“Hospital não é posto de saúde”, diz diretor do HM

Descaso. Carlos salienta que o governo municipal deveria ter um pronto atendimento para pacientes sem gravidade

O diretor administrativo do Hospital Montenegro (HM), Carlos Batista da Silveira, reuniu ontem a imprensa para prestar esclarecimentos à sociedade porque nos últimos dias, nas redes sociais, é crescente a reclamação de superlotação na sala de espera. Além disso, vereadores têm ido à instituição de saúde para pedir providências.

“Querem transferir tudo para o Hospital, não tem como”, diz Carlos

Silveira apresentou números que comprovam que a maior procura no hospital é de pacientes sem gravidade ou de menor urgência. Nos primeiros quatro meses deste ano, mais de 70% dos atendimentos foram classificados com fichas verde e azul, que indicam casos sem gravidade, e que, portanto, não têm prioridade. No Pronto Atendimento (PA), a espera desses pacientes pode levar até cinco horas. “Apenas na segunda-feira, dia 8, houve 105 atendimentos e 69 casos eram pra esse tipo de situação, sem gravidade. Hospital é para atender urgências e emergências. Se o cidadão não encontra estrutura na atenção básica, que é de responsabilidade do Município, onde ele procura ajuda? Onde as portas estão abertas”, frisou. Para ele, a falta de médicos em postos faz a população inchar o setor. “Se o Município quiser abrir um PA não tem problema. Pode levar os recursos do HM e que não chegam até nós”, desabafa o administrador.

O déficit anual ultrapassa os dois milhões e meio de reais com este tipo de serviço. O Pronto Atendimento não recebe repasses de janeiro a abril e o Samu também não recebeu de fevereiro a abril. “São 738 mil reais do Samu que estamos no aguardo. Tiramos de outro convênio 353 mil reais para pagar os funcionários do Samu, com o risco de receber apontamentos do Tribunal de Contas”, afirma Carlos.

Atendimentos regionais
Embora a maioria dos pacientes no Pronto Atendimento sejam moradores de Montenegro (eles representam 74% dos que procuraram o serviço entre janeiro e abril), é crescente a procura por moradores de Triunfo, São Sebastião do Caí de Capela de Santana. “Capela tem um convênio e nos ajuda com alguma quantia. Pelo que soubemos, o hospital de Triunfo fechou”, relata.

Com a chegada das temperaturas mais baixas, o hospital já recebe dezenas de crianças com problemas respiratórios. Em razão da previsão de um aumento ainda maior na procura, o HM tem planejamento para receber esses pacientes.

Mesmo enfatizando a preocupação com os casos emergenciais, o administrador pensa em melhorar a estrutura para acomodar os pacientes em salas distintas, conforme a complexidade de cada caso, para acabar com as aglomerações. “Precisamos melhorar a estrutura da emergência. Tá sempre lotada. Cada vez surgem mais pacientes e cada vez mais graves”, constata.

O Hospital Montenegro opera com três médicos de segunda a sexta-feira durante o dia e outros dois médicos à noite. No final de semana são três médicos para atender a comunidade. “Em abril contratamos dois ‘emergencistas’ do HPS da Capital para dar conta dos casos de urgência e emergência”, relata.

Em 2016, o HM atendeu a 54 mil pessoas no Pronto Atendimento e apenas nos quatro primeiros meses deste ano já foram assistidos 17 mil pacientes. Segundo Batista, a Secretaria Estadual de Sáude colocou as contas em dia com o HM, no último dia 28. “O que não dá é pra população vir aqui e fazer vídeo, cobrança de vereador, sem a prefeitura fazer a sua parte. Hospital é pra internação, cirurgia. Não adianta abrir postos de saúde se não há médicos. O hospital não tem como dar conta desse déficit”, finaliza.

O que diz a Administração Municipal
Através da assessoria de comunicação da Prefeitura, o secretário de Saúde interino, Luis Azeredo, prestou esclarecimentos. Quanto aos repasses, a Secretaria Municipal da Fazenda fez o pagamento de aproximadamente R$ 180 mil ao Samu referente aos atendimentos de janeiro. “A previsão é que durante esta semana seja feito mais um repasse de cerca de R$ 358 mil para o HM, referente aos serviços do PA”, afirma Azeredo.

Quanto à assistência média nos postos de saúde, a SMS contratou uma empresa terceirizada para contratação de médicos. A pasta irá aguardar o resultado do concurso público, que será realizado em junho, para contratação de novos médicos. O valor mensal de contratação com esta empresa é de R$ 150 mil.

Últimas Notícias

Destaques