Expectativa da instituição é habilitar o novo espaço já no início da próxima semana
O Hospital Montenegro 100% SUS está nas tratativas finais de contratação de pessoal e reorganização de espaço para disponibilizar seis novos leitos de UTI adulto para pacientes com Covid-19. Eles serão equipados com os seis respiradores enviados pelo Ministério da Saúde e repassados através do Estado na semana passada. Devem contar, ainda, com novos monitores de leito e bombas de infusão provenientes de doação da empresa JBS.
“Nós pegamos toda a área de AVC, que tem quatro leitos e mais a sala da frente, com dois, onde vamos ter esses seis leitos Covid”, explica o diretor executivo da casa de saúde, Carlos Batista. “O pessoal do AVC, nós deslocamos para uma outra área, um pouco menor.”
A expectativa é que os novos leitos sejam habilitados já no início da próxima semana, contando com o bom andamento das contratações de profissionais. “No momento em que se abre o leito, é preciso ter médico e técnico 24 horas por dia”, cita o diretor. Eles ainda demandam toda uma equipe multidisciplinar, que precisa estar disponível, composta por fonoaudiólogo, fisioterapeuta, psicólogo, assistente social, dentre outros.
Batista aponta que, além da equipe, com exames, medicamentos e demais despesas operacionais, cada leito custe cerca de R$ 1,6 mil por dia. O recurso será repassado pela União a partir da habilitação. Os repasses, de acordo com a secretaria estadual de Saúde, serão feitos por três meses.
Hoje, o Hospital Montenegro já conta com dez leitos de UTI para atendimento ao público em geral que, muito por causa das doenças relacionadas ao Inverno, vêm tendo altos índices de lotação. Desses dez, a direção já havia isolado quatro, onde vinha recebendo os pacientes com suspeita de coronavírus. Ainda assim, era considerada hospital de contingência, tratando os pacientes com necessidade de internação até a possibilidade de transferência para instituições de referência conforme a Central de Leitos do Estado.
Batista avalia que, com a nova habilitação, os pacientes possam ficar no Montenegro por todo o curso de tratamento. “Eles não vão precisar ir para Farroupilha ou para Porto Alegre. Nós vamos ter esses seis credenciados e os pacientes vão começar a ficar conosco”, coloca. Até o momento, apenas um caso grave foi tratado exclusivamente na instituição, por opção dos médicos. Ele ganhou alta após 18 dias de internação na última terça-feira.
LOTAÇÃO – Leitos preparados e com equipe pronta para atendê-los, o diretor executivo explica que basta informar a disponibilidade no sistema do Estado que, através da Central, já deve passar a também transferir pacientes para a instituição. “Já vai arrancar lotado”, prevê Batista, garantindo que o hospital está bem preparado, inclusive no quesito estoque de medicamentos, que vem sendo reforçado desde março. A separação dos leitos não descarta a possibilidade de pacientes Covid serem transferidos para algum dos outros dez leitos convencionais ou vice-versa.
“Eu espero, inclusive, que, depois, esses seis respiradores sejam cedidos ao hospital. Nós temos nossa Operação Inverno e, independentemente da Covid, muitas pessoas chegam aqui com doenças respiratórias”, coloca o dirigente. Ele revela que, em junho do ano passado, os dez leitos de UTI disponíveis chegaram a estar ocupados por duas semanas com pacientes usando ventilação mecânica. Na época, outros quatro na mesma situação tiveram que ser colocados na ala de AVC e dois na emergência. Tudo antes da demanda extra gerada pela pandemia.
Instituição não constava nos níveis iniciais do Plano de Contingência do Estado
Parte da Região Covid 8, que tem referência no Município de Canoas no sistema do Distanciamento Social Controlado, Montenegro está há três semanas na bandeira vermelha, obrigado a impor restrições fortes ao funcionamento do comércio não essencial. De acordo com o governo do Estado, é justamente a alta ocupação hospitalar da região o principal motivo para a categoria. Os novos leitos, com isso, podem vir a dar uma folga na rede de atendimento para permitir algumas flexibilizações.
Questionada pela reportagem, a secretaria estadual de Saúde (SES) informou que não havia reforçado antes o número de leitos do Hospital Montenegro por indisponibilidade dos equipamentos necessários. “Só agora o Estado recebeu respiradores. Não existia no mercado”, colocou a pasta, através de mensagem. A secretaria garantiu que já considerava os dez leitos existentes no HM como parte da capacidade hospitalar de enfrentamento a pandemia.
PLANO – No Plano de Contingência Hospitalar do Estado publicado em 25 de março, quando começaram os casos, a SES separou as ações em níveis, de acordo com a evolução na proporção de contaminados e de óbitos.
Cada um previa pontos estratégicos do Rio Grande do Sul para receberem reforço na rede hospitalar. Montenegro não chegou a ser listado em nenhum dos níveis iniciais.
A assessoria de comunicação da pasta não respondeu o porquê da instituição local não ter sido incluída nos primeiros passos do Plano de Contingência para ter recebido mais leitos; mas esclareceu que o Ministério da Saúde só ofereceu 30 leitos completos no início da pandemia. “O Estado distribuiu para Osório (10), Canoas (10) e Passo Fundo (10). Aí o Ministério atendeu outras regiões e não mandou mais leitos para o RS”, colocou o setor. A demanda foi, então, agravada pela falta de equipamentos.
No que se refere ao modelo de bandeiras do Distanciamento Controlado, a SES já havia esclarecido em contato anterior que não contabiliza pacientes transferidos de uma região para outra no cálculo do grupo que recebeu o paciente. Este, é contabilizado no grupo de seu município de residência.