Hoje a montenegrina de coração completa 95 anos de idade com muita saúde e alegria
Com um bom-humor indiscutível e no alto da sua lucidez, a Irmã Maria Enilda Dambroz completa, nessa quinta-feira, 28, seus 95 anos de idade. Muito querida e lembrada por várias pessoas, a religiosa natural de Capinzal, em Santa Catarina, passou 32 anos em Montenegro, e considera a cidade das Artes um dos municípios do coração.
Irmã de São José de Chambery, Maria Enilda também completou no último mês de outubro seus 76 anos de vida religiosa. Atualmente residindo em Porto Alegre, a Irmã iniciou na vida cristã muito cedo, recebendo seu chamado quando tinha apenas quatro anos de idade. “Meu pai estava prestes a morrer e lembro que eu fiquei perto da cama dele e disse: ‘Pai tu me deixa ser freira?’, ele colocou a mão na minha cabeça e disse que quando eu ficasse grande eu iria ser freira”, conta a Ir. Maria Enilda. Logo depois do ocorrido perdeu seu pai, e a mãe recém-viúva ficou encarregada de cuidar de seus filhos sozinha.
Foi aos sete anos que a religiosa saiu de casa em busca de seu sonho, e ainda criança aos 11 anos chegou na cidade de Garibaldi. “Lá tinha muitas meninas que queriam ser freiras, e eu fiquei 8 anos esperando para ser freira. Quando eu tinha 17 anos eu recebi o hábito e depois, com 18, eu fiz o noviciado. No fim do mesmo ano eu fui morar na Creche Auxiliadora em Porto Alegre, lá tinha mais de 200 crianças pequeninhas de berço até 5 aninhos, me lembro muito bem”, explica. Com uma memória excepcional a idosa relembra hoje com exatidão das datas e locais por onde passou em toda a sua vida.
Da Creche Auxiliadora ela rumou para a Creche São Francisco, também em Porto Alegre. Depois ficou quatro anos no município de Antônio Prado, onde foi Professora do jardim de infância e da primeira série, e pode ensinar muitas crianças a ler e escrever. Logo depois chegou a Veranópolis, onde morou por 12 anos. “Lá morria muita gente com câncer, então eu pedi para um padre buscar uma foto do São Peregrino e fizemos uma entrada lá na Igreja e colocamos o Santo no quadro, e ele ficou no lado do Coração de Jesus e oramos. Depois disso, muita gente parou de ter câncer, porque nós rezávamos muito para ele, que é protetor daqueles que têm câncer”, diz ela.
Sempre com muita fé e devoção a Irmã então foi designada para Montenegro, e aqui chegou no início do ano de 1971. “Essa é uma cidade que conheço muito bem, crianças de todos tipos, e gente com dinheiro e sem dinheiro. Eu pedia dinheiro daqui e dali porque eu ia visitar os pobres e não tinha nada para dar e como me conheciam me davam dinheiro, então eu comprava bolacha, que precisava para doar”, fala.
Indagada sobre o seu apostolado na cidade, a Ir. Maria Enilda considera maravilhoso, e relata que sente muitas saudades do tempo que passou aqui. Durante 32 anos a freira percorreu os bairros ajudando ao próximo, e depois ainda passou pela cidade de Guaíba até chegar na capital, onde hoje reside.
As ações em Montenegro
Em Montenegro, foi a partir da iniciativa da Irmã Maria Enilda Dambroz que a tradição das capelinhas chegou ao município. A Irmã também ajudou na fundação do Grupo Ibiá, comunidade de apoio a alcoólatras mais antiga da cidade, e uma das mais antigas do Estado. Segundo a religiosa, foram muitas as atividades que realizou em Montenegro, desde ser catequista, até enterrar os mortos, cuidar das pessoas vivas, levar comunhão, e visitar os pobres. “Aquele morro eu subi tanto que agora eu não posso caminhar muito, fico me perguntando como eu fazia tanta coisa”, brinca.
Outra ação muito importante de Irmã Maria Enilda foi a ajuda na construção da Capela Nossa Senhora do Perpétuo Socorro no bairro Centenário. Empenhada, se esforçou para garantir um local em que a comunidade pudesse rezar.
O Natal das crianças realizado anualmente há mais de 35 anos no município também é de iniciativa da Irmã, que se orgulha em dizer que ajudou a milhares de jovens a ter um Natal digno e feliz. “Eu gostaria de ir em Montenegro visitar os amigos e amigas, e as crianças sobre tudo. Agora em outubro os meus amigos aí da cidade vieram, e já me contaram que estão juntando as coisas para dar para as crianças no Natal. Eles vieram me prestigiar nos 76 anos de vida religiosa, trouxeram bolo e nós comemos aqui junto com as irmãs. Fiquei muito feliz”, declara a senhora.
A Irmã, além de todas as suas atividades, ainda escreveu um livro sobre a história da sua família, se tornando a pesquisadora mais importante sobre os Dambroz. “A história vem desde o ano 476. Uma das curiosidades é que a família Dambros era o braço direito da Santa Joana d’Arc que morreu queimada”, conta. Segundo ela, seu avô chegou ao Brasil na segunda viagem da família, no ano de 1876, casou pela segunda vez e teve dois filhos chamados Giovanni e Domingos Dambroz.
Grata a todo o carinho que Montenegro teve consigo, a Irmã Maria Enilda ainda deixa um recado: “Um beijo e abraço do coração a todas as pessoas que me conhecem”.