Tribos estão na cidade há seis meses, mas sem ponto definitivo
Depois de vários meses, a dificuldade para achar um local para os índios Kaingangs morarem, em Montenegro, continua. Os que antes vinham sazonalmente para o Município, dessa vez, já estão há seis meses, e buscam uma alternativa para a falta de terra.
O grupo de 16 famílias veio de reservas de Carazinho e Redentora, no Norte do Estado, e está há um mês em um terreno do Estado, próximo ao Parque Centenário. Os índios ocupavam anteriormente área que é propriedade de uma rede de supermercados, nas margens da RSC-287, porém ocorreu um processo de reintegração de posse e eles fizeram a “mudança”.
Quem passa pelo espaço localizado perto também da escola A.J. Renner, pode observar várias cabanas já montadas com lonas e madeira. “A Prefeitura indicou para nós esse terreno que é do Estado, por isso a gente entrou. Nós que fizemos as cabanas e arrumamos tudo aqui”, diz o índio Fabeto Claudino, irmão do cacique.
Segundo ele, a situação melhorou nesse novo acampamento. “Está um pouco melhor aqui. Lá era muito barro, já aqui é gramado. Nós estamos gostando do lugar e estamos lutando por esse terreno, porque é do Estado, só que é demorado, não é de um dia para o outro”, diz Fabeto, ciente das dificuldades que virão.
Existe dificuldade em ajudar
Essa é a primeira vez, pelo menos nos últimos anos, que uma tribo indígena resolve se fixar em Montenegro. E a falta de experiência no assunto impossibilita uma ajuda mais completa por parte do Executivo Municipal. “Nós estamos até tendo uma dificuldade em lidar com isso, é uma coisa nova. Nós só vamos fazer o que a legislação permitir. Dizem que a gente tem que ajudar, mas ajudar até onde?”, fala o secretário de Habitação, Desenvolvimento Social e Cidadania de Montenegro, João Marcelino da Rosa.
De acordo com ele, foram três reuniões realizadas para tentar solucionar o caso, a primeira na Prefeitura, a segunda na SMHAD e a terceira na Câmara de Vereadores. Participaram representantes do Ministério Público Federal, Fundação Nacional do Índio (Funai), Secretaria de Justiça, Cidadania e Direitos Humanos, Secretária Especial de Saúde Indígena, profissionais da saúde e da educação e vereadores.
A Administração Municipal identificou e relatou para o Ministério Público áreas Estaduais para o assentamento dos índios em Montenegro, e por vontade própria eles escolheram o terreno em que se encontram atualmente.
“Inicialmente estávamos dispostos a ceder um terreno do Município, mas eles escolheram esse local, que é do Estado. O envolvimento do Executivo foi mostrar as áreas do Estado e posteriormente ajudar com um caminhão para levar as lonas para o local”, diz o secretário Marcelino.
Segundo ele, estiveram no acampamento também profissionais da Secretaria Municipal de Educação. “Foi constatado que muitas crianças não falam português, e para elas irem à escola precisam de um professor que fale a língua deles. Para isso eles precisam estar assentados oficialmente aqui”, diz Marcelino. A nova reunião com representantes do Estado ainda será definida.