Na época de temperaturas mais quentes, muitas pessoas aproveitam o clima para iniciar a prática de exercícios físicos, o que é muito importante para um estilo de vida saudável. Mas vale lembrar que a inserção de qualquer exercício deve ser feita gradativamente e com cuidados, evitando contratempos, como lesões. Luis Morales, ortopedista e traumatologista, explica que o primeiro passo para iniciar modalidades de atividades físicas é uma autoavaliação do estado físico. Ou seja, determinar o tanto de exercício que você já faz para definir a capacidade do seu esforço, assim como o tipo.
“Se tu não faz exercício nenhum, deve partir desde o zero e programar uma atividade gradativa, iniciando com caminhadas. Progressivamente, leve elas para todos os dias, assim, evitando o desgaste muscular e osteoarticular”, resume. Segundo o médico, em cerca de quatro semanas neste ritmo o corpo já conseguiu se preparar para esforços maiores como corridas e outros tipos. Conforme Morales, se você já tem histórico de atividade física, pode ter um período mais curto de preparo, como duas ou três semanas. “Já depois deste tempo poderia se realizar um esforço de maior intensidade”, afirma.
O médico pontua como fundamental manter uma boa hidratação, alimentação leve horas antes de praticar a atividade e também ter a indumentária adequada para cada tipo de exercício. Destaca as principais lesões: fraturas por estresse, lesões tendinosas tipo rupturas totais ou parciais, lesões osteocondrais, lesões miofibrilares tipo ruptura, tendinites e sobrecargas musculares.
Cuidados básicos podem prevenir lesões
Assim que decidir iniciar uma rotina de exercícios, seja qual for, tenha em mente que aquecimento e alongamento são sempre importantes. Isso permite que o corpo se prepare para realizar as ações antes de começar. Os aquecimentos e os alongamentos proporcionam melhora da postura corporal; aumento da flexibilidade do corpo; movimentos mais amplos e precisos; relaxamento muscular ao fim da atividade; melhora na circulação sanguínea, além de reduzir o risco de lesões.
Quando alguém inicia um exercício físico, a empolgação é importante aliada, mas pode facilmente se tornar a vilã. Algumas pessoas ultrapassam os limites do próprio corpo, gerando lesões e, consequentemente, provocando problemas de médio a longo prazo. Por isso, esteja atento aos sinais que o corpo dá, como dores após a realização de atividades ou dificuldades na realização do exercício. Com cuidado, é possível aumentar gradativamente a intensidade das práticas. Algumas vezes as pessoas só notam a lesão quando ela já está evoluindo para outro quadro.
Outra dica de ouro é a atenção com a falta de orientação profissional durante a prática de exercícios, já que potencializa as chances de execução com erro que levam às lesões. Faça uma periodização de treinos com um especialista na área. Também faça uma avaliação médica antes de iniciar sua rotina de exercícios. Isso é importante porque, muitas vezes, temos limitações ainda desconhecidas e que exigem atenção, pois podem representar maior risco de lesões. Um especialista vai saber te orientar sobre seus pontos de atenção, assim como quais atividades são as mais indicadas para você e sua condição física.
Segundo Morales, lesões têm relação com cargas de peso excessivas, trauma de repetição, esforços muito prolongados ou sobrecarga de exercícios que não eram costume. “Todos estes problemas perdem porcentagem no risco de aparição dependendo do estado físico prévio e no início gradativo do esforço e do tipo de exercício a desenvolver”, reitera.
Se lesionar, fique atento!
Segundo o ortopedista Morales, se existir uma lesão aguda que evidencie dor intensa, limitação funcional ou deformidade, o atendimento profissional deve ser buscado imediatamente na emergência. “Provavelmente seja uma lesão de maior gravidade que precise ajudas diagnósticas e tratamento especializado de urgências”, afirma. Se for uma lesão de início lento, ele afirma que os sintomas tendem a ser menos intensos. “Deve-se procurar um ortopedista para realizar o diagnóstico clínico, iniciar tratamento e iniciar o processo com diagnósticas complementares”, salienta.
É importante lembrar que o atraso no diagnóstico pode levar a sequelas estruturais, funcionais e estéticas, por isso, no caso de lesão, fique atento. Lesões não tratadas ou mal tratadas podem causar limitações, dependendo da gravidade do traumatismo. Em alguns casos, deixam sequelas que provocam sintomas e incômodos crônicos. Sendo assim, é muito importante identificar corretamente cada uma dessas lesões e adotar o tratamento adequado.
Fases no processo de cura
Todas as lesões musculares passam por três fases no processo de cura. Em primeiro, a destruição, que inicia-se de 6h a 24h após o trauma e se caracteriza pela ruptura e a possível formação de um hematoma entre os cotos do músculo rompido e uma reação inflamatória. Após, vem a reparação, que inicia após 72h da lesão e se estabiliza em torno de 15 dias. Esta se caracteriza pela produção de uma cicatriz de tecido conectivo, assim como a revascularização por crescimento de capilares na área lesada. Por último, a remodelação que se concretiza entre 15 a 60 dias após a lesão, se caracteriza pelo período de retração e reorganização do tecido cicatricial e recuperação da funcional capacidade do músculo.