Igreja Anglicana de Montenegro debate violência contra a mulher

Na noite dessa quarta-feira, 02, a Igreja Episcopal Anglicana de Montenegro recebeu o primeiro Painel sobre a superação da violência contra as mulheres. O evento foi promovido pela igreja, em parceria com o Conselho Municipal dos Direitos da Mulher (Comdim) e teve apoio do Café da Família Kettermenn.

A mediação do evento ficou por conta da presidente do Comdim, Carliane Pinheiro, a Kaká, que revelou que a Casa Abrigo Filhas de Maria, de apoio às mulheres vítimas de violência, já deve ser inaugurada em Montenegro no início do mês de junho. “Já estamos finalizando as adaptações necessárias”, disse. Kaká ainda fez questão de ressaltar o trabalho da rede de enfrentamento à violência. “A mulher precisa chegar em qualquer ponto da rede e ser bem acolhida e encaminhada. Hoje nós temos esse atendimento. Orientamos que seja feita a denúncia e, a partir disso, encaminhamos para os outros pontos da rede, como a psicóloga”.

Quem também fez uma fala durante o painel dessa quarta-feira foi a bispa Marinez Bassotto, da Diocese Anglicana da Amazônia, em Belém do Pará. Marinez, que foi a primeira mulher a ser eleita bispa da igreja Anglicana da América do Sul, convidou os presentes a refletir sobre o conceito de masculinidade. “Será que a masculinidade precisa estar ligada à violência?”, provocou. Ela ressaltou a importância de os espaços religiosos pautarem a violência contra a mulher. “A Igreja Anglicana já debate esse tema há alguns anos. Não pode ser um tabu nos templos religiosos. Espero que outras religiões também convidem a esse debate. Ele precisa estar na Católica, na Umbanda, nos Centros Espíritas, nos Templos Budistas e em todas as outras”.

A pastora ainda exemplificou sua fala com letras de músicas da cultura popular brasileira. Ela utilizou letras tradicionais de artistas como Noel Rosa e Elton Saldanha e falou da própria experiência. “Eu tinha um pendrive no carro com diversas músicas. Um dia escutei minhas filhas cantando e comecei a prestar atenção na letra e percebi que elas estavam reproduzindo algo que era muito violento”, diz, referindo-se à música Vá morar com o Diabo, interpretada por Cássia Eller.

A psicóloga Isadora Pilger e a formanda em psicologia Glenda Kusiak debateram sobre o ciclo da violência e falaram de experiências que tiveram no atendimento às mulheres vítimas de violência durante seus atendimentos. “O agressor não vai ser o tempo todo daquele jeito. Ele em algum momento vai tentar compensar aquele ato, porque ele não quer perder a família dele e o conforto”, afirmou Isadora. “Eu atendi mulheres de todas as idades e classes sociais. Era muito frequente elas dizer que, se eu conhecesse os companheiros delas, as chamaria de loucas”, disse Glenda. “Por quê? Porque elas tiveram uma vivência tão violenta, que acostumaram a pensar que são loucas”, afirmou.

A delegada Cleusa Spinatto também faria parte da mesa. Ela, no entanto, estavaenvolvida na operação que visa capturar os suspeitos do assassinato do policial Leandro de Oliveira Lopes, morto a tiro durante uma ação da polícia em Pareci Novo, na manhã de quarta-feira.

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