUS…
Isso aí. Na época, as senhoras da Oase estavam com os seus patrimônios comprometidos. Então, a gente foi buscar ajuda junto à comunidade montenegrina e recebeu apoio de pessoas e empresas. Veio a participação, no primeiro momento, para salvar o hospital, para que ele mantivesse as portas abertas. Uma vez que a instituição é fechada, a burocracia para reabrir é muito grande. Eu vim a participar, depois, do conselho administrativo do Hospital, representando os funcionários. Foi uma luta difícil, mas o Hospital está aí. Ali foi a base pra mim.
A Prefeitura passou a comprar serviços da instituição. Isso ajudou?
Eu acho que poderia ter sido maior a participação da Prefeitura. Por várias vezes, a gente marcou audiências com o prefeito Percival. Em muito poucas ele participou. Na época, o doutor Polett era vice e fomos recebidos por ele; e o respaldo da Prefeitura poderia ter sido melhor, com certeza.
E depois, na transformação m 100% SUS, qual foi sua participação?
As audiências públicas foram fundamentais. A gente foi até Brasília para encaminhar isso, mas, infelizmente, depois eu fui afastado do Hospital em função do movimento.
Pela atual direção?
Não. Foi antes da troca. Eu acho que aí pesou mais a questão do movimento em si. Eu não sei dizer o critério, mas grande parte dos servidores foi afastada em função disso. Eu não fui a única. A comunidade até não entendia por que, mas eu fui afastada.
O candidato Ricardo disse que a senhora tem grande habilidade para lidar com pessoas e que poderá atuar tanto na Saúde quanto na Ação Social. Que papel pretende desempenhar?
Eu pretendo caminhar ao lado do professor Ricardo. A gente pensa em conjunto o nosso trabalho. Eu gosto de trabalhar com as pessoas, mas não definimos se vai ser na área da Saúde ou não. Mas eu acredito que eu possa contribuir bastante, sim.
Ano passado, a Secretaria da Saúde assumiu o Plantão 24 Horas, que funcionava no HM.
Qual a sua avaliação?
Com certeza, foi eficaz. Ter uma referência lá na Assistência é fundamental. Eu acho que ela pode ser ampliada. Hoje, se compra exames e consultas fora de Montenegro. Isso pode ser melhorado. Conheço pessoas do interior que fazem tratamento de câncer em Porto Alegre e, num dia, vão para marcar a consulta e o exame; aí num segundo dia tem que ir levar o paciente. Essas pessoas trabalham. A gente tem que pensar nisso. Geralmente, a pessoa doente está debilitada, então precisa de alguém que acompanhe. É um custo pro Município mandar pra lá para fazer o exame e a consulta. Isso pode ser repensado.
Montenegro possui inúmeros serviços de saúde na iniciativa privada. De que forma a Prefeitura pode aproveitar esses potenciais para que também a população de baixa renda se beneficie dessa estrutura?
Firmando parcerias com esses consultórios e clínicas. Com certeza, aí a gente vai conseguir ampliar e dar um atendimento qualificado aqui no nosso Município, valorizando o nosso profissional daqui; valorizando o trabalho de Montenegro.
Existe muita pressão para a realização de procedimentos como Quimioterapia e Radioterapia na cidade. Isso é possível?
A gente não parou pra discutir especificamente isso, mas, com certeza, reduziria custos para o Município. Para quem tem um familiar que passa por isso – eu perdi a minha irmã faz quatro meses – é muito difícil acompanhar fora daqui. O paciente já chega debilitado. Ele volta mais debilitado ainda em função da Quimioterapia. Então, se tivéssemos essa atenção aqui, seria mais indolor, mais humano. Porque não é só a pessoa que adoece; a família adoece junto.
A senhora tem uma atuação intensa no Movimento Tradicionalista. Que valores e experiências vividas nesta área poderá levar para o governo?
Eu acho que, acima de tudo, o comprometimento e a lealdade. Isso é uma bagagem que eu trago de dentro do tradicionalismo. É como eu digo: ‘É um lugar onde ainda participa o avô e a neta sem constrangimento’. Porque um avô e uma avó entram com um neto ou uma neta dentro de um CTG e eles não vão ser melindrados em momento algum; muito menos a criança ou o adolescente. Eu sei por mim. Entrar com o meu avô, com 103 anos, para mim era um orgulho. Inclusive, o Município pode se apropriar disso. O conhecimento pode ser mais divulgado. Há quatro anos, foi feito um projeto em nível regional – meu pai assumia a 15ª Região Tradicionalista – em cima da Cultura. Teve locais, teve municípios da região que receberam árvores para plantio. A gente fez trabalho com teatro e apresentações de conjuntos locais; sempre procurando incentivar a cultura local, mostrar nosso potencial.
Algumas pessoas dizem que, nessa campanha, o PT escondeu a estrela, seu maior símbolo. Foi proposital?
Não. Estou usando a minha aqui. Tenho o maior orgulho de usar porque é o começo de tudo. Eu acho que foi um lapso. Com certeza, tanto eu como o professor Ricardo ou qualquer um dos vereadores da nominata, têm o maior orgulho do partido. A corrupção de que nos acusam, é histórica e vem de muito antes do PT.
Por que os eleitores devem confiar seus votos a Ricardo e Liliane?
Nós nunca tivemos a caneta na mão. Então, eu peço aos montenegrinos que confiem na gente. Mesmo não tendo a caneta na mão, têm várias emendas parlamentares que vieram a favorecer Montenegro. O próprio Carlos Batista, que é da administração do Hospital, veio indicado pelo PT. A gente tem emendas parlamentares do Henrique Fontana, da Maria do Rosário e de outras deputados, em várias áreas. Se, dessa forma, a gente já consegue agregar; estando à frente da Prefeitura, com muita transparência, clareza e pé no chão, a gente vai melhorar a vida das pessoas e transformar essa cidade.