Indústria de filmes foca na nostalgia

O sucesso da campanha de divulgação de “Os Incríveis 2” – continuação a ser lançada 14 anos após o filme original – chama atenção para um novo comportamento da indústria cinematográfica: o retorno dos personagens queridos da infância do público adulto. Apoiados fortemente na nostalgia, filmes como Toy Story 1 e 2 (1995 e 1999), Monstros S.A (2001) e Procurando Nemo (2003), ganharam recentes continuações, respectivamente em 2010, 2013 e 2016. Todos, vários anos após os filmes originais e carregando para os cinemas muita gente grande para relembrar as histórias que amavam quando crianças. Juntas, essas três continuações arrecadaram quase três bilhões de dólares em todo o mundo. Toy Story 4 será lançado em 2019.

É neste mesmo princípio mercadológico que se baseiam os remakes de uma série de filmes antigos amados pelo público. O clássico desenho animado da Disney “A Bela e a Fera”, por exemplo, foi refilmado com atores reais 26 anos após seu surgimento. Lançado em março deste ano, arrecadou mais de um bilhão de dólares, seguindo o exemplo de lançamentos como “Cinderela”, “Mogli – O Menino Lobo”, “Malévola” e “Alice no País das Maravilhas”, todos adaptados de desenhos antigos. Nessa linha, ainda estão na lista para os próximos anos adaptações de “O Rei Leão”, “Dumbo”, “Mulan” e “Aladin”. O apelo é tão grande que os quatro já são dados pela Disney como sucessos certos.

Tamara aprova esse resgate aos clássicos, em especial ao novo filme de “Alice no País das Maravilhas”. Créditos: arquivo pessoal de Tamara Luciane

Quem aprova essa aposta das telonas é Tamara Luciane, de 32. A montenegrina afirma que esse resgate de clássicos e desenhos um pouco mais antigos faz com que as pessoas relembrem bons momentos, porém com um novo ponto de vista. “Acho bacana, pois no meu caso vêm lembranças da minha infância, um tempo diferente, em que olhávamos em VHS na casa dos amigos. Hoje a qualidade dos filmes é outra, mas este é o processo da evolução da era digital, acho mais interessante”, comenta.

De todas as animações lançadas nos últimos anos, a montenegrina tem sua preferida: “Alice no País da Maravilhas”. Uma das histórias mais conhecida, ganhou uma nova versão, que chamou a atenção de Tamara. “Trouxe mais para a atualidade os acontecimentos e ficou até mais adulto. Sem falar no elenco, na maquiagem e nos efeitos, que ficaram incríveis”, diz.

Frê é fã de Star Wars e gostou muito em ver que a saga ganhou sequência, mesmo após tantos anos. Créditos: arquivo pessoal de Frederico Müller

Frederico Augusto Müller, o Frê, de 47, também é um admirador dos longa-metragens que restauram antigas histórias nas telonas. Seu grande caso de amor é com a saga mundialmente conhecida e elogiada de Star Wars. “Tô achando bem legal porque é a continuação da saga e é bem fiel”, declara.

Aos nove anos, Frê estudava na antiga quarta série do Ensino Fundamental, quando descobriu e se interessou pela guerra nas estrelas. Na época, tinha até álbum de figurinhas dos astros. “E depois, com o episódio VI – O Retorno de Jedi, é que fui me interessar mais e rever os dois primeiros. Lembro de todo mundo comentando no colégio as cenas futurísticas e robôs. Daí, quando vi O Retorno de Jedi, eu já tinha uns 12 anos e comecei a me interessar mais”, conta.

Resgatando clássicos

Filmes como Mad Max, lançado em 1979, passaram a ser readaptados ou ganharam sequência nas telonas.

Todos esses lançamentos não são meras apostas da indústria cinematográfica. Comprovam uma nova tendência, que ganhou força em 2015. Nesse ano, “Star Wars: O Despertar da Força” reviveu os clássicos personagens da trilogia original, mas isso 32 anos após o lançamento de “Guerra nas Estrelas: O Retorno de Jedi”, em 1983. No mesmo ano, surgiu também “Jurassic World: O Mundo dos Dinossauros”, revivendo o sucesso de 1993 de “Jurassic Park: O Parque dos Dinossauros”.

E teve ainda “Mad Max: Estrada da Fúria”, que trouxe à tela o antigo e bem sucedido “Mad Max”, de 1979. Essa febre não deve ser debelada no curto prazo. Neste ano mesmo, as telonas receberam “T2 Trainspotting”, que dá sequência a “Trainspotting – Sem Limites”, apresentado em 1996, baseado na obra literária de Irvine Welsh. E tem estreia para o ano que vem: um novo “Jumanji”, que foi filmado pela primeira vez em 1995, entra em cartaz.

“Top Gun: Ases Indomáveis”, de 1986, e a franquia “O Exterminador do Futuro” também devem ressurgir com novas histórias.

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