Exames preliminares realizados pela Fundação Osvaldo Cruz (Fiocruz) identificaram as bactérias responsáveis pela infecção que causou a morte de duas crianças do município de Santa Maria, no final do ano passado. Uma delas esteve internada no Hospital Montenegro na semana do Natal, quando veio visitar familiares e passou mal.
Os resultados dos exames laboratoriais apontaram os dois agentes bacterianos envolvidos no surto: Campylobacter jejuni e Escherichia coli O157. A investigação do surto continua em curso pois ainda não foi possível identificar a fonte de infecção. Amostras estão sendo analisadas pelo Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen-RS) e pelo Laboratório de Referência Nacional em Enterobactérias da Fiocruz. É a primeira vez que o Estado registra um surto desta natureza.
A criança, de 4 anos, morreu em Porto Alegre. Depois de passar mal em Montenegro e ser internada no HM, diante da gravidade do caso, foi transferida para o Hospital Conceição, na Capital, mas não resistiu e veio a falecer. Esta e a outra vítima, que morreu em Santa Maria, estudavam na mesma escola particular de educação infantil. Outras crianças da mesma escola também tiveram diarréia e passaram por tratamento e estão bem.
No total, foram identificados 41 casos e seis internações (incluindo as duas crianças). O último caso registrado teve início de sintomas em 8 de janeiro, e o surto será monitorado por 30 dias até que não se registrem casos novos. Novos casos suspeitos devem ser notificados imediatamente ao plantão do serviço de vigilância epidemiológica do município através dos telefones (55) 3921-7154 e (55) 99167-4185 ou ao Disque Vigilância 150 da SES/RS.
SINTOMAS
A infecção por Campylobacter em humanos pode manifestar-se de várias formas, sendo a gastroenterite a mais comum. Os sintomas são diarreia (profusa, aquosa e em alguns casos com sangue), vômito, náusea, dores abdominais e febre. Como complicações da doença, são citadas: endocardite, artrite séptica, meningite e Síndrome de Guillain-Barré. O período de incubação varia normalmente de dois a cinco dias.
Os casos de infecção são usualmente esporádicos, ocorrendo nos meses de verão e no início do outono, causados pela ingestão de alimentos cozidos e manipulados inapropriadamente, com maior incidência relacionada ao consumo de frangos.
MEDIDAS DE PREVENÇÃO
– Lavar bem as mãos com sabonete/sabão antes do preparo dos alimentos, sempre que interromper a atividade de preparo, e após;
– Lavar bem as mãos após uso do banheiro e troca de fraldas;
– Lavar frequentemente as mãos das crianças com sabonete/sabão, sobretudo após o uso do banheiro;
– Manter os alimentos refrigerados, abaixo de 5°C, ou aquecidos acima de 70°C;
– Consumir somente água potável/tratada;
– Consumir alimentos crus como vegetais folhosos, frutas e legumes, somente após a lavagem mecânica retirando todas as sujidades, seguida do uso de solução clorada;
– Consumir alimentos de origem animal (carnes, ovos, leite, mel etc.) somente com registro no órgão sanitário competente;
– Não consumir leite e seus derivados crus, não pasteurizados;
– Utilizar utensílios (tábuas, talheres e recipientes) diferentes para produtos crus e cozidos;
– Não ingerir carnes cruas ou mal cozidas (abaixo de 70°C);
– Manipuladores que apresentarem sintomas gastrointestinais não devem manusear alimentos.