Terceiro encontro teve, além de palestra e debates, olimpíada com corrida de saco, cabo de guerra e corte de lenha
No último sábado, a Sociedade Cultural e Esportiva de Santos Reis abriu suas portas para o 3° Encontro Regional de Jovens Rurais. As edições anteriores aconteceram em Tupandi e Harmonia, respectivamente. Nesta, havida no interior de Montenegro, em Santos Reis, a novidade foi a 1ª Olimpíada Rural, que reuniu pessoas de diferentes locais, como Maratá, Harmonia, Tupandi e Feliz. O encontro foi realizado pela Regional Sindical Vale do Caí e teve o apoio da Emater/RS-Ascar de Montenegro.
De acordo com a coordenadora regional de jovens do Vale do Caí, Jaciara Maria Müller, 27 anos, em torno de 100 pessoas haviam confirmado presença antecipadamente. Com o sábado todo de atividades referentes principalmente à sucessão rural, o período da manhã ficou reservado para palestras e dinâmicas de grupo, que foram ministradas por representantes da Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Rio Grande do Sul (Fetag-RS).
Jovens contaram suas histórias de continuidade familiar do trabalho rural. Seus relatos trouxeram importantes assuntos à tona, como as políticas públicas para produtores do campo. Antes do almoço, eles foram convidados a aprender o grito de guerra para as olimpíadas, que ocorreram à tarde.
Manifestando não apenas uma proclamação, mas também protesto e resistência dos que contribuem de forma tão significativa com a sociedade, o grito “Juventude, onde é o seu lugar? Sindicato é o seu lugar” foi entoado.
Maria Regina da Silveira, presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Montenegro, contribuiu para que a proposta fosse colocada em prática no sábado. Diversas famílias se divertiram, almoçaram e participaram das atividades trabalhando conjuntamente e trocando experiências.
Perfil do Jovem do campo
De acordo com a diretora estadual de Jovens, Diana Hahn Justo, uma das representantes da Fetag no encontro, o propósito das reuniões é ouvir o que o jovem do campo tem a dizer, conhecer seu perfil atual e reforçar a convivência entre jovens de cada região. “E abordar principalmente a sucessão rural, que é muito importante. Hoje em dia, os filhos têm optado por trabalharem meio turno na cidade para conseguirem ampliar a propriedade e investir nela, mas muitos pais ainda demonstram resistência a esses novos modos de trabalhar”, enfatiza Diana.
O debate, segundo ela, também é de extrema importância para desenvolver esse diálogo entre pais e filhos. Outro detalhe destacado pela diretora é a importância que os jovens rurais têm conferido ao estudo para que possam aplicar o conhecimento adquirido na propriedade familiar.
Entre pesquisas e leituras, questionamentos importantes também foram trazidos por Diana, como por exemplo, o das políticas públicas para produtores rurais.
“Elas são suficientes para o jovem de hoje ou precisamos rever novas? O que sabemos é que as disponíveis atualmente estão estagnadas. Meio rural não é só agricultura. Tem toda uma complexidade envolvida. Precisamos conhecer os jovens que estamos representando”, conclui.
1ª Olimpíada Rural: pura diversão
Família que produz unida permanece unida. Foi nesse espírito de auxílio mútuo, carinho e diversão que os jovens foram motivados pelas famílias e equipes para a corrida no saco, dançarem equilibrando laranjas e participarem do jogo de perguntas e respostas sobre conhecimentos gerais.
Cortar lenha com serra manual e rachá-la com machado foram outras tarefas. Foram até fáceis se comparadas com o cabo de guerra. O propósito da interação era fomentar, principalmente, o trabalho em conjunto. “Na olimpíada, nós também pontuamos cada equipe que trouxesse uma criança junto para reforçar a importância da família”, destaca a coordenadora Jaciara.
O único critério para os mais novos que se interessaram em participar era ser filho de agricultor. “E ainda reservamos dois troféus para os sindicatos que trouxeram mais jovens mulheres. Como nos outros encontros era apenas futsal, as meninas não participavam. Muito porque as formas de jogar entre homens e mulheres são diferentes. Por isso nós resolvemos incentivar, dessa maneira, a participação feminina nesta edição”, diz Jaciara.
E para as crianças não ficarem de fora, teve uma programação toda especial de recreações para elas. Ovo na colher, descascar amendoim e bergamota, brincadeira de Stop Rural, apenas com palavras que as crianças conhecem do seu meio rural, e Fla-flu, fizeram a alegria da criançada.
Andriele Hoerlle, filha de Renato Luis Toesca e Julice Hoerlle Toesca, foi ao evento também para participar da olimpíada. Pela primeira vez, a família compareceu ao encontro. “É interessante para conhecer a história de cada um, ouvir opiniões. É uma forma de incentivo para o jovem permanecer mais na agricultura, né?!”, afirma Julice.