Poucas vezes uma feira científica teve tantas lágrimas de alegria como o evento da Adolfo Schüler. A Comunidade Escolar do bairro Panorama reservou a quinta-feira, dia 16, para homenagear a professora Gleci da Silva que, após 20 anos dedicados à Educação Infantil, se aposentou em setembro. Com sabedoria, a escola reuniu o legado da docente na luta pela Igualdade Racial e a culminância do Projeto Anual “Aprendendo pelos Caminhos da Diversidade” na Exposição Consciência Negra Professora Gleci da Silva.
A diretora, professora Jaine Silva, explica que o tema foi escolhido pelo corpo docente, perpassando o ano letivo e as turmas do Berçário ao 5º Ano do Fundamental. “Procuramos trabalhar as questões de valores e respeito”, declara. Os alunos falaram de pessoas negras, LGBTQIA+, estrangeiros e com obesidade, enfrentando o “bullying”, em atividades de acordo com suas idades. Neste contexto foi inclusa as variadas formas de aprender, considerando aqueles estudantes que têm dificuldade com o método tradicional de ensino, mas apresenta desempenho com atividades cognitivas.
“Abordamos, de forma geral, aquilo pelo qual a comunidade vem gritando: amor e respeito”, finaliza Jaine. Os trabalhos resultantes foram expostos no pátio coberto, revelando inúmeras formas de abordagem lúdica. Ela recordou então que, a cada passo a comissão organizadora da Exposição se questionava o que a colega Gleci pensaria a respeito e como faria aquilo. Foi assim que reconheceram seu legado e que seria justo homenageá-la dando seu nome à feira.
Respeito o ano inteiro
A homenageada chegou praticamente desfilando, usando com ogulho turbante e vestido Afro. Foi aplaudida e abraçada por colegas e alunos, muitos dos quais foi professora na Pré-escola e hoje são formandos no 5º Ano. Essa turma inclusive apresentou uma coreografia em homenagem a profe. Outros esperaram o final da cerimônia para chorar nos braços daquela grande conselheira.
As meninas do 3º e 4º, Ayra Luiza Pereira Xavier, 8 anos; Micaela Tauanã Lima da Rosa; Pyetra Manoela Lopes Krug; e Thais Santana dos Santos, todas com 9 anos, optaram pelas tradicionais cartinhas. Gleci também recebeu homenagem do Grupo Ético Racial da Secretaria Municipal de Educação (Smed), onde também concentrou suas forças, tornado-se referência.
“A Consciência Negra não deve ser apenas nesta semana. Precisamos trabalhar o tema o ano todo, e sobre todas as diferenças”, declarou ao Ibiá. A professora confirma que a abordagem tem mais resultado quando feito na tenra idade, que também levam a mensagem de respeito para casa. “Assim começamos a mudar a sociedade. Da Escola para fora”, declarou.