Ao longo de dez dias, a convite da Nissan, o Ibiá Motores testou o Kicks top de linha, ou seja, a versão SL CVT equipada com pacote de opcionais denominado Pack Tech, que custa R$ 100 mil. Dono de um design apaixonante, sobretudo pelos seus vincos proeminentes e faróis que “invadem” a carroceria, o crossover não decepciona quem busca uma rodagem mais dinâmica. Em que pese o motor ser de 1.600 cilindradas, a potência de 114 cv deixa o Nissan esperto não apenas nas situações urbanas, mas também rodoviárias e até mesmo em ultrapassagens. Resultado, entre outros fatores, do baixo peso. Tem somente 1.132 quilos.
Em relação a outros modelos da categoria, como a Renault Captur, o Kicks se sobressai em tocadas mais rápidas por se sair muito bem em curvas, sem nenhum balanço de carroceria. Acertadamente calçado em pneus 205/55, de perfil esportivo com aro de 17 polegadas, o modelo possui controle de tração, de estabilidade e, além disso, uma tecnologia inovadora denominada controle inteligente de chassi, que reúne sistemas eletrônicos como controle em curvas, estabilizador de carroceria e controle de freio motor. Na prática, o conjunto dessas funções deixa o carro bem “na mão” do motorista. Outro elemento a passar segurança e controle é sistema de freios, bastante eficiente.
No mercado brasileiro, o Kicks tem se destacado no segmento pelo vasto conteúdo tecnológico. Por exemplo, se você avança com muita rapidez em relação ao veículo à frente, o sensor de colisão emite sinais sonoros e visuais para lhe chamar a atenção diante do risco. As câmeras, que permitem visão 360º graus, facilitam bastante na hora de estacionar (desde que uma sombra ou o sol não atrapalhem a sua visualização da tela).
Para entrar no carro e dar a partida, basta que a chave — esta sim, aquém da proposta do carro — esteja no bolso. Ao desembarcar, até os espelhos externos se recolhem. Neste sentido, há um porém. Quando se entra nele, você não conta de imediato com esses retrovisores para olhar se está tudo ok no entorno. Mas pecado mesmo é a ausência de piloto automático — recurso importante para quem viaja.
Forrados em couro legítimo de tom claro, os bancos não apenas têm aspecto de requinte, como também são largos e confortáveis. Uma pena não haver apoio de braço entre os bancos dianteiros nem saída de ar para os passageiros de trás. A posição de dirigir está bem posta, com amplo ângulo de visão, comandos ao alcance das mãos e regulagem da coluna de direção. Sobra conforto.
No ano passado, o Kicks, produzido no Rio de Janeiro, foi o 22º modelo mais vendido no mercado brasileiro, tendo emplacado 33.464 unidades. Entre os SUVs, ficou atrás apenas do Compass, do HR-V, do Renegade e do Creta. Venceu EcoSport, Duster, WR-V, Captur, SW4, Tracker, 2008, entre vários outros.
Números
Comprimento: 4,29 m
Largura: 1,76 m
Altura: 1,59 m
Entre-eixos: 2,61 m
Porta–malas: 432 litros
Tanque: 41 litros
Ruído interno é ponto fraco
Ao longo dos dez dias de teste, o Kicks revelou alguns aspectos que poderiam ser melhorados pela Nissan, como a busca por mais silêncio a bordo. Os ruídos oriundos do motor ficaram um pouco acima da média para o segmento em que está inserido, sobretudo nas aceleradas mais fortes, quando os giros aumentam — característica até comum em modelos equipados com câmbio automático do tipo CVT.
Já com aproximadamente 10 mil quilômetros rodados, a unidade avaliada pelo Ibiá Motores também apresentou, a partir de 60 km/h, forte barulho na janela do motorista causado pelo atrito com o vento. Era como se o vidro da porta estivesse entreaberto, gerando um incômodo que deveria ser corrigido pela concessionária. Além disto, em ruas com paralelepípedo irregular, sentiu-se rangidos na tampa do porta-malas e na base do banco do motorista num nível anormal para um carro praticamente novo.
Outro aspecto em desfavor do Nissan testado pelo Ibiá Motores foi a central multimídia, que merece elogias pelas diversas funcionalidades (ela até toca CD), mas muitas vezes se desligou sozinha com o carro em movimento. Nem mesmo o rádio ligava em certos momentos. Também perdeu a conexão com o celular pareado e, depois disso, várias vezes não localizou o telefone novamente para parear. Foi necessário esperar alguns minutos e repetir a operação até dar tudo certo.