Caminhoneiro ignora via interditada e gera prejuízos para moradores do bairro Industrial
O morador do bairro Industrial há pelo menos 15 anos, Tiago dos Santos Retegues, 38, está indignado. O motivo é fácil de entender: Durante a enchente da semana passada, mais precisamente na sexta-feira, 10, pela manhã, o motorista de um caminhão ignorou a pista interditada em função da cheia e avançou rua adentro. A atitude gerou uma grande onda no local, causando estragos em diversas residências da rua Otaviano Moojen. Além de Tiago, pelo menos outros quatro vizinhos tiveram prejuízos.
Indignação é o maior sentimento entre os vizinhos
Vidros quebrados, muros derrubados e danos em móveis. Os moradores afirmam que sabem quem é o responsável pelo ocorrido. Após tanto prejuízo, se uniram e entraram em contato com o motorista atrás de esclarecimento e ressarcimento, mas não obtiveram sucesso.
Tiago explica que quando a enchente é grande, como da última vez, nem barco a motor (muito menos automóveis ou caminhões)pode passar pela rua, justamente pelas ondas que podem se formar, gerando prejuízo. O sentimento compartilhado por todos os vizinhos é o mesmo: indignação. “Imagina o caminhão passando. As casas mais frágeis podem até cair com o impacto.
Tô indignado, foi uma falta de respeito”, pontua. Ele teve o muro de sua casa destruído por completo. A enteada Patrícia Först, 26, também moradora do bairro, lamenta. “Levamos tanto tempo para construir. Uma vida toda. Aí vem um caminhão e faz isso, estraga tudo. É difícil”.
Prejuízos foram grandes
Loreci Terezinha Cheron, 55, mora há quase 30 anos no local e afirma que, assim como todos os outros vizinhos, nunca viu isso acontecer antes. A senhora, que também teve o muro derrubado, relata que a situação é muito complicada. “Eu consegui os tijolos para fazer, bem bonitinho, pode ver que estava até pintado. Tinha feito recentemente. A enchente estava muito alta e o caminhão veio muito rápido. Agora com a pandemia eu perdi o meu emprego. Como vou arrumar isso?”
Loreni Dutra Mello, 57, também teve parte do muro derrubado. Moradora do bairro há 17 anos, ela busca por resolução do problema. “Eu quero me unir com meus vizinhos e vou atrás, nem que eu vá para a Justiça. Já somos pobres, moramos aqui na área de enchente e ainda vem um caminhão e faz isso. Eu não quero nem saber, vou pra justiça”, ressalta. Ela ainda conta que o filho tentou impedir a passagem do caminhão, mas não conseguiu.
Juliana de Oliveira Querate, 44, que também reside no local há pelo menos 15 anos, teve diversos prejuízos. Ela relembra que foi assustador. “Tremeu tudo dentro de casa”. Além do muro recém finalizado ter sido derrubado, sua porta de vidro quebrou. Mas o pior, em sua visão, ainda foram os danos dentro de casa. “Estragou minha máquina de lavar e a geladeira também, isso porque sacudiu tudo dentro de casa. Foi com o impacto. Não é fácil, sabe? A gente construiu tudo e agora tem que começar algumas coisas do zero”, lamenta.
Clóvis Rodrigues, 37, também teve seu muro derrubado. Ele, por sua vez, busca realizar o conserto por conta própria, por receio de não obter retorno do caminhoneiro. “Gastei um monte para arrumar. Mas só a parte da frente por enquanto. Derrubou atrás também, mas eu não vou ter dinheiro para arrumar as duas partes”, pontua.
Os vizinhos estão em busca de respostas e prometem não deixar a situação cair em esquecimento. Anos de trabalho foram perdidos em questão de minutos. Com esperança da ajuda financeira do responsável, os moradores pedem por mais empatia, já que dois problemas ocorrem em paralelo: a pandemia de coronavírus e a enchente.