Moradores da rua Balduíno Rambo estão preocupados com os riscos e reivindicam uma ação do poder público
O piso começou a afundar no pátio da casa onde mora a família de dona Izabel Machado. A residência é na rua Balduíno Rambo, abaixo do Morro São João, no bairro Bela Vista. Na última quarta-feira o marido dela, o autônomo Vanderlei Brito, sofreu escoriações quando caminhava pelo quintal e viu o chão desabar sobre os pés. “Ficamos assustados. Ele foi trabalhar mesmo com dor. Minha filha indignada postou fotos nas redes sociais”, conta Izabel.
Os problemas começaram em outubro do ano passado. Buracos se abriram no pátio da residência com água de esgoto que corre continuamente. Em dia de chuvas a água desce do morro com maior intensidade, escavando ainda mais o subsolo. Já são oito meses que a água infiltra no solo, o que provavelmente provocou os três buracos no pátio da família. A fina camada de cimento do piso estava oca por baixo e não resistiu a ação da água que escorre noite e dia. O muro da casa, lateral a uma via de acesso ao morro já apresenta rachaduras e os moradores não descartam a possibilidade de que a estrutura desabe para fora.
“Passa muita gente aí do lado; crianças, uma senhora deficiente. Não queremos que o pior aconteça”, aponta dona Izabel. Ela teme que a estrutura da casa seja comprometida se o esgoto continuar sem manutenção. “A gente já convive com o mau cheiro. A gente não quer arriscar a perder o investimento de uma vida toda de trabalho, tão difícil que é de adquirir as coisas”, pondera Izabel.
Na casa ao lado, o piso da varanda também dá sinais de que está ficando sem base. Rachaduras, já aparecem no local. A moradora se diz preocupada com o risco de desabamentos. “Tenho um filho pequeno que brinca no pátio. Se o muro da vizinha cair, o nosso vai junto”, aponta a moradora, Elisângela Barreto.
Solução depende da Prefeitura e da Corsan
Nesses últimos meses, as equipes da SMVSU já estiveram no local, mas não puderam efetivar qualquer tipo de manutenção. De acordo com o Secretário Ricardo Endres em um primeiro momento a Corsan alertou sobre os riscos de rompimento da rede que abastece as casas do morro, e por essa razão a troca da tubulação não foi realizada de imediato. “Obra complexa. Já estivemos lá para executar e a Corsan não deixou. Rede de água geral da Corsan passa ali. Obra deverá ser acompanhada por engenheiro da Corsan”, aponta o secretário Ricardo Endres.
Por outro lado, ele chama a atenção para os problemas que as construções irregulares podem gerar a municipalidade. “Contribuinte construiu em cima da rede de esgoto pluvial que desce do bairro Bela Vista. Já estivemos três vezes tentando resolver, mas a rede passa embaixo da construção. Vamos desviar a rede”, aponta Endres. O procedimento, que poderá ser realizado nos próximos dias, é delicado e oneroso: serão investidos cerca de R$ 10 mil reais e o bairro pode ficar até 48 horas sem abastecimento de água, segundo o secretário. “A população não pode construir sobre rede de esgoto pluvial. Podemos aplicar multas nesses casos. Problemas como esse podem ser evitados”, avalia Endres. O início da obra ainda depende de agendamento com a concessionária de abastecimento de água.
Segundo a dona de casa Izabel Machado, após solicitar a manutenção do esgoto em outubro de 2016, a informação que ela recebeu dos funcionários da SMVSU é de que os tubos do esgoto na rua haviam quebrado, o que teria ocasionado os vazamentos e infiltrações pelo muro e no pátio da casa onde mora há mais de 20 anos.