Conquista. Quase um ano depois, a montenegrina vence obstáculos e obtém a sua Carteira de Habilitação
Em janeiro de 2018, o Jornal Ibiá publicou uma matéria com Josiane Lencina da Luz, a Josinha, sobre sua trajetória de vida. Portadora de nanismo, a assistente de escola relatou na época a frustração com os Centro de Formação de Condutores da cidade por não haver carros adaptados para deficientes físicos. Um ano depois, Josinha conseguiu a sua CNH. No processo, que durou quase um ano, ela enfrentou toda sorte de dificuldades até alcançar a tão sonhada conquista.
“Fiz as aulas teóricas em Montenegro, em abril, mas fui encaminhada para Canoas para as aulas práticas”, conta. Quando descobriu que não poderia continuar com a formação em Montenegro, Josinha decidiu lutar pelo seu direito, mas se viu obrigada a seguir com as aulas em outro lugar. “Batalhei, conversei com eles, me informei, só não segui adiante com o processo na Justiça pelo atraso que isso causaria no andamento da minha CNH”, revela.
Josinha foi a Canoas para realizar as aulas práticas, por indicação do CFC em que fez as aulas teóricas. “Foi o primeiro local que eu tentei. Se não fosse possível, ia para Porto Alegre, já que, na minha cidade, onde eu tenho todo o direito do mundo como qualquer outra pessoa, eu não pude fazer.”
A montenegrina então teve de esperar dois meses para o começo das aulas práticas, pois o carro adaptado do CFC escolhido, em Canoas, não era automático, requisito exigido no laudo médico da assistente de escola. Com a demora para o carro ser novamente adaptado, ela começou as aulas práticas somente em 18 de junho de 2018.
Quase um ano depois do início do processo, Josinha foi habilitada no dia 23 de janeiro de 2019. “É uma questão de independência, liberdade, necessidade. Não é fácil depender dos outros para se locomover. Agora eu posso ir para qualquer lugar a qualquer momento. Agradeço a todos que me ajudaram até então, principalmente ao meu pai, que sempre me ajudou quando eu precisava. Mas agora não preciso mais ‘incomodar’ ninguém com isso”, brinca, bem-humorada, a nova condutora.
A montenegrina também acha que isso é um incentivo para outros portadores de deficiência que sonham em tirar a primeira habilitação. “Que corram atrás, que lutem, mas que consigam isso aqui em Montenegro. Que iniciem e terminem na sua cidade, pois essas pessoas têm todo o direito do mundo pra isso. Os dois CFCs daqui não têm carros adaptados, apesar da demanda existir. Eles acham que não vale a pena e encaminham os alunos para outras cidades, mas quem sabe, se houver a persistência e união de quem precisa, essas pessoas vão conseguir.”
Com todo o processo finalizado e a CNH em mãos, Josinha realizou um sonho e agora vai atrás do carro próprio. “Eu estava esperando muito por isso, muito, muito, muito. Toda a questão de independência, liberdade, responsabilidade não só comigo, mas com as vidas que lidamos no trânsito. Já estou pesquisando um carro adaptado, gostei muito do que usei para fazer as aulas. Ressalto aqui que deficientes físicos têm até 30% de desconto na compra de um carro novo, então vale muito a pena”, incentiva.