Longevidade. Montenegrino celebra 106 anos de idade, com muita disposição e ainda com um sonho a realizar
João Osvaldo Ferreira completou 106 anos de idade nesse domingo,16. Ele nasceu em Montenegro no longínquo ano de 1912, mas ainda lembra de quando a cidade tinha duas ou três casas e apenas um médico. Com uma memória de dar inveja a muitos jovens, ele fez questão de vestir uma camisa apropriada e passar perfume para receber a reportagem do Jornal Ibiá e relatar suas memórias. Ao lado da nora Ereni Ferreira, de 70 anos, a qual ele considera como uma filha, seu João revelou detalhes de seu dia-a-dia de homem centenário.
Ele ainda comemora a união familiar durante sua festa de aniversário, realizada nas instalações do clube do Renner. “Tava muito lindo”, avalia, feliz pela família que constituiu. Ele casou-se cedo, aos 19 anos, com Altelina Henrique Ferreira. Com ela teve cinco filhos, mas acabou perdendo uma filha vítima de câncer. No ano 2000, a companheira também acabou partindo. Desde então, o aposentado passa temporadas nas casas dos filhos. “Ele sai uns tempos e depois volta”, diz a nora.
João reconhece que adora passear e disposição para isso não lhe falta. “Eu acordo todos os dias de madrugada. Cinco horas da manhã já estou acordado, às sete eu me levanto por que meu corpo começa a doer. Aí tomo meu chimarrão, não posso ficar sem meu mate”, conta. Depois de desfrutar do prazer da tradição, no café da manhã não pode faltar pão com nata, banana e leite. “Meu leite tem que ser bem gordo e com nata”, detalha. Por volta das 10h ele faz um lanchinho. Apaixonado por frutas, a preferida é a bergamota. De manhã, praticamente todos os dias, ele como três, já de tarde consome até cinco unidades. A alimentação pode ser o segredo para tão boa saúde.
Tirando uma eventual gripe, seu João tem saúde para dar e vender. Apenas sua visão está comprometida, por consequência de um derrame ocular, mesmo assim, ele mostra otimismo. “Enxergo uns clarões e tenho fé em Deus que um dia vou voltar a ver.” Ter a visão de volta não é o único desejo do idoso, “jogador de carteirinha” ele sonha ganhar uma “bolada” para poder ajudar quem precisa.
“Ele é nossa relíquia” compara a nora, Ereni
Pedro Carlos Ferreira, 71 anos, é um dos filhos de seu João. Tímido, ele não é muito de falar sobre o pai, mas destaca a satisfação de contar com a sua presença sob o mesmo teto. Já a nora, considera o sogro como se fosse seu pai, sentimento que é retribuído por João. “Ele é nossa relíquia”, diz Ereni, carinhosamente se referindo ao companheiro de rotina. Ela orgulha-se por ser nora, provavelmente, do homem mais velho de Montenegro.
Enquanto Pedro executa suas tarefas, nora e sogro fazem companhia um ao outro. “Eu cuido dele, até o dinheiro eu separo as notas e entrego para ele conferir”, conta. Contar as cédulas, mesmo sem enxergar, seu João consegue. Mas quando o assunto é o número de netos, bisnetos e tataranetos, aí ele se perde nas contas. Pelos cálculos são cerca de 30 netos, 25 bisnetos e mais de 15 tataranetos.
