Candidato a deputado estadual, Waldir João Kleber nasceu em Teutônia, em 1953, filho de um pequeno industrial. Na juventude, foi estudar em Porto Alegre e cursou Medicina na Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Após a conclusão do curso, passou a clinicar na área de Urologia em Montenegro. Desde a juventude, é militante do PMDB, hoje MDB, cujo diretório na cidade chegou a presidir na década de 90. Na Medicina, além do consultório e da atuação no serviço público, tem uma longa história de dedicação à Unimed Vale do Caí, cooperativa da qual foi presidente em duas gestões. A liderança à frente da entidade rendeu a Kleber um convite para presidir a Associação Comercial Industrial e de Serviços (ACI de Montenegro e Pareci Novo), cargo que exerceu por dois mandatos.
Jornal Ibiá – Apesar de sua forte atuação em diversas áreas, incluindo a Política, este é seu primeiro contato com as urnas. O que o fez sair dos bastidores?
Waldir Kleber – Atendi a consultas por mais de 30 anos no PAM (Posto de Atendimento Médico) e me aposentei. Então resolvi dedicar parte desse tempo que sobrava a trabalhos comunitários. Presidi a Apae por dois anos e meio e depois a Associação Comercial, onde tive a oportunidade de conhecer a realidade das pequenas, médias e grandes empresas da nossa região. E recebi um convite da Federasul para me colocar à disposição para achar soluções aos problemas. Vamos parar de criticar e dizer que está tudo errado, vamos apresentar soluções.
JI – Em sua trajetória, o senhor conheceu e vivenciou as dificuldades da saúde pública, como servidor, e privada, por meio da Unimed. Como deputado, qual segmento o senhor vai defender?
Kleber – Vou atuar especialmente na saúde pública, porque a saúde privada, a que mais ou menos 25% dos brasileiros têm acesso, através de diversos planos de saúde, ela tem sua mecânica e funciona relativamente bem. Eu trabalhei durante 15 anos na Prefeitura de Triunfo, assim como aqui em Montenegro, por mais de 30 anos. A gente fica triste quando um paciente nos procura e a gente faz o diagnóstico de uma doença grave, como um câncer, por exemplo, e a pessoa volta meses depois pedindo pra fazer um novo encaminhamento porque aquele não deu certo. Então, é inaceitável que as pessoas tenham que se submeter a tais tempos de espera e com a piora da doença. Saúde pública é o foco principal, apoiando o Hospital Montenegro, o hospital do Caí, enfim, todas as estruturas terciárias que a gente tem na região. E também todo o atendimento básico e de especialistas, que muitas vezes tem demora de anos.
JI – É comum a reclamação dos prefeitos, de que estão sendo obrigados a assumir novas atribuições e os recursos que vêm dos governos Federal e Estadual são cada vez menores. Qual a solução?
Kleber – A primeira coisa é definir claramente a responsabilidade do governo Federal, do Estadual e do Municipal. É comum que aconteçam convênios, tipo o Samu, que parte é do Município e parte é do governo Federal. Aí, a cada seis meses, o governo Federal para de encaminhar recursos e a Prefeitura tem que assumir tudo. Tem que ter contratos claros e respeitados. Como alocar mais recursos na Saúde pública? Primeiro, temos que trabalhar para que os governos tenham equilíbrio e sobras para investimentos. E tem que ser equilibrado não aumentando, mas reduzindo alguns impostos, e fazer com que volte o crescimento econômico. O governo Trump, nos Estados Unidos, reduziu os impostos para pessoa jurídica e o crescimento econômico americano foi de 4,1% no último trimestre. Às vezes, parece contraditório, mas não é. Dá pra reduzir impostos e ainda assim aumentar a arrecadação.
JI – O senhor concorre a deputado pelo MDB, de José Ivo Sartori, candidato à reeleição; e Michel Temer. Isso ajuda na hora de pedir votos ou atrapalha?
Kleber – Atrapalha. Ninguém quer o Temer ao lado pra propaganda eleitoral, pra entrevista e tudo mais. Eu tenho a impressão que, não só o Temer, mas outros dirigentes, não têm aquela estatura de estadista. Vamos usar um exemplo: se apresentou uma proposta de reforma da Previdência que aumenta a idade para a aposentadoria, mas o próprio presidente e ministros dele se aposentaram mais jovens que esse limite e ganham cerca de R$ 50 mil por mês. Um estadista talvez apresentasse a mesma proposta e abrisse mão dessa aposentadoria, que tinha base legal, mas inadequada. São coisas que se vê em outros países e esses lugares não são feitos de alienígenas, mas de pessoas como nós. Só que aqui a gente acha que direitos e vantagens adquiridos há muito tempo não podem ser retirados. Acho que tudo tem que ser revisto, ainda mais numa situação de crise aguda de 13 milhões de desempregados.
JI – O senhor defende a redução da carga tributária, mas está numa legenda que aumentou o ICMS no Estado.
Kleber – O coitado do Gringo pegou a pior situação no Rio Grande do Sul, desde que me conheço por gente. O Paulo Brossard era senador, lá nos anos 80, e ele já dizia que a liberação de empréstimos pelo Senado ia deixar o Rio Grande numa situação de não poder pagar seus funcionários, no futuro. Agora, na gestão do Sartori, se chegou a isso. Não tem limite de endividamento, não pode tirar empréstimo, gastaram todos os depósitos judiciais, onde havia uma gavetinha com dinheiro, já se gastou. Então, agora a única situação é ter que aumentar a alíquota de impostos. Mas volto a dizer que existe sim um espaço para reduzir impostos e, ainda assim, aumentar a arrecadação. Mas tem que trabalhar algumas isenções que não podem se manter, e fazer com que a economia volte a crescer. Na dívida do Rio Grande do Sul, por exemplo, tem que fazer um grande acordo nacional e dividir isso em 100 anos. Pagar uma pequena parcela para fazer com que a gente possa, novamente, voltar a investir e fazer as empresas contratarem, as pessoas voltarem a ter emprego. Com isso, a arrecadação volta a aumentar.
JI – A que isenções o senhor se refere?
Kleber – Existem setores que não contribuem para a Previdência. Não acho certo, afinal, quando os funcionários daquele setor tiverem idade, irão se aposentar. Eu acho que todo mundo tem que pagar, talvez, uma alíquota menor. Assim como o trabalhador que não tem contrato pela CLT e muitas vezes acaba pagando apenas alguns anos. Tem que se estudar uma maneira para que todos contribuam. E aí vamos ter a oportunidade de zerar esses déficits.
JI – Montenegro e o Vale do Caí têm estradas esburacadas, estreitas e sem acostamento. Grande parte da produção é escoada por vias sem pavimentação. Como pretende ajudar as comunidades a resolver estes problemas?
Kleber – Minha proposta é trabalhar em Saúde Pública, Educação de qualidade, Segurança e Infraestrutura. É extremamente importante que a gente tenha condições de investir em estradas, em energia elétrica, em hidrovias, ferrovias, internet rápida e tudo aquilo que faz com que uma empresa possa se estabelecer e ter um progresso rápido.
JI – Há espaço para privatizações?
Kleber – Está comprovado, em diversas áreas, que a iniciativa privada consegue melhores resultados na área produtiva. Então, as empresas que pertencem ao Rio Grande do Sul, ou ao Governo Federal, e que podem ser geridas pela empresa privada, não vejo nenhum prejuízo na privatização. A questão das estradas também. A gente não gosta de pagar pedágio, mas também é péssimo estragar o carro em buracos. O governo continua tendo a função de regulamentar e fiscalizar.
JI – De que forma, como deputado, o senhor acredita que pode colaborar para que o Vale tenha mais segurança?
Kleber – Eu me aconselho com pessoas da Brigada e da Polícia Civil e eles me passam que existe um grande espaço de tecnologia e inteligência para se investir e que dará bons resultados. O cercamento eletrônico das cidades, com câmeras ligadas diretamente com a Polícia, para que imediatamente se possa não só encaminhar soluções rápidas, mas também desestimular os crimes, ajudaria. Não é só contratar mais efetivo, comprar armamentos e viaturas. Temos que usar todas estas ferramentas modernas que podem fazer a segurança melhorar.
JI – Caso eleito, como será a sua relação com os prefeitos da região?
Kleber – Hoje, se elege um deputado porque ele é de uma família de políticos, ou jornalista, jogador de futebol ou por ser conhecido. Ele faz votos em todos os municípios e visita essas cidades uma ou duas vezes por ano, por 15 minutos. Que representatividade tem esse deputado para um município específico? Muito pouca. Por isso, acho que cada região deveria ter o seu deputado. E se eu for eleito, quero ter presença constante nos municípios para ouvir dos prefeitos quais são as necessidades e poder dar retorno sobre a forma como se encaminha a demanda feita.
Acompanhe as entrevistas
Para deputado federal
– 18 de setembro – Rodrigo Corrêa
Para deputado estadual
– 19 de setembro – Chacall
– 20 de setembro – Márcio Müller
– 25 de setembro – Nei da Kombi
– 26 de setembro – Paulo Azeredo
– 27 de setembro – Waldir Kleber