Kadu suspende terceira faixa na Capitão Cruz

Depois de muita polêmica envolvendo a proposta de mudança na vida, a Administração Municipal de Montenegro acatou pedido de vereadores e anula a decisão

Após pressão por parte da comunidade, a prefeitura de Montenegro recuou da decisão de adicionar uma terceira faixa em uma das principais ruas da cidade, a Capitão Cruz. Em uma ação conjunta, vereadores entregaram, na tarde desta quinta-feira, 29, um ofício que solicitava a reavaliação da alteração, sendo prontamente atendida pela Administração Municipal.

No gabinete do prefeito, os vereadores entregaram o ofício com a demanda da comunidade. Foto: Divulgação Câmara de Vereadores

A nova proposta previa ampliação de duas para três faixas na via, mantendo o estacionamento, ainda, em ambos os lados. O trecho em questão inicia na rua Fernando Ferrari e se estende até a rua Santos Dumont. De acordo com o Departamento de Transporte e Trânsito (DTT), a mudança atende os princípios necessários para sua aplicação, contudo, a novidade não foi bem aceita por grande parte da população, que contestou a mudança.

A alteração passaria a valer a partir da próxima semana. Diante da polêmica envolvendo o assunto, a Câmara Municipal de Vereadores recebeu diversos pedidos da comunidade em geral para que fosse feito algo.

Atendendo a demanda, na tarde desta quarta-feira, 29, os parlamentares foram recebidos no gabinete do Prefeito Carlos Eduardo Müller, onde entregaram um ofício com a solicitação. “Todos os vereadores receberam pedidos de condutores, pedestres e comerciantes que não concordaram com a modificação por acharem que isso poderia piorar a qualidade do trânsito no local”, disse o vereador Talis Ferreira (PR), presente no ato.

Após a reunião, a Administração Municipal acatou o pedido e suspendeu a decisão. Na ocasião, estavam presentes representantes do poder público, entre eles Cristiano Von Rosenthal Braatz (MDB), Maristela Josiane Paz (PSB), Neri de Mello Pena (PTB), entre outros.

Acompanhada do filho, a professora Rita de Cássia da Cunha ficou surpresa ao saber da proposta, que não lhe agradou enquanto pedestre

Sentada na parada ônibus, em frente ao supermercado Imec, a professora Rita de Cássia da Cunha ficou surpresa ao saber da proposta. “Isso é totalmente inviável, não faz sentido algum”, disparou a professora. “Vai ser um transtorno para todo mundo, seja para o pedestre atravessar ou para o condutor trafegar, o espaço vai ficar apertado”.

Entre a população, vários questionamentos surgiram sobre a proposta, como os da artesã Rosani Anschao. “As coisas mudam assim de uma hora para a outra e ficam as dúvidas, como por exemplo, se os cidadãos montenegrinos foram consultados em relação à mudança e, ainda, se essa seria a maior prioridade da rua nesse momento”, disse Rosani. “As alterações são necessárias, mas só fazem sentido se for para melhorar, não deixar pior do que já está”, completou.

Essa não é a primeira vez que a rua é alvo de polêmica. Em 2015, a instalação de uma ciclofaixa no meio da via, uma das mais movimentada no centro da cidade, também dividiu opiniões. Segundo o DTT, a nova proposta atendia e respeitava o trinômio vital em relação ao transito e sua trafegabilidade: segurança, fluidez e conforto.

Antes de saber da decisão oficial da prefeitura, o Presidente do Conselho Municipal de Transporte e Trânsito, Vitor Silva, disse que o assunto provavelmente foi discutido pela entidade no último encontro, quando não estava presente. “Não estou muito por dentro do assunto porque estive ausentei na última reunião, porém, acredito que se a mudança está dentro das normas, não tem problemas”, ponderou o presidente.

Para a empresária Silvia Cristina Machado, a falta de estacionamento é o mais urgente na rua

Mudança prejudicaria comércio local
No comércio localizado na rua Capitão Cruz, a proposta de mudança no trânsito não foi bem recebida. A empresária Silvia Cristina Machado destacou a falta de um estacionamento rotativo como o maior problema da via. “Para o nosso setor, colocar uma terceira faixa na rua só iria piorar nossa situação com relação aos clientes, já que eles teriam ainda mais dificuldade para estacionar, sem contar os caminhões de descarga”, destacou Silvia.

Para a condutora Ilvia Santos, existem melhores alternativas para melhorar o fluxo do trânsito da rua. “Acredito que três faixas com estacionamentos dos lados não faz muito sentindo, mas se tivesse apenas um obliquo seria bem melhor”, opinou Ilvia.

A moradora da Capitão Cruz Maria Izolde Fill teme pela segurança de quem passa pelo local diariamente

Segurança dos pedestres em risco
Moradora da rua Capitão Cruz há 30 anos, a aposentada Maria Izolde Fill, contou que uma mudança da via para três faixas poderia colocar vidas em riscos. “Por morar e poder acompanhar como é o movimento, tenho certeza que uma alteração dessa natureza poderia causar muitos acidentes durante a atravessia de pessoas”, observou a aposentada. “A segurança dos pedestres é minha maior preocupação, principalmente para os mais velhos por terem mais dificuldade de andar e teriam que cuidar de três faixas”.

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